Com a recusa das empresas de ônibus em negociar reajuste salarial para os trabalhadores, a categoria de rodoviários de cinco cidades está ameaçando entrar em greve. O Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) enviou nesta quarta-feira (01) ofício ao Ministério Público do Trabalho (MPT) informando a abertura oficial do dissídio da categoria para os municípios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Tanguá.
Segundo o sindicato, o próprio MPT havia fixado o dia de ontem (31 de agosto) como data limite para que as empresas se manifestassem sobre a reivindicação de reajuste de 8% e aumento de 10% no valor da cesta básica e no da ajuda de custo para a compra dos uniformes profissionais. Os percentuais integram o cálculo de reposição das perdas econômicas dos trabalhadores nos últimos dois anos, uma vez que a última convenção coletiva ocorreu em novembro de 2019.
O Sintronac informou que, nos próximos dias, será elaborado um calendário para os rodoviários apresentarem propostas sobre os próximos passos da mobilização da categoria. Eles consideram realizar manifestações na frente das empresas e até mesmo a greve, em caso de impasse nas negociações. As assembleias foram organizadas em escala para evitar aglomerações. Ainda em setembro, elas devem acontecer para que haja tempo para novas negociações até a data-base da categoria, em 1º de novembro.
Caso haja greve, irão parar 8,6 mil trabalhadores de 30 empresas dos cinco municípios, que operam 438 linhas municipais e intermunicipais, em uma frota de 3,5 mil ônibus, que transportam 36 milhões de passageiros por mês.
De acordo com o sindicato, a proposta da categoria permite o pagamento do percentual de reajuste salarial em quatro vezes (2% ao mês) para minimizar o impacto nas contas das empresas. Segundo o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira, essa concessão dos rodoviários viabiliza o aumento de 8%, somada ao fato de que as companhias cortaram, durante a pandemia, 30% do pessoal, algo em torno de 3,9 mil profissionais, e reduziram a frota em até 50%.
“Houve um drástico corte nos custos das empresas, que, inclusive, demitiram rodoviários mesmo participando do BEm (Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda), que foi criado exatamente para impedir que os trabalhadores fossem postos na rua, pois o Governo Federal complementa um percentual considerável dos salários. Ou seja, não há justificativa para o trabalhador pagar uma conta que não é dele. Fizemos nosso papel, agora é a vez das empresas”, avalia Rubens.
As negociações salariais entre rodoviários e empresários foram suspensas em 2020 como consequência da pandemia do coronavírus. Em assembleia realizada na sede do Sintronac, em Niterói, os trabalhadores entenderam que as companhias sofreram prejuízos significativos com as medidas de isolamento social e restrição das atividades econômicas e de lazer adotadas pelos governos na época. Por isso, precisavam de apoio para que não entrassem em falência.
No entanto, o diálogo seria retomado este ano, antes da data-base de 1º de novembro, na medida em que determinados setores da sociedade voltassem a funcionar, o que está ocorrendo, inclusive com as escolas.
“Mas o que recebemos foi um sonoro não e portas fechadas. De fato, a situação está se complicando”, conclui o dirigente sindical. O Portal Eu, Rio! entrou em contato com o superintendente do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj), Márcio Barbosa. Porém, até o momento, ele não se manifestou sobre a questão.