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Cláudio Castro quer se livrar do rótulo de bolsonarista para tentar reeleição

Chefe do Executivo estadual busca ter boa relação com os prefeitos dos 92 municípios fluminenses

Por Anderson Madeira em 14/09/2021 às 21:51:56

Cláudio Castro. Foto: Divulgação Governo do Rio

Tendo assumido como governador no lugar de Wilson Witzel – de quem era vice – após este ser afastado por impeachment, com apoio do presidente Jair Bolsonaro, Cláudio Castro (PL) quer agora se livrar do rótulo de bolsonarista. Visando a reeleição em 2022, o chefe do Executivo estadual busca ter boa relação com os prefeitos dos 92 municípios fluminenses, além da maioria dos deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), inclusive o seu presidente, André Ceciliano (PT), ligado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Com relação aos prefeitos, repassa recursos aos municípios e faz diversas obras. Aos deputados estaduais, atende demandas por verbas orçamentárias. Dialoga ainda com partidos. Criou e recriou secretarias para acomodar políticos do chamado “Centrão”, como o deputado federal Max Lemos (Secretaria de Infraestrutura), do PSDB, por exemplo. Ele quer ainda o apoio do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), que já sinalizou que vai lançar o atual presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, do mesmo partido.

A Paes oferece o fato de que não poderá disputar a reeleição em 2026, tendo sido reeleito em 2022. Assim, poderia assumir compromisso de apoiar o prefeito carioca na eleição para governador em 2026.

O cientista político e sociólogo da UFRJ Paulo Baia vê o governador como um político discreto e que não quer se indispor com ninguém, buscando apoios para governar e tentar a reeleição em 2022.

“Cláudio Castro, quando era vereador, sempre foi discreto e sempre conversou com todo mundo. Como vereador, suas ações foram de apoio a Eduardo Paes. Ao prefeito Marcelo Crivella, não tinha posições radicalmente contrárias. Em 2018, ele entra na chapa de Wilson Witzel, numa indicação interna, para neutralizar um pouco qualquer reação da Igreja Católica, já que ele é um católico conhecido. Essa é a marca de Cláudio Castro em 2018. Ninguém sabia quem era ele. Como vice-governador, ele foi discretíssimo até o processo de impeachment, na qual assumiu provisoriamente. Nesse processo, ele foi muito cauteloso também”, lembra.

“Cláudio Castro tem trabalhado pelo Regime de Recuperação Fiscal, numa parceria com o governo federal. Ele se alia não apenas a André Ceciliano, presidente da Alerj, mas à maioria dos deputados, mesmo os que lhe fazem oposição, da mesma maneira que circula com facilidade apoiando a quase totalidade dos 92 prefeitos. Faz isso de maneira concreta, repassando recursos do Estado para as prefeituras, para as áreas de influência dos deputados estaduais, inclusive de oposição. Ao mesmo tempo, apoiando Jair Bolsonaro, também de forma discreta. Ser discreto é a característica fundamental de Cláudio Castro. Ele nunca negou nem negará que apoia Jair Bolsonaro, da mesma maneira que você não enxerga em Cláudio Castro nenhuma atuação contra Lula, contra Ciro Gomes. Ele não tentará ser antibolsonarista ou tirar uma pecha de bolsonarista. A pecha de bolsonarista quem coloca são os demais candidatos, como o Marcelo Freixo, o Felipe Santa Cruz e Rodrigo Neves,”, observa o cientista político.

Cientista político vê surgir forte uma aliança Castro-Lula

“Já se enxerga com muita clareza um amplo apoio e uma chapa que poderá se chamar Castro-Lula, em vários municípios do estado do Rio de Janeiro, sobretudo na Baixada Fluminense e na Região Metropolitana, que concentram 75% dos votos. Curioso é que as chapas Cláudio Castro-Bolsonaro, Castro-Lula, Castro-Dória, Castro-Eduardo Leite, ele fará uma política na qual vários palanques vão acontecer em sua campanha. Me parece que Cláudio Castro quer marcar uma diferença com Marcelo Freixo no campo dos costumes e quer marcar uma diferença com Rodrigo Neves na questão da gestão. Como ele pega uma fase muito favorável no estado do Rio de Janeiro, com um orçamento bem montado, com recursos de arrecadação própria, junto com a venda da Cedae, que fortalece o caixa da prefeitura, tem essa política de Cláudio Castro apoiar as 92 prefeituras fluminenses. Eu creio que ele vá se manter assim. Não vai politizar a sua campanha”, explica.

O cientista político Geraldo Tadeu, do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), vê o chefe do Executivo com um político que busca o seu espaço.

“O governador Cláudio Castro está em busca de seu espaço na política do Rio de Janeiro. Até pouco tempo atrás, ele não almejava essa condição, de ser governador e buscar uma reeleição. As circunstâncias e o destino o colocaram nessa posição. Ele, por força de ser governador, precisou se aproximar do presidente Jair Bolsonaro, até a fim de prorrogar o Regime de Recuperação Fiscal. Ele tem um ativo bastante significativo com os recursos advindos da venda da Cedae, que vão gerar obras em vários municípios. Claro que ele vai capitalizar isso. Ao mesmo tempo, diante da radicalização do bolsonarismo, ele entendeu que um rótulo de bolsonarista não seria um bom negócio nesse momento. Ele faz um tipo de política mais centrista, mais tradicional, de distribuição de cargos, atribuição de obras e recursos para os municípios. Então, ele está buscando esse espaço político. As pesquisas disponíveis que correm no meio político mostram que de 48% a 51% dos eleitores, mesmo nas pesquisas induzidas, não escolheram seus candidatos ainda. Há uma grande incógnita para onde vão esses votos. Isso deixa a eleição do Rio de Janeiro bastante aberta neste momento”, analisa.

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