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Arlete Salles e Edwin Luisi retornam aos palcos em peça de Amir Haddad

Título da comédia ‘Ninguém Dirá Que é Tarde Demais’ foi inspirada na canção "O Último Romance", da banda Los Hermanos

Por Moura Júnior em 01/10/2021 às 14:39:21

Arlete Salles e Edwin Luisi em cena. Foto: Divulgação

No próximo dia 7 de outubro estreia o espetáculo "Ninguém dirá que é tarde demais", no Teatro Riachuelo, no Centros do Rio de Janeiro. A peça marca o retorno da atriz Arlete Salles aos palcos, após seis anos de afastamento. Desta vez, a atriz, que está prestes a completar 65 anos de carreira, volta à ribalta interpretando o texto do seu neto Pedro Medina, com quem também contracena na comédia. Além de Pedro, o projeto também conta com a participação de Alexandre Barbalho, filho de Arlete, e o amigo Edwin Luisi.


A direção é de Amir Haddad, outro grande parceiro da artista. Há 35 anos, os dois trabalharam juntos na peça ‘Felisberto e o Café’. Sobre o encontro, ela falou das expectativas e da felicidade que está sentindo.

“Estou navegando em sentimentos diversos e emoções fortes. Sinto muita felicidade e admiração em ver o meu neto se aproximando dessa profissão, crescendo de forma potente. Estamos aqui corajosamente, ainda na pandemia, ousadamente, com todos os protocolos sanitários, indo juntos para o palco. Não apresentaria meu neto como dramaturgo, se não tivesse confiança no talento dele”, contou Arlete.

Aos 84 anos, o premiado diretor Amir Haddad também exaltou a força e a importância do teatro brasileiro e mais um trabalho com a atriz.

“Gosto de fazer um teatro esclarecedor. O teatro tem a função de iluminar as pessoas. E digo para todos: ninguém dirá que é tarde demais para coisa alguma. Sempre é o momento de colocar em prática o desejo. Eu e Arlete somos amigos há anos. Fizemos um trabalho há 35 anos e nunca mais nos separamos. Pedro e Alexandre trabalharam muito comigo no Tá Na Rua”, destacou Haddad.


Inspiração musical

A comédia ‘Ninguém Dirá Que é Tarde Demais’ foi inspirada no título da canção "O Último Romance", da banda Los Hermanos. Na trama, o autor Pedro Medina conta a história de Luiza (Arlete Salles) e de Felipe (Edwin Luisi). Por causa da pandemia, Luiza recebe, em casa, o neto Márcio (Pedro Medina).

A história ainda conta com o conflito de Felipe que, por problemas financeiros, vai morar com o filho Mauro (Alexandre Barbalho). Luiza e Felipe são vizinhos de prédios diferentes, com paredes grudadas, e estão muito sensíveis às questões da Covid-19, às questões financeiras e aos problemas domésticos.

A partir daí, eles começam a implicar um com o outro sem saber a identidade de cada um. Até que um dia os dois, com máscara e álcool gel, vão rapidamente à rua, se encontram sem saber que são vizinhos.

Com muita leveza, humor e dando a dimensão da solidão desses dois septuagenários, a comédia ratifica que ninguém dirá que é tarde demais. Para o autor Pedro Medina, sob a perspectiva do humor, o enredo explora temos como o a amor e a tolerância.

“Ainda não elaboramos todas as perdas que a pandemia provocou, mas entender o que já passou e o que ainda estamos vivendo, através da perspectiva do humor, da tolerância e do amor é a proposta da minha comédia”, detalhou Pedro.


Ter fé e coragem no amor

Quem também celebrou o retorno aos palcos foi o ator Edwin Luisi.

“Apesar de 50 anos de carreira, nunca trabalhei com o Amir, nem o conhecia pessoalmente, mas sempre o admirei. Estou há dois anos sem fazer teatro, decidi participar deste espetáculo porque senti que estou fazendo parte da história de uma família. Achei que era um bom momento para recomeçar. O que me fez entrar nessa peça? A qualidade do texto; Amir Haddad, como diretor; e trabalhar com a família da Arlete. Estou contracenando com ela, o filho e o neto. Sou o intruso, rs. Mas fui lindamente acolhido”, contou Edwin.

Outro parente participa da peça enteado de Arlete, irmão de Alexandre e tio de Pedro, Lucio Mauro Filho assina a direção musical do espetáculo, junto com Máximo Cutrim.

“Fiquei feliz demais com meu sobrinho me dando emprego, rs, e me trazendo para esse lugar quente e amoroso, que é trabalhar em família. Pedro inseriu a pandemia na dramaturgia, como pano de fundo para o momento que estamos vivendo, foi um gol”, explicou Lucinho.

Completam a ficha criativa: José Dias no cenário, Aurélio de Simoni na luz e Carol Lobato nos figurinos. A figurinista adiantou que as roupas são leves e divertidas, como a direção do Amir.

“Como a peça se passa durante a pandemia, pensei num figurino único para cada ator. Afinal, mesmo com a passagem de tempo, durante o período de quarentena, todos os dias pareciam iguais”, afirmou Carol.

Já sobre a luz, segundo o iluminador Aurélio de Simoni, não haverá excessos de movimentos.

“Tenho o objetivo de sublinhar as interpretações dos atores, sem que a percepção do nosso público seja estimulada de forma excessiva. Gosto sempre de frisar que iluminar não é sinônimo de clarear”, destacou.

José Dias, que assina a cenografia, não poetiza as cenas.

“A palavra tem potência grande, permitindo ao público uma leitura objetiva com visual simples, funcional e teatral”, sugeriu Dias.

Em família

"Ninguém dirá que é tarde demais" reúne avó, neto, irmãos e amigos. Não à toa, para Medina, o espetáculo é uma grande oportunidade de encenar ao lado de Arlete.

“Eu queria muito a oportunidade de ter um trabalho no teatro com a minha avó, de ser colega de cena de Arlete Salles. Levei um texto para Rose, mas ela já tinha um outro projeto. Resolvemos juntar uma ideia com a outra e surgiu: Ninguém Dirá Que É Tarde Demais”, revelou Pedro.

Rose Dalney, que em parceria com os produtores Márcio Sam e Túlio Rivadávia, assina a realização reforçou que a ideia de Medina surgiu em um momento em que eles buscavam um projeto que abordasse o amor na terceira idade.

“Eu e meus produtores parceiros Marcio Sam e Túlio Rivadávia queríamos encenar um espetáculo que retratasse o amor na terceira idade. O Túlio, ouvindo a música "Último Romance" veio com a ideia de buscar uma história em cima da canção. Na mesma época, o Pedro me ligou dizendo que gostaria de fazer um espetáculo com a avó e o pai dele. Juntamos às vontades de Pedro trabalhar com a família, com a nossa de falar de amor na terceira idade.”, detalhou Rose.

Medina também não deixou de elogiar Arlete e seus parceiros de trabalho.

“Minha avó é uma colega de cena fantástica. Uma atriz que admiro muito. Tem sido muito bom estar com ela. E meu pai é aquela segurança. Sempre troquei com ele minhas questões relacionadas ao texto. Um privilégio no meio de uma pandemia conseguir fazer um projeto desse com minha avó e meu pai. Sou muito grato aos produtores pelo convite e estou muito feliz de poder mostrar meu trabalho como dramaturgo”, esclareceu.

Orgulhosa, Arlete não escondeu felicidade da reestreia.

“Acho normal que o filho queira seguir a carreira dos pais. Sabíamos que um dia aconteceria o encontro, mas não sabíamos quando nem como. Acabou que não partiu de mim esse movimento. Foi meu neto, com uma completude maravilhosa, porque ele não veio só ficar comigo no palco como ator, ele veio também como autor, com o texto. Vou interpretar o texto do meu neto”, concluiu a atriz.

O Teatro Riachuelo Rio fica na Rua do Passeio, N° 40, no Centro do Rio de Janeiro. O espetáculo fica em cartaz entre os dias 07 a 31 de outubro, de quinta a domingo. Os ingressos custam a partir de R$ 25 e podem ser comprados na plataforma Sympla (www.sympla.com.br).

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