No último debate da corrida presidencial, organizado pela TV Globo, nesta quinta-feira, Jair Bolsonaro e Fernando Haddad foram alvos dos adversários. O primeiro, atacado por sua ausência, foi chamado até de ameaça à democracia do país. Já o candidato do PT, que se vendeu como representante de Lula, foi atacado por seus adversários, que colocaram na conta do partido a atual crise econômica.
Jair Bolsonaro (PSL) não participou da sabatina seguindo orientação médica, mas deu entrevista exclusiva à TV Record, que transmitiu no mesmo horário do debate da TV Globo.
Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Henrique Meirelles (MDB), Alvaro Dias (Podemos) e Guilherme Boulos (PSOL) participaram do encontro, mediado pelo jornalista William Bonner.
Ciro Gomes e Marina tentaram dar uma esquentada no debate logo de cara. Eles disseram que Haddad ou Bolsonaro não teriam condições efetivas de governar, caso ganhassem a eleição. Ciro sugeriu até um novo impeachment.
Outro ponto que chamou a atenção foi o embate entre Alckmin e Haddad sobre a crise econômica que o país vive há quatro anos.
"O PT é responsável por essa crise". Acusou Alckmin.
"Quem estava no governo no pior momento era o PSDB", devolveu Haddad.
O candidato Ciro Gomes ressaltou que a população tem que votar em projetos, não em personalidades.
"O Brasil precisa de competência, experiência e propostas concretas", dirigindo-se a Michel Temer.
"Somos colegas, lhe respeito. Mas sua passagem pelo governo Temer não lhe honra", alfinetou.
A reforma trabalhista foi tema da pergunta de Guilherme Boulos (PSOL) a Geraldo Alckmin (PSDB).
"O Boulos, como o PT, defende o corporativismo. Reforma trabalhista foi muito importante. Brasil tinha 17 mil sindicatos, sendo mais de 5 mil patronais, um absurdo. Nenhum direito foi tirado. O que o Brasil precisa é voltar a crescer", destacou Alckmin, que criticou o excesso de estatais criadas pelo PT.
"Vou enxugar a máquina, privatizar, trazer investimentos privados e a confiança para o Brasil. A população quer emprego", disparou.
No segundo bloco, em dobradinha com Boulos, Haddad lembrou medidas divulgadas por Bolsonaro e seu vice durante a campanha, como as críticas ao 13º salário. O petista ressaltou que Bolsonaro "nunca fez nada" em 28 anos como deputado.
Boulos reforçou o discurso de Haddad, destacando que a campanha está marcada pelo ódio e repudiou a ditadura.
"Tem mãe que não conseguiu enterrar o filho até hoje. Fazem 30 anos, mas acho que nunca estivemos tão perto daquele momento. Se hoje podemos votar é porque teve gente que deu a vida para isso. Quando nasci, o Brasil estava numa ditadura. Não quero que minhas filhas cresçam no país assim. Precisamos dizer ditadura nunca mais."
Haddad completou o "raciocínio", destacando "os riscos que estamos correndo", e lembrou os programas sociais do PT.
"Se foi possível fazer o jovem trabalhador de classe pobre, filho do pedreiro, entrar na universidade, foi graças a democracia."
Dirigindo-se a Haddad, Alvaro Dias foi ácido, dizendo que faria uma pergunta por escrito a ser entregue ao "verdadeiro candidato do PT", sem citar o nome de Lula. Mais crítico, ressaltou que o governo PT roubou dinheiro público, lembrando o acordo de R$20 bilhões com a Petrobras para evitar o prosseguimento de uma ação judicial nos EUA.
Haddad devolveu, afirmando que "pela primeira vez" o pobre foi incluído no orçamento.
"A Petrobras foi assaltada. Vocês são uma brincadeira governando. Quando você fala do seu desempenho na educação, parece que era a Dinamarca", alfinetou.
Haddad afirmou que o PT aumentou em 10 vezes os investimentos na Petrobras, e garantiu que vai impedir que vendam a estatal aos americanos.
Logo no início do terceiro bloco, Marina chamou a atenção ao dizer que "Bolsonaro amarelou" ao não participar do debate. Em seguida, perguntou a Haddad se faria uma auto crítica sobre os erros dos governos anteriores.
"Estou em campanha há 22 dias, situação completamente anormal. O líder das pesquisas, que poderia ganhar no 1º turno, não pôde participar por causa de uma decisão arbitrária. Foi condenado sem provas", disse Haddad.
No quarto bloco, o tema foi Reforma da Previdência. Ciro chamou a reforma de Temer de "aberração",
"É injusto. O trabalhador rural não pode ter a mesma idade mínima, na proposta, que um intelectual da praia de Fortaleza ou do Leblon. O policial não pode ficar 49 anos correndo atrás de bandido para se aposentar. O Bolsonaro pensa igual. Ele tinha que responder isso, mas infelizmente fugiu do debate", disparou.
Na pergunta sobre impostos, Marina lembrou de Bolsonaro.
"O Bolsonaro propôs a criação de uma alíquota de 20% no Imposto de Renda. O trabalhador e a classe média já pagam impostos demais. Aliás, quem quer aumentar imposto para mais pobre é o Bolsonaro. O governo é um Robin Hood ao contrário: tira dos mais pobres para dar aos mais ricos. Banqueiro não paga imposto, super empresario paga pouco."
Para fechar o debate, Alvaro Dias perguntou a Haddad sobre corrupção.
" Polícia Federal nunca recebeu tanto apoio quanto no nosso governo. Em oito anos de FHC, foram 40 operações especiais. Nos 12 anos de PT, foram 2.100 operações especiais. Porque demos liberdade para investigar, apoio à inteligência, contratação de pessoal e autonomia para PF. Sempre escolhemos o mais preparado para ser o Procurador Geral da República, que antes era o Engavetador Geral (época FHC). O errado é partidarizar. Deixar promotor e juiz incidir no processo eleitoral para ajudar amigos e prejudicar inimigos.
Alvaro Dias destacou que as provas contra Lula são "cabais, definitivas, materiais e testemunhais".