O trabalho é uma atividade que pode ocupar grande parcela do tempo de cada indivíduo e do seu convívio em sociedade. E nem sempre possibilita a realização profissional. Pode, ao contrário, causar problemas desde a insatisfação até a exaustão.
A Síndrome de Burnout é um termo psicológico que descreve o estado de exaustão prolongada junto a diminuição de interesse, especialmente, em relação ao trabalho. Outros estudiosos defendem que Burnout refere-se, exclusivamente, como um caso de depressão clínica relacionada à fadiga extrema.
Uma pesquisa feita por uma psicóloga na região Centro-Oeste do Brasil aponta que 15,7% dos mais de oito mil professores da educação básica da rede pública apresentam a síndrome de Burnout - reflete intenso sofrimento causado por estresse laboral crônico. O estudo revela a vulnerabilidade do docente à síndrome, porque o excesso de exigências autoimpostas, associadas a condições precárias dos ambientes de educação, bem como à falta de retribuição afetiva, expõem professores a um desgaste permanente. A tensão gerada entre o desejo de realizar um trabalho idealizado e a impossibilidade de concretizá-lo, acaba por levar o profissional a um estado de desistência simbólica do ofício.
29,8% dos professores pesquisados apresentaram exaustão emocional em nível considerado crítico. Quanto a baixa realização profissional, a incidência foi de 31,2%, enquanto 14% evidenciaram altos níveis de despersonalização.
Segundo a pesquisadora, os problemas surgem à medida que esses objetivos não se concretizam. “É como aquela professora que pensa em contribuir para mudar a vida dos estudantes. Se enquadra também nesse perfil, o professor que espera dos alunos um ótimo aprendizado do conteúdo dado em sala de aula”, explica a psicóloga.
Estudos mostram que o desequilíbrio na saúde do profissional pode gerar licenças por auxílio-doença e a necessidade, por parte da organização, de reposição de funcionários, transferências, novas contratações, novo treinamento, entre outras despesas. A qualidade dos serviços prestados e o nível de produção fatalmente são afetados, como também a lucratividade.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o transtorno de pânico afeta de 2% a 4% da população. E em 2020, a ansiedade se tornará a segunda maior incapacitação. Os fatores envolvidos são os sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais, os quais influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco. A OMS define os determinantes sociais de saúde (DSS) como as condições em que as pessoas vivem e trabalham.
Caroline Carvalho, jornalista, 33 anos, está há uma semana fazendo tratamento com medicamento tarja preta, porque demorou a procurar ajuda.
“Fui demitida em junho de 2014. Trabalhava como analista de comunicação numa empresa privada e depois da demissão fiquei num estado pessimista. Era uma ansiedade e uma angústia muito grande. Sentia um nó no peito que cheguei a ter pensamentos negativos. Agora que estou tomando remédio, o meu marido disse que estou outra pessoa. A minha ansiedade gerava insônia e agora estou dormindo muito bem. Acordo mais disposta, mais leve e a dose que tomo não é nem alta. Vou marcar a terapia na semana que vem, porque é o complemento do meu tratamento. Como diz o meu médico: 'um não funciona sem o outro", diz Caroline.