Mais 13 Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) vão ser extintas até o fim do ano. O anúncio foi feito, nesta quarta-feira (10), pela Secretaria Estadual de Segurança Pública do Estado do Rio. As unidades serão transformadas em companhias destacadas da Polícia Militar, sob o comando dos batalhões da região.
A UPP do Batan e Vila Kennedy, ambas na zona oeste do Rio, já foram extintas em maio deste ano. Confrontos e tiroteios voltaram a ser frequentes na rotina dos moradores da comunidade.
Quatro Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) já foram transformadas em companhias destacadas, como a UPP da Mangueirinha, Vila Kennedy, Cidade de Deus e Camarista Méier. Segundo o governo, a extinção das UPPs é uma das políticas anunciadas no início do ano com a intervenção federal no Rio, e que tem como objetivo remanejar policiais militares para o patrulhamento em outros pontos do Estado.
Além de toda a violência que o Estado já enfrenta, a extinção de UPPs nas comunidades do Rio vem provocando ainda mais insegurança aos cariocas.
Para o especialista em segurança pública e ex-capitão do BOPE, Paulo Storani, a extinção é uma prova de que o sistema de UPPs vem perdendo o seu propósito de política de proximidade com os moradores das áreas de conflito.
"A política de proximidade já não está produzindo o efeito desejado. A relação de confiança com o morador não se fortaleceu. Não se deixaram de vender drogas, mas os pontos de venda durante muito tempo se conseguiu evitar" afirma o especialista.
Ele aponta falhas como a falta de políticas públicas voltadas para os moradores. "O governo anterior priorizou apenas a UPP e entende que segurança pública se trabalha apenas com a distribuição de efetivo de policiais, como modelo de contenção sempre a curto prazo. O projeto ficou limitado a uma primeira fase. Não podemos achar que a polícia vai resolver tudo. É preciso atender as necessidades da população" destacou Paulo Storani.
Jovens cada vez mais atraídos pelo tráfico
Uma pesquisa realizada pela ONG Observatório de Favelas , no Complexo da Maré, divulgada neste ano traçou o perfil dos jovens que são atraídos pelo crime antes e depois da implantação das UPPs. E foi constatado a entrada precoce de crianças de 10 anos de idade para o mundo do tráfico de drogas.
"É comum já vermos crianças com 10 anos abandonando a escola para trabalhar para o tráfico de drogas. Não se resolve esses problemas com contenção. Não se pode dizer que o futuro das UPPs é incerto, mas o próximo governo terá que avaliar o que está certo e errado" finaliza Storani.