Publicação reconhece e valoriza 22 artistas independentes da América Latina

A Casa de las Estrategias, de Medellín, na Colômbia, é um centro de estudos para transformar dados em informações, para tomada de decisões e para conhecimento, para fortalecer organizações e transformar cidades na América Latina, guiados por uma ética cívica, democrática, investigativa e pelo impacto social, através de diversos mecanismos, entre eles a arte.

A instituição convidou artistas a expor seus pensamentos e apresentar sua arte multifacetada no projeto da publicação do livro "Lo Que Les Dio La Gana". O livro é um compêndio heterogêneo de artistas, em idades, sexos, artes, técnicas e estilos. A obra possui 22 artistas da América Latina, 11 homens e 11 mulheres, em diversas formas artísticas, como cinema, documentário, teatro, circo, fotografia, vídeo, performance, coleção, plástico, taxidermia, têxteis, pintura, programação, grafite, romance, poesia, música orquestral, bambuco, rap, metal e samba.

Um dos artistas convidados foi Wesley Nóog. Ele expôs seus pensamentos e apresentou sua arte multifacetada na publicação. Em sua trajetória artística e desde a sua formação, Nóog foi inquieto e extremamente produtivo, não se acomodando com as circunstâncias impostas pela sociedade repleta de desigualdades, mas agindo e reagindo na promoção de sua arte.

“As expressões artísticas têm poder político por conta própria. Não precisam do caminho do partido para provocar as transformações necessárias. A arte por si só já é transformadora, já é revolucionária”, diz Nóog.

Em sua entrevista para o livro, Nóog destaca sua trajetória de vida e profissional e seu engajamento em movimentos sociais, em um contexto geopolítico e social, sempre inspirado pela sua arte. Ele tem um grupo de amigos artistas que está discutindo um novo modelo político da arte, uma terceira via, porque - segundo ele - “as propostas políticas e ideológicas de esquerda e direita não resolveram”. O artista diz que o discurso político vai para um lado e a prática para o outro e os governos não valorizam a transformação e a mudança. "Se o fizessem, teriam alcançado transformações positivas e assim, a cada ano, não aumentariam os problemas sociais", acredita.

O livro tem um precedente na América Latina, imaginado por artistas, com 55 entrevistas em San Salvador, Havana, Rio de Janeiro, Caracas, Cúcuta e Medellín perseguindo o olhar dessas pessoas e o momento de suas sociedades e seus movimentos.

Esses 22 artistas, 11 homens e 11 mulheres, foram rastreados por suas trajetórias em um ano difícil. Em alguns contextos parece uma ótima temporada em sociedades em mudança ou intenso debate. O resultado foi reunido em entrevistas que deram lugar a conversas muito diferentes. Em todos os casos liberadas para interesses e pesquisas de cada artista.

Pode-se concluir que grande parte dos artistas nega sua participação em um movimento social e eles não se veem como ativistas, mas quase todo mundo assume uma posição política ou impacto político. Isso reafirma a tese exploratória do livro: toda mudança cultural tem em seu centro a arte pulsante e todo o movimento social é guiado - consciente ou inconscientemente - por uma poética e um simbolismo que os artistas contribuem.

Para dar significado e propósito a este obra, buscou-se a habilidade que essas conversas e histórias de artistas têm em reafirmar o desejo de alguém de fazer arte, de gerar uma estratégia da vida para insistir na criação, em uma beleza que às vezes coleta horrores. O artista é único e deixa um trabalho, mas todas as pessoas podem ter arte em suas vidas, não necessariamente de forma passiva. Pode-se encontrar uma identificação com algum artista deste livro na causa, urgência ou ardor para dizer algo de todas as maneiras, para criar com a linguagem encontrada; os ardores, urgências ou causas de criação fazem os artistas semelhantes a qualquer pessoa e podem ser passagens, palcos, buscas cuidadosas, pequenas cenas ou momentos intensos e fugazes.

Outra contribuição que a publicação proporciona é encontrar um leitor com uma obra, anunciá-la e provocá-la, simplesmente gerando a chance de olhar de ângulos diferentes ou explorar interesses diferentes que motivam uma investigação.

Sobre Wesley Nóog

Na época do lançamento do seu sexto álbum, Reinício (2017), produzido por Celso Rangel, que foi produtor de Tim Maia por mais de 15 anos, o álbum de Wesley Nóog alcançou notoriedade a ponto de ser indicado ao Grammy Latino. Porém, desde o álbum Mameluco Afro Brasileiro (2008), quando causou grande movimentação no cenário musical, alcançando mais de 1 milhão de downloads, o artista já vem se destacando, fortalecendo e fincando raízes da sua carreira de mais de 20 anos.

Livro: Lo que les dio la gana / O que eles querem

© 2021, Pesquisas e textos:

Camila Uribe e Lukas Jaramillo, Casa de las Estratégias

© 2021, Ilustrações:

Santiago Rodas

Primeira edição:

Maio de 2021

ISBN 978-958-57743-3-9

Baixe o livro “Lo Que Les Dio La Gana” AQUI: