Moradores de Saracuruna, bairro de Duque de Caxias, com aproximadamente 60 mil habitantes, não aguentam mais chegar atrasados no trabalho, no Rio de Janeiro, por causa da baldeação na estação de trem de Gramacho, na mesma cidade, o que faz a viagem até a Central do Brasil demorar até uma hora e quarenta minutos, em vagões lotados. Por isso, eles programaram um ato na Estação de Saracuruna na próxima terça-feira (30), às 6 horas, onde lançarão o abaixo-assinado “Chega de Baldeação”.
Os usuários reivindicam o retorno do ramal Vila Inhomirim, em Saracuruna, que foi suspenso em novembro de 2020 pela Supervia, concessionária responsável pelo transporte ferroviário na Região Metropolitana do Rio.
“O trem levou uma hora e quarenta minutos para chegar na Central do Brasil”, reclamou uma usuária que preferiu não se identificar. “Não basta ter que trocar de trem, ainda nos fazem subir e descer escadas, sem qualquer acessibilidade”, protestou a passageira. Nesta quarta-feira (24), houve atrasos nas viagens devido ao furto de cabos próximo à Estação de Saracuruna, conforme explicou a Supervia.
Nos últimos meses, os trens têm saído lotados devido ao problema. “Peguei meia horas antes para chegar mais cedo no trabalho, mas de nada adiantou. Ainda fugi de um assalto no ponto onde pego para ir à estação. Todo dia chego atrasada no serviço!”, reclamou outra usuária que também não quis se identificar.
“A baldeação é para ferrar a vida de quem banca o sistema. Fiquei 15 minutos esperando o trem. Já está na hora de colocar fogo nos trens. Não tem mais conversa!”, protestou outro usuário que pediu anonimato. “Hoje e ontem foi um sufoco para chegar na Central. Eles alegam que roubaram os cabos. Será? Hoje foi pior do que ontem: trens superlotados, apesar de eu ter saído mais cedo de casa. Espero que esta situação melhore brevemente, pois quando os trens estão funcionando em seus horários é uma maravilha. O governo deveria investir mais na malha ferroviária, pois é o meio de transporte mais eficaz para os trabalhadores”, acrescentou.
Outra reclamação dos usuários é em relação ao banheiro da Estação Saracuruna, que foi fechado, para revolta de quem chega ou passa pelo local. “A Supervia, que hoje é controlada pela Mitsui, um dos maiores grupos econômicos do mundo, fechou o banheiro alegando falta de condições financeiras, que é o que a empresa diz em seu twitter”, contou o usuário.
Procurada, a Supervia divulgou a seguinte nota oficial:
"A baldeação implementada no ramal Saracuruna em dias úteis, desde 2015, teve como objetivo principal reduzir os intervalos no ramal e garantir viagens mais rápidas aos passageiros. No trecho Gramacho – Central do Brasil, cujas estações somam a maior parte dos clientes atendidos, os trens passaram a operar com intervalos menores nos horários de pico. Já no trecho Saracuruna – Gramacho a operação é realizada em apenas uma linha, o que inviabiliza essa redução do intervalo praticado. Vale reforçar que essa alteração proporcionou outros benefícios como a operação por intervalos e não mais por horários, e a oferta de 100% das viagens entre Gramacho e Saracuruna em trens com ar-condicionado.
A concessionária tem estudado novos procedimentos para reduzir cada vez mais o tempo de espera pelas composições e realizar viagens mais rápidas, sempre tendo a segurança como valor inegociável e mantendo o objetivo de melhorar a experiência dos clientes. No entanto, o tempo de percurso atual está sendo influenciado por uma série de fatores externos relacionados à segurança pública. Desde o início de 2021, a SuperVia tem sofrido com a escalada dos furtos de cabos no sistema. De janeiro a 15 de novembro de 2021, houve 686 ocorrências de furtos de cabos, que somam 29.183 metros do material levados por criminosos. O quantitativo já é mais que o triplo do total que foi substituído pela SuperVia em 2020 após a ação de criminosos, quando houve 355 casos e 7.474 metros de cabos furtados. Quando este tipo de crime ocorre, a sinalização automática fica inoperante e os maquinistas precisam aguardar ordem de circulação via rádio. Por medida de segurança, a concessionária precisa aumentar a distância entre os trens e, consequentemente, os intervalos.
Vila Inhomirim
Em relação à extensão Vila Inhomirim, é importante esclarecer que a interrupção é parcial. A circulação na extensão Vila Inhomirim está sendo realizada, temporariamente, entre as estações Saracuruna e Piabetá devido à necessidade de reparos estruturais na estrutura da ponte sobre o rio Ribeirão das Moças. Por isso, não há circulação de trens apenas nas estações Fragoso e Vila Inhomirim. Engenheiros da SuperVia estão realizando os estudos necessários no local antes da contratação de uma empresa terceirizada que fará as obras. Cabe acrescentar que as estações Fragoso e Vila Inhomirim recebem, em média, 90 passageiros por dia.
Os clientes estão sendo informados por meio de cartazes, sistema de áudio das estações e canais digitais da SuperVia, bem como estão sendo orientados a utilizarem o transporte rodoviário. A concessionária informou a Agetransp e o poder concedente sobre a alteração, e solicitou apoio para que os órgãos responsáveis se alinhem para o atendimento aos clientes com transporte rodoviário. A SuperVia ressalta que a interrupção parcial foi uma medida necessária para garantir a integridade de todos.
Banheiro
Sobre o banheiro da estação Saracuruna, ele foi fechado devido à recorrência de casos de vandalismo. Entre as ações estavam a quebra e furto de peças hidráulicas que, além de exigir a reposição, provocava vazamento de água no local, inutilizando o espaço".
Assista, no vídeo abaixo, à movimentação de passageiros na estação de trem de Gramacho.