Pensar em estrear uma produção em televisão já foi considerado algo elitista nas décadas de 80, 90 e até meados dos 2000. Mas desde então, com o advento, e crescimento, de inúmeras tecnologias ligadas ao audiovisual, torna-se cada vez mais comum produções independentes ganharem espaço. Além delas, projetos do setor também estão se mostrando mais acessíveis ao telespectador. Este é o caso da série "Futuro em Movimento", levada ao ar nesta quarta-feira pelo Canal Futura.
A produção foi elaborada por alunos da ONG Cinema Nosso, uma instituição sociocultural, com sede no Rio de Janeiro, que trabalha há 20 anos com juventudes, educação e audiovisual. Foi fundado em 2000 por sete jovens de origem popular que enxergaram, na época, uma ausência de identidade no mercado audiovisual a partir do filme Cidade de Deus.
"Futuro em Movimento" é uma série de 26 episódios com duração entre 10 a 15 minutos por capítulo. A produção conta histórias de projetos culturais e ambientais através de personagens protagonistas ou beneficiados. O primeiro episódio aborda o projeto Uça, que ajuda na preservação do caranguejo da espécie bandeira, na atuação em pesquisa científica e na educação ambiental.
“Os manguezais são o segundo ecossistema mais produtivo do planeta. São berçários da vida. De 50% a 70% de todas as espécies comerciais dependem do mangue em algum estágio da vida, seja na fase larval, na fase juvenil ou na fase adulta para sobreviver. Além de protegerem a linha de costa contra intempéries e serem esse ninho de diversidade, uma árvore de mangue sequestra cinco vezes mais carbono do que uma árvore de floresta continental e os manguezais ocupam apenas 0,7% de todas as florestas do planeta”, comenta Pedro Belga, fundador da Guardiões do Mar e coordenador do Uça.
O Cinema Nosso também é um dos projetos que aparecem na série retratando seus 20 anos de trabalho com juventudes, educação e audiovisual. A instituição sociocultural com sede na Lapa, no Rio de Janeiro, já impactou mais de 10 mil jovens periféricos dando a eles bagagem para sonhar e entrar no mercado tecnológico.
“Essa liberdade da construção do ensino-aprendizado a partir do lúdico e que a gente tem, enquanto projeto social parceiro da Escola, faz construirmos aos poucos competência para termos profissionais das áreas do audiovisual e da tecnologia mais interessantes e mais críticos sobre o mundo e com boas histórias para contar”, diz Mércia Britto, diretora do Cinema Nosso.
O Futuro em Movimento é uma conquista dupla para o Cinema Nosso, por ter uma equipe integrada por alunos que já passaram pela instituição e por ser a primeira série exibida na tv aberta. A produção é uma ação do projeto Cinema Nosso - Arte, Educação e Tecnologia, com o patrocínio da Petrobras, e será exibida toda quarta-feira, às 20h35, no canal Futura, com horários alternativos, na quinta- feira, às 11h30, e sábado, às 9h30.