Quando o assunto se trata de comida, o brasileiro adora frequentar diversos tipos de lugares. Não importa se são restaurantes temáticos (muitos deles com o preço bem caro), se são lanchonetes populares ou até os tradicionais "podrões". Quando o assunto é comer bem, opções não faltam. E o ano de 2021 mostrou que o setor culinário soube se recuperar dos prejuízos causados pela pandemia.
Segundo pesquisa da Associação Nacional de Restaurantes (ANR), 53% dos restaurantes afirmam que vão fechar 2021 com situação melhor se comparado com o que o setor teve em 2020. O estudo foi divulgado no início desta semana pela associação. A pesquisa foi realizada entre os dias 1º e 28 de novembro com 560 empresas de todo o país, que representam 15.512 lojas. E os profissionais da área que atuam no Rio, corroboram este percentual.
Tássia Lima, sócia da Pizzaria Elephant, localizada na Taquara, em Jacarepaguá, e em Campo Grande, ambos os bairros na Zona Oeste do Rio, explica que no caso da loja em si, o prejuízo não foi tão grande na pandemia pelo fato deles já atuarem com o foco em entregas desde antes da chegada da covid-19. Mesmo assim, a dona do local afirma que a reabertura do comércio não afastou a clientela. Ao contrário, a procura aumentou.
"A pandemia começou em março de 2020 e por causa dela as vendas aumentaram muito para quem tem foco no sistema Delivery, como é o nosso caso, é se mantiveram bem ao longo do ano inteiro de 2021. Faltam alguns dias para terminar o ano, mas acredito que vamos fechar 2021 com aumento de aproximadamente 20% nas vendas, comparando com 2020", comemorou a empresária, revelando que na unidade de Campo Grande chegou a vender mais de 45 mil pizzas no segundo semestre de 2021.
Locais apostam na virada do ano para aumento das vendas
Com a proibição de shows e música nos locais onde vai ocorrer a queima de fogos, o comércio espera uma redução do movimento entre clientes, certo? Errado. Há restaurantes que estão justamente promovendo apresentações particulares como aposta no aumento de vendas. Esse é o caso do restaurante e boutique de carnes Seleto 106, localizado na Barra da Tijuca, também na Zona Oeste.
Assim como fez no ano passado, a festa contará com buffet de quentes e frios, além de bebidas liberadas a noite toda, com início a partir das 19 horas. Dentre os destaques do cardápio, entradas como o tradicional bolinho de costela da casa, espetinho de queijo coalho, pastel de camarão, buffalo wings, e pratos como bacalhau Seleto, salada Seleto, frutas e sobremesas. No Open Bar, cerveja, chopp Heineken, sucos, água e refrigerantes à vontade, além de espumante para brindar a virada do ano.
Já outros restaurantes, como o restaurante Maguje, localizado no Jardim Botânico, na Zona Sul, optaram por realizar um um open bar com open food e música ao vivo pela primeira vez. No menu – que terá serviço volante - Terrine de salmão com guacamole e nachos; Steak Tartare; Pastel de queijo com chutney de goiaba; Roast beef; Pastel de camarão; Croquete de carne com aioli; Bolinho de bacalhau e Pizza.
O espaço contará também com um buffet com pães variados; Pastinhas; Caponata siciliana; Tapenade; Queijo de cabra com limão siciliano; Atum com azeite de ervas; Homus tarrine; Frutas; além de Saladas como Bacalhau com grão de bico; Atum com feijão branco, ameixa ,cenoura e tomate; Legume sauté na manteiga de garrafa; Mix de folhas do campo, parma defumado, rúcula, damasco e figo; Caesar com croutons e molho gorgonzola e Carpaccio de salmão. Ainda no cardápio, espetinhos de carne e frango e uma mesa de queijos e pães, incluindo: Grana Padano; Bola; Gorgonzola; Cammenbert; Salaminho; Provolone e Copa. Para sobremesa, Rabanada; Frutas com foundue de chocolate; Picolé e Bolo Chocolate.
E se engana quem pensa que a virada do ano acontece apenas em restaurantes considerados de elite das zonas Sul e Oeste. A Rocinha também faz terá um evento do tipo pela primeira vez.
O Mirante da Rocinha, novo ponto turístico oficial do Rio de Janeiro, lança seu Réveillon 2022 com open bar, open food e muita música ao vivo a noite toda. Apostando na vista que o local tem, os organizadores oferecem um menu assinado pelo chef Glimário dos Santos com receitas natalinas e pratos tradicionais da casa como a moqueca de peixe, picanha na chapa e a feijoada. Para o bar, o mixologista Alex Mesquita foi o responsável pela criação de uma carta com drinques exclusivos que completam a experiência no espaço e brindam o ano que se inicia.
A parte musical fica com uma roda de samba do Grupo Clareou, além da participação de DJs e da Banda Mirante Samba Show.
Lançamentos de novos cardápios e abertura de restaurantes
Tradicional prato carioca, o picadinho também pode ser considerado um aliado para atrair mais clientela neste fim de ano. Esse é o caso do Sobrado da Cidade, casarão de três andares do século XIX, no coração do Corredor Cultural do Centro do Rio. Lança novo cardápio, o local introduziu maior variedade de pratos e que fazem parte das origens cariocas do Brasil colonial.
Segundo o professor de gastronomia Sandro Dias, na história bem mais recente, para os cariocas do Brasil colonial, o picadinho surge como um herdeiro dos guisados portugueses.
"Aqui sempre foi prato popular. Nasce nas chamadas casas de pasto e tabernas, que dariam origem aos botequins, por volta de 1816, geralmente frequentadas por funcionários públicos, comerciantes e reinóis, introduzindo o hábito de comer fora de casa, onde as refeições eram coletivas, servidas numa mesa redonda e divididas entre pratos de garfo ou de colher”, comenta o chef de cozinha citando como fonte de pesquisa o Blog Sem Medida.
Além do lançamento de comidas baseadas no passado colonial, há lugares que apostam na tradicional comida nordestina na orla da praia. O que em princípio pode causar estranhamento foi justamente a aposta do Quiosque Restaurante Arrastapé, inaugurado no Posto 3 da Praia de Copacabana, na altura da Rua República do Peru, na Zona Sul.
Márcio Mano, proprietário do estabelecimento e veterano na vivência de orla, resolveu apostar num conceito inovador, temático, com riqueza de sabores e homenagear a mãe que era nordestina.
“O nosso quiosque é uma casa nordestina. A gente quer trazer um pouco da valorização do que é o nordestino porque a verdade é que as pessoas só olham a parte do Nordeste como o Sertão, e não é só isso. Queremos passar o valor do nordestino, que são pessoas cabra macho”, brinca Santos.
No cardápio, muita carne de sol, baião de dois, escondidinhos, moqueca de peixe, camarão, bolinhos de rabada, bolo de rolo, doce de caju derretido com creme de queijo, além de outros pratos típicos preparados com temperos fresquinhos colhidos da horta que fica numa área reservada do estabelecimento.
Época para reabertura, foco em comidas típicas e aposta em novas praças
A pesquisa da Associação Nacional de Restaurantes também mostra outras duas tendências. A reabertura de locais que ficaram fechados boa parte da pandemia e a aposta em abertura de lojas do ramo em outros locais, inclusive estado.
Como exemplo da primeira situação está o restaurante Mureta do Leme, no bairro homônimo da Zona Sul. Após um longo período fechado, os sócios Marcio e João celebram o retorno da normalidade e investem para que moradores e turistas, desfrutem do máximo conforto, segurança e um cardápio diversificado, com destaque para os drinks, sendo alguns autorais, os petiscos e o menu executivo servido durante a semana. O quiosque pode ser uma boa opção para aproveitar um happy hour na praia, mas também para descansar e degustar um almoço em família, com pratos completos.
Imagine uma marca nascida para o mercado delivery e que viu o faturamento crescer 400% em um ano e meio? Esse é o Grupo O Burguês, que é dona das hamburguerias O Burguês e Ex-touro e da pizzaria O Fornês e que lançou na última semana a pizzaria premium Mozza e o delivery árabe Sahur, com previsão de inauguração de lojas em janeiro, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Somente em 2021 a busca por comida árabe nos aplicativos de delivery cresceu mais de 15% e é nesse movimento natural de expansão que o Grupo criou a Sahur, trazendo um cardápio recheado de tempero e sabor, com mais de 10 sabores de esfihas, incluindo de cordeiro, tradicional sabor árabe, kibes, kaftas, falafel na pegada israelense e diversos acompanhamentos.
De acordo com Flávio Rodrigues, gerente comercial do Grupo, “a ideia foi focar no delivery, trazer para o mundo das hamburguerias um contexto em que elas não se enquadravam”.
A aposta no modelo não tradicional rendeu frutos, principalmente na pandemia, onde o faturamento cresceu exponencialmente.
“O Grupo, que em janeiro de 2020 iniciou as operações com O Fornês e em junho de 2020 começou a operar no Ex-Touro, acreditou no projeto e teve coragem de fazer acontecer” - afirma, Flávio, que ainda revela:
“O faturamento cresceu quase 400% em um ano e meio”, detalha.
Além de estar presente no Rio de Janeiro, o grupo se encontra presente em outros oito estados do Brasil e abriu sua centésima loja no último dia 15, em São Paulo capital. A unidade, que funciona no bairro de Interlagos, na Zona Sul paulistana, é considerada como um divisor de águas para o dono da marca, que espera aumentar ainda mais o número de lojas no ano que vem.
"Uma novidade da loja inaugurada recentemente em São Paulo é que o local terá destaque na ambientação, visando oferecer ao seu público a oportunidade de fazer fotos para suas redes sociais completando a experiência gastronômica. Com isso, pretendemos continuar com nosso planejamento para 2022, que é dobrar o número de lojas no país", detalha Rodrigues.