Segundo a instituição, as "fake news" relacionadas ao suposto "kit gay", se disseminaram entre os eleitores de todo o país. No último dia 15, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou a retirada dos conteúdos da internet, dando um prazo de 48 horas ao Facebook e Youtube. A IT&E é uma organização sem fins lucrativos.
A cartilha mostrada por Bolsonaro no telejornal é na verdade o livro "Aparelho Sexual e Cia", voltado para orientação sexual de crianças e adolescentes, que traz como protagonista "Titeuf", conhecido pela série em quadrinhos francesa "Zep". A obra foi mostrada pelo presidenciável ao vivo para mais de 140 milhões de eleitores.
O livro foi vinculado erroneamente ao projeto "Escola sem Homofobia", que buscava a formação de educadores para tratar questões relacionadas ao gênero e à sexualidade como parte do programa pedagógico "Brasil sem Homofobia". A ação foi criada em 2004 e visava combater a violência e o preconceito contra a população LGBT. O material verdadeiro do projeto era composto por um caderno, peças impressas e audiovisuais, mas, teve a distribuição suspensa em 2011, pela então presidente Dilma Rousseff, pressionada pela bancada evangélica da Câmara dos Deputados.
Segundo o IT&E, a atribuição inadequada da informação reforça a dificuldade em avaliar um conteúdo após a sua propagação. Alguns estudos mostram que uma publicação com conteúdo factível leva cerca de duas horas para ser confirmada, enquanto os rumores falsos tendem a demorar entre 13 a 14 horas antes de serem desmentidos. A afirmação de Bolsonaro foi veiculada pelo comitê de campanha na própria página do candidato na internet, pelas comunidades nas redes sociais e por influenciadores digitais.
A notícia viralizou com o número de curtidas e compartilhamentos. Os usuários das redes sociais replicaram os posts mostrando o interior do livro e dizendo que fazia parte do "kit gay". Para a IT&E, ilustrar a "fake news" foi uma estratégia de desinformação objetivando espalhar pânico e desconfiança nas pessoas. O MEC, em diversas ocasiões, desmentiu a falsa informação e disse que o livro nunca foi adquirido nem distribuído nas escolas.
A empresa montou o mapa "Propaganda Eleitoral na Internet no Brasil", mostrando os caminhos percorridos pela "fake news". Ele faz parte do White Paper "Recomendações Sistêmicas para Combater a Desinformação nas Eleições do Brasil", apresentado em julho pelo Instituto Tecnologia e Equidade.
Eleição marcada por fake news
Nunca houve na história republicana, desde a redemocratização, uma eleição marcada por tantas "fake news". Contra Haddad e até o próprio Bolsonaro. Circula pelas redes sociais um vídeo, com mais de um milhão de visualizações, com a seguinte mensagem: Vaza áudio: Haddad e Manuela tramando contra o Exército e Bolsonaro". A legenda é "fake" e distorce o conteúdo de uma entrevista dada pelo petista à repórter Débora Bergamasco, do SBT, durante sabatina sobre as Forças Armadas, que foi ao ar no último dia 17 de setembro.
Segundo a "fake news", a voz feminina seria da vice de Haddad, Manoela D"Ávila (PC do B). No trecho verdadeiro, o petista defende que os militares cumpram a Constituição, obedeçam a hierarquia e defendam a democracia.
Outra notícia falsa que circula nas redes sociais afirma que o candidato do PSL foi apontado como o político mais honesto do mundo pela Fundação Transparência Política Internacional. A mensagem é falsa, conforme checagem feita por diversos veículos de comunicação do país, como os jornais O Globo, Extra e Folha de São Paulo.
A mensagem teria começado a circular em 2016 e divulgada pelo site "Folha Brasil", que foi retirado do ar em agosto de 2017. O texto ainda tinha uma falsa declaração de Bolsonaro sobre a pesquisa. A Fundação não existe.
Outra notícia falsa afirma que Bolsonaro teria se alistado ao exército nazista de Adolf Hitler, morto em 1945, no fim da Segunda Guerra Mundial. O texto é acompanhado por vídeo editado que mostra os bastidores de uma entrevista do político ao programa "CQC, da Band. O vídeo é incompleto e as informações são falsas. Na verdade, o candidato disse que Hitler foi um grande estrategista e que o seu bisavô foi soldado de Hitler. Ele disse que na época o alistamento era obrigatório e não uma questão de opção.