Morreu na última terça-feira (18), de infarto agudo do miocárdio, o taxista Aniceto José Camello, de 69 anos, que chegou naquele dia às 12h43 no Pronto Socorro Central Dr. Armando Gomes, no Zé Garoto, em São Gonçalo, sentindo forte dores de cabeça e no peito, falta de ar, dormência nas mãos e teve que aguardar mais de três horas para ser atendido.
De acordo com denúncia dos familiares, o taxista foi vítima de negligência por parte dos funcionários do hospital. "O que fizeram aqui com meu pai foi desumano, um crime. Ele chegou com princípio de infarto. Colocaram, de maneira equivocada, nele uma pulseira de risco moderado, que é a amarela, que diz que ele seria atendido em até uma hora, quando o certo seria a pulseira vermelha, que diz - conforme cartaz colocado lá na parede do lado de fora da porta de entrada -, que é risco de vida. Ou seja, meu pai foi morrendo enquanto aguardava atendimento, que só veio a acontecer às 15h51?", denuncia Suelen Cabral Camello, de 39 anos, filha caçula do taxista.
Segundo Suelen, o correto era realizar o procedimento em até uma hora, já que seu pai estava com a pulseira amarela, os exames de sangue, que são os CK-MB, Troponina e CPK, responsáveis por detectar se ele estava ou não sofrendo infarto. Em seguida, deveria ser encaminhado para realizar o eletrocardiograma – exame que avalia o ritmo do coração que mede os batimentos cardíacos por minuto – procedimentos estes, que segundo ela, confirmam se a pessoa está infartando de fato. Nada disso foi feito.
Já a outra filha, Flávia Lospennato, de 46 anos, que ficou o tempo todo ao lado do pai na sala de espera da unidade, questiona a demora e o descaso do serviço público no atendimento. "Tudo foi errado ali naquele lugar. Desde a entrada do meu pai, quando passou pela triagem e foi aferida a pressão dele, que era de 18 por 9, até o atendimento do Dr. João Pedro, que só ocorreu às 15h51 da tarde. Ou seja, eu vi meu pai morrendo aos poucos ali na sala de espera sem poder fazer nada. O que tentei fazer, não foi suficiente. Triste isso!, conta, emocionada.
E completa: "meu pai entrou caminhando e nos devolveram dele um par de sapatos, meias, calça, cinto, cueca, camisa, óculos, tudo isso em uma sacola plástica, além da notícia de que havia morrido”.
Alicate, como era conhecido entre os colegas de táxi, morreu às 16h e o corpo foi velado e sepultado na quarta-feira (19), às 16h30, no Cemitério de São Miguel, em São Gonçalo. Ele deixou mulher, três filhos e uma legião de amigos.
Sobre o caso, a Prefeitura Municipal de São Gonçalo emitiu, por meio de nota, o seguinte comunicado: "A Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil esclarece que a informação não procede. O paciente Aniceto José Camello deu entrada no Pronto Socorro Central Dr. Armando Gomes, na última terça-feira (18), às 12h45 e foi atendido às 13h10, conforme o boletim de atendimento. Ele foi levado para sala de medicação, onde foi estabilizado. Ele voltou a sentir-se mal e foi levado para a sala vermelha, onde teve um infarto fulminante e veio a falecer pouco depois das 16h. A direção da unidade lamenta o falecimento do paciente, mas garante que todo o procedimento foi realizado com rapidez, com atendimento adequado de toda a equipe médica de plantão na unidade. E se coloca à disposição da família para quaisquer esclarecimentos".