Eduardo Jorge (PV), que foi vice na chapa da ex-presidenciável da Rede, Marina Silva, no primeiro turno das eleições, anunciou que vai votar nulo no segundo turno entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL). O comunicado foi feito em sua página no Facebook. Posição diferente de Marina, que na última segunda-feira divulgou “voto crítico” no petista.
No comunicado de Eduardo Jorge há um desenho da dupla Asterix e Obelix, personagens de histórias em quadrinhos franceses. Eis a nota do verde:
Asterix
Nas eleições de 2010 e 2014 o segundo turno foi entre dois partidos de orientação socialista. Um socialista mais radical e outro socialdemocrata bem moderado. Escolhi votar no segundo pois avaliei virtudes e defeitos de ambos e ele me pareceu menos distante do que eu pensava na época.
Já em 2018 o quadro é bem diferente. As propostas de centro-direita, centro e centro-esquerda foram esmagadas pelas ondas de polarização extremadas de direita e de esquerda. Tanto o PSL quanto o PT são comandados por núcleos políticos radicais e com tendências autoritárias. O PSL é um verdadeiro almanaque de idéias reacionárias, anti-humanistas, violentas e simplistas que fariam corar um Pinochet de pedra. Já o núcleo dirigente do PT é uma indigesta salada de ideias marxista-leninistas que foram motivo de sofrimentos brutais para países nos século XX e XXI que experimentaram o seu gosto amargo, anti-humanista e antidemocrático.
Não. Eu não sou obrigado a escolher um deles. Não acredito nas suas propostas, promessas e malabarismos de última hora. Prefiro optar por minha consciência que tem procurado se orientar pelo valor básico da democracia. Prefiro o realismo de começar desde já ser oposição a qualquer um deles nos próximos 4 anos. Prefiro começar desde já ajudar numa rearticulação partidária que seja uma alternativa tanto ao PSL quanto ao PT. Prefiro apostar que teremos capacidade de recuperar a simpatia dos cidadãos mais moderados, mais sensatos que foram capturados pelos dois lados desta detestável polarização. Sim. Votarei nulo, contra o PSL e contra o PT.
Em 2010, Marina Silva era a candidata do PV à Presidência da República e ficou em terceiro lugar no primeiro turno, com quase 20 milhões de votos. Em 2014, Eduardo Jorge disputou a sucessão presidencial e ficou em 6º lugar, com 630.099 votos. Enquanto Marina, que disputou pelo PSB, ficou novamente em terceiro, com 22 milhões de votos.
Na última segunda-feira, Marina, que no último dia 7 declarara que faria oposição a qualquer um que vencesse o segundo turno e depois, orientou que a Rede recomendasse aos filiados e simpatizantes o não voto em Bolsonaro, “pelo perigo que sua campanha anuncia contra a democracia, o meio ambiente, os direitos civis e o respeito à diversidade existente em nossa sociedade”, decidiu pelo voto crítico a Haddad, “uma pessoa que, “pelo menos” e ainda bem, não prega a extinção dos direitos dos índios, a discriminação das minorias, a repressão aos movimentos, o aviltamento ainda maior das mulheres, negros e pobres, o fim da base legal e das estruturas da proteção ambiental”.