Conquiste recompensas e ganhe reconhecimento como agente patrimonial! Essa é uma das convidativas propostas do recém-criado game para celular "Salvaguarda Digital: Passaporte Ingá-Boa Viagem", que propõe promover a interação do público com os espaços dos principais museus da cidade de Niterói e os seus territórios, sugerindo circuitos de visitação e interações por meio de realidade aumentada.
Através do game, o usuário poderá não somente conhecer, mas principalmente interagir com os patrimônios materiais dos bairros da Boa Viagem, São Domingos e Ingá, em Niterói (RJ), de uma forma híbrida e fruída, tanto física quanto virtualmente.
Apesar de o Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói ser um dos mais belos cartões postais da cidade, dispondo de um rico entorno marcado pela diversidade de patrimônios culturais na região, muitos desses espaços culturais de extrema relevância nem sempre são alvos de merecida atenção diante do destaque que possuem.
“A ideia do jogo surgiu a partir de um problema antigo que o MAC enfrenta, que é basicamente o fato de o turista que vai ao museu ficar deslumbrando com a paisagem ou com a arquitetura do prédio, bater uma foto e ir embora. É fundamental reter esse visitante, esse turista, por algumas horas na cidade para conhecer os museus e patrimônios no entorno”, afirma Mário Pragmácio, professor do Departamento de Arte da Universidade Federal Fluminense, conselheiro do Instituto Brasileiro de Direitos Culturais (IBDCult) e um dos idealizadores do projeto.
Através da plataforma do game é possível ao visitante fazer tanto um tour virtual e imersivo, que pode ser realizado à distância, quanto um circuito na proximidade dos bairros dentro da lógica de passaporte cultural, onde cada patrimônio representa um ponto de check-in e os usuários colecionam “carimbos” por onde visitam. Para além dessa mecânica, o game utiliza recursos de realidade aumentada para expandir a experiência de fruição dos patrimônios beneficiados através dos smartphones.
“Conforme o jogador avança na exploração, vista os museus e demais patrimônios da cidade, ali é encontrada uma possibilidade de conhecer fatos históricos e territórios únicos inspirados de forma fictícia contadas por histórias de uma autobiografia publicada em vida de um dos mais importantes artistas niteroienses, conhecido como Antônio Parreiras. No jogo, o usuário é acompanhado pela companhia do Antônio Parreiras que vai entregando recompensas ao jogador e o acompanha durante toda a sua jornada no circuito”, afirma Anny Caroline, desenvolvedora do game.
Premiação
Entre os dias 12 e 14 de novembro de 2021, aconteceu online o IX Festival Games For Change América Latina (G4C América Latina) no qual O Salvaguarda Digital conseguiu a terceira colocação no Pitch For Change com nota 9,5.
O Games For Change é uma organização sem fins lucrativos, baseada em Nova York, que visa empoderar criadores de jogos e inovadores sociais para incentivar o impacto no mundo real através de jogos e mídia imersiva e organiza anualmente um festival com o mesmo nome.
Um dos pontos destacados por Anny Souza, game producer do jogo, é que o Salvaguarda permite a interação gamificada do público com o acervo e como isso é importante, especialmente com a pandemia da Covid-19, criando um metaverso do patrimônio cultural de Niterói. Ela também destacou que através do Salvaguarda Digital os jogadores poderão ter acesso ao acervo do Museu Antônio Parreiras, que está fechado faz quase uma década.
O prêmio é importante pelo reconhecimento internacional do potencial que o Salvaguarda Digital tem para ser um jogo transformador em Niterói, pela experiência imersiva e aproximação das pessoas com os espaços da cidade.
Cultura, desafios e histórias
O Circuito Ingá-Boa Viagem foi o projeto piloto do desenvolvimento do game, que prevê o escalonamento para outros circuitos patrimoniais e culturais já mapeados da cidade de Niterói. Os patrimônios beneficiados pelo game são: Museu de Arte Contemporânea de Niterói - MAC ; Museu Antônio Parreiras ; Solar do Jambeiro; Palácio e Museu do Ingá e Museu Janete Costa (Área de Preservação do Ambiente Urbano - Municipal).
Legado
O game, cujo projeto foi viabilizado através de financiamento coletivo junto ao Programa Matchfunding BNDES+ Patrimônio Cultural - Edição LAB de 2021, foi pensado para deixar um conjunto amplo de benefícios perenes para os patrimônios. Ele possibilita ações que intensificam e prolongam o relacionamento dos patrimônios com o seu público, promovendo a cultura e o turismo local, e tornando mais acessíveis e democráticas as experiências de fruição desses patrimônios.
Com um olhar na inovação, o jogo utiliza as novas tecnologias para pensar soluções para velhos desafios do campo da cultura, propondo conteúdos e experiências que expandam a relação e o engajamento do público com o patrimônio, colaborando para a sua valorização e do seu entorno.
Além disso, a proposta busca ampliar o debate público sobre cultura e patrimônio, promovendo e qualificando as discussões e a participação da sociedade nessas áreas. Com uma abordagem multidisciplinar, a iniciativa usa da gamificação e de elementos lúdicos para envolver e aproximar ainda mais os patrimônios do cotidiano da cidade, reforçando seu caráter histórico, artístico e cultural, e como eles se inserem nas dinâmicas da cidade.
O projeto propõe a preservação da memória do patrimônio através da digitalização e disseminação de conteúdos que inspirem o público a colecionar e compartilhar suas vivências desses territórios, como um processo de salvaguarda coletiva e digital dessa memória.
Outro aspecto importante do game são as potencialidades da plataforma enquanto ferramenta de levantamento de indicativos culturais e turísticos, provendo informações importantes sobre visitação, circulação e mobilidade urbana, muito úteis na formulação de políticas públicas para esses setores e no desenvolvimento de ações de preservação dos patrimônios da cidade.
Proponente
O projeto foi submetido à chamada pelo Instituto Brasileiro de Direitos Culturais - IBDCult, organização sediada em Fortaleza (CE), que atua de maneira ativa no debate, difusão e proteção dos Direitos Culturais. Fundado em 2014, o IBDCult nasceu para ser a casa daquelas e daqueles que, de algum modo, desejam se envolver com a temática. Ao longo dos últimos anos o Instituto reuniu advogados, artistas, produtores, pesquisadores, estudantes e entusiastas, de todas as regiões do Brasil, por meio de cursos, publicação de livros, e da realização de seminários, oficinas e encontros.
“O IBDCult tem como fundamento exatamente a difusão dos direitos culturais. Então o jogo se alinha completamente com a finalidade institucional da nossa entidade, ou seja, aproximar as pessoas da Cultura, dos direitos culturais e do patrimônio cultural das cidades”, diz Cecília Rabêlo, presidente do Instituto Brasileiro de Direitos Culturais.
Serviço:
Link App (Google Play)