Nesta segunda-feira (14), enquanto um dos apresentadores do programa "Mais Você" comentava sobre a interação da participante Larissa Tomásia com outros participantes do "Big Brother Brasil" 22, ele passou uma informação errada.
Ao ouvir um trecho em que a "sister" falava sobre sua trajetória pessoal, incluindo desigualdades socioeconômicas vividas ao lado da mãe, Ana Carmele, em Limoeiro (PE), o jornalista Fabricio Battaglini lamentou que "menos de 10% dos brasileiros contam com plano de saúde".
"A gente se diverte, ri, torce, mas um dos grandes méritos do 'Big Brother' é levar pra dentro da Casa brasileiros reais, que enfrentam os grandes problemas que a maioria da população brasileira enfrenta. Ela falou de plano de saúde, é um percentual muito pequeno, talvez menos de 10% dos brasileiros contam com plano de saúde. Então, conta com a nossa torcida, não exatamente pra ganhar, talvez pra ganhar, mas pra você sair da Casa e melhorar a situação da sua família", discursou ele, referindo-se também ao fato de a participante ter contado sobre o período em que a mãe contraiu covid-19, em 2021.
Battaglini teve a fala complementada pela de sua colega de programa e também apresentadora, Talitha Morete. "Bacana isso, todo mundo tem história para contar. Tem tempo e coração aberto para ouvir a história do outro. Boa sorte pra ela também". A dupla ocupa o lugar da titular, Ana Maria Braga, que estará de férias pelas próximas três semanas.
De acordo com a Associação Brasileira dos Planos de Saúde (Abramge), porém, esse percentual é superior ao citado pelo apresentador. A entidade afirma que cerca de um em cada quatro brasileiros pagam mensalmente por algum dos planos de saúde (ou convênios) disponíveis no País. Do total da população - 214 milhões de pessoas, com cerca de 770 nascimentos diários, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) -, a Abramge esclarece que atualmente 49 milhões brasileiras e brasileiros têm acesso a atendimento conveniado.
A reportagem entrou em contato com a produção do programa, perguntando se pretendia emitir um comunicado ou adiantar a retificação na edição de amanhã (15). Uma pessoa responsável nos deu retorno, no entanto a produção não respondeu à nossa mensagem.
Para assistir ao trecho contendo a informação equivocada, clique aqui.
Privatização
Em 2022, devido à pandemia, pela primeira vez desde o ano 2000, o Censo da população brasileira será realizado fora do intervalo de dez anos.
A Constituição de 1988 determinou a inclusão do Sistema Único de Saúde (SUS), regulamentado dois anos depois e que funciona de maneira tripartite e integrada entre público, privado, convênio. É esse modelo que promove o financiamento do SUS.
O deputado federal Ricardo Barros (Progressistas-PR), quando ministro da Saúde durante o governo Temer (2016-2018), defendeu a universalização dos planos de saúde no Brasil. Se adotada, a medida contrariaria a finalidade para a qual o próprio Sistema foi criado, que consegue se manter apesar do subfinanciamento.
Os planos de saúde no País são regulamentados pela Lei federal 9.656/1998, à qual se somou a Lei 9.961/2000, que criou a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), órgão fiscalizador das empresas atuantes no setor. As duas legislações foram aprovadas durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).