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Líder do Rats fala sobre a chegada de Jimmy ao projeto

Em entrevista exclusiva, Fernando Oliveira elogia o vocalista: "é workaholic que nem eu"

Por Rodrigo Rebechi em 30/10/2018 às 19:28:36

Jimmy London agora é tripulante do navio do Rats (Foto: Divulgação/Felipe Diniz)

No último sábado, a banda de contrycore carioca Matanza encerrou suas atividades, após 22 anos de estrada, após desavenças entre o vocalista Jimmy London e o resto da banda. Com o fim do Matanza, os milhares de fãs ficaram órfãos? De forma alguma. Jimmy ingressou no projeto Jimmy & Rats, uma banda de irish punk, já compondo e apresentando no YouTube um mini show. Em entrevista exclusiva ao portal Eu, Rio! Fernando Oliveira, um dos fundadores do Rats, fala da banda antes e depois do Jimmy, das perspectivas, interação com os fãs do Matanza e até sobre o comportamento do novo integrante.

Eu, Rio - Em primeiro lugar, fala da banda. Quando fundou, integrantes, como se definem em termos de estilo, etc.

A banda começou a se formar em 2011, eu e o baixista Bruno Pavio que ja trocávamos figurinha sobre o estilo "irish punk" vendo que não haviam bandas aqui que se aventuravam nessa praia, decidimos nós montar uma. A principio nem tínhamos muitas pretensões, era mais pra se divertir e divertir os outros. Eu que já tocava banjo, comprei um bandolim e começamos a recrutar a tripulação, 

Alguns nomes foram chamados mas só em 2012 que chegamos a nossa primeira formação oficial com Kito Vilela (8 Microwaves) no vocal e guitarra, Bernardo Pança (8 Microwaves) na bateria, e Fernando Gajo (Go East Orkestar) no acordeon. A banda chegou a contar com Rodrigo Barba (Los Hermanos) interinamente na bateria, e em 2014 entrou o Pedro Falcon (Di Bob) oficialmente na batera.

Originalmente a ideia era seguir a linha "irish punk" ou seja musica tradicional  irlandesa misturada com punk rock, como as bandas referência Flogging Molly, Dropkick Murphys e The Pogues. Mas com tempo e recebendo influencias diversas que os integrantes traziam, fomos se desprendendo desse rótulo, hoje em dia nos consideramos uma banda que mixa varias vertentes folks, seja irlandesa, americana, italiana, francesa, cigana, sempre misturando com bastante punk rock/hardcore que é a base de quase todos nós.

Como vocês conheceram London e como surgiu o interesse em chamar o Jimmy para a banda?

Eu conheci o Jimmy quando entrei pro Canastra em 2005, de la pra ca viramos amigos e parceiros, em 2009 chegamos a compor e registrar como exercício uma quantidade de músicas, um projeto solo que nunca saiu do estúdio. Quando montei o Rats, costumava trocar ideias com ele, fazia sugestões e criticas, e em 2016 ele produziu nosso 1º LP "Por Terra, Céu e Mar". 

Então o cara já meio que sempre esteve presente na trajetória do Rats, quando ele se viu sem banda, foi um caminho curto até nós. Me ligou e conversamos, ele ainda tava meio confuso sobre o que ia fazer da vida, mas aos poucos fomos organizando as ideias, e montando o projeto.

Vi no canal de vocês que já há composições com Jimmy. Como está sendo esse processo criativo? Quantas músicas já foram feitas em conjunto e quando lançarão álbum e farão turnê?

Sim, nesse EP Ao Vivo, no Alto Estúdio, lançamos "Naufrágio" que é uma inédita autoral que ja vinhamos compondo e acabou sendo finalizada com a entrada do Jimmy. Também gravamos "Escárnio" que é uma música que fiz com ele pro projeto solo de 2009, a musica chegou a ser gravada pelo Matanza e agora chegamos numa versão Jimmy & Rats pra ela.

Ainda não temos previsão pra um álbum completo, o Rats passou boa parte do ano compondo com planos de gravar no fim de 2018, mas acabamos interrompendo o processo pra se dedicar ao projeto novo. Então temos varias musicas bem encaminhadas, temos músicas antigas minha com Jimmy que podem ser desenterradas, e já temos umas idéias novas pro próximo show, que será dia 30 de novembro, na HUB, no centro do Rio, com a banda californiana Pennywise, mas se eu contar perde a surpresa.

Provavelmente agora que ele encerrou oficialmente a agenda com Matanza vamos começar a pensar nisso melhor.

Jimmy saiu do Matanza, segundo os demais integrantes, por ele ser um "cara de difícil convivência". Como tem sido essa experiência? Como é o Jimmy entre os Rats?

Então, eu também já fui criticado muitas vezes pelo meu comportamento meio workaholic, de cobrar muito dos caras e até ser autoritário. As vezes o excesso de vontade te coloca nesse lugar. Temos sempre que saber ouvir, conversar, pra chegar num denominador que funcione pra todos. Ele quando chegou foi bem sincero e humilde, agradeceu as portas abertas, reconheceu falhas e pediu pra sempre conversarmos sobre os incômodos pra que eles não corroam as estruturas no futuro.

Creio que ele possa ter aprendido com essa experiencia e também acho que o peso agora é outro, vi gente falando "aposto que não dura dois anos". Pô, dois anos?! Nem sei se estarei vivo daqui a dois anos (risos), estamos fazendo porque ta maneiro, se durar dois anos, 10 anos, 22 anos, não importa, ele agora também faz outras coisas e não vai viver em função do projeto, vamos fazendo enquanto tiver legal, até agora ninguém saiu no tapa, quer dizer.. não mais do que já saímos antes (risos) 

Vendo os vídeos com Jimmy, é notória a interatividade com os fãs do Matanza, que já estão começando a abraçar o projeto.Como estão sentindo essa animação da galera?

De certa forma sempre herdamos um pouco os fans do Matanza, pela afinidade musical e também porque já tocamos juntos varias vezes. Claro que agora a transferência de fans aumentou bastante, ta sendo incrível ver o apoio da galera, muitos dizem que acharam que ficariam órfãos, mas que já se sentem adotados pelo Rats.  

Estamos de braços abertos pra receber todo mundo que quiser se juntar a tripulação, e por outro lado nossos fans também estão recebendo a chegada dele muito bem. 

Além de composições do Rats e do Matanza, vocês também tocarão covers. Quais vocês tem em mente?

O Rats sempre teve como característica suas versões, começamos a banda assim e até hoje adoramos fazer coisas inusitadas, por peso no que era folk e por folk no que era peso. No show de estreia do Jimmy&Rats alguns ja faziam parte do nosso set como "Medo" (da banda punk paulista Cólera) e "Bella Ciao" (música tradicional da resistência italiana na 2ª guerra).

E também tiveram ideias novas como uma versão de "Redemption Song" do Bob Marley, "War Pigs" do Black Sabbath, e o clássico faroeste "The Good The Bad The Ugly" de Enio Morricone, que ficou conhecida como a abertura do show do Ramones, só que eles botavam a original pra tocar e gente faz na mão! O importante é não ficarmos presos a estilos e nunca fazermos igual as originais, é show pra purista passar longe (risos)

Chegamos a ter uma lista de mais de 10 covers pra escolher, e já temos umas idéias novas pro próximo show, mas se eu contar perde a surpresa. E também por que até la pode mudar tudo, o povo aqui é muito criativo e até o ensaio da véspera estamos decidindo o que vai entrar.

Confirma o EP ao vivo do projeto


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