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Receita Federal registra mais de 63 mil saídas definitivas do país desde 2016

Preço dos imóveis nas áreas mais atingidas pela criminalidade no Rio sofre queda de entre 2016 e 2017

Por Cláudio Rangel em 04/11/2018 às 15:21:11

Foto: Pixabay

A cada ano, mais brasileiros seguem o posicionamento da atriz Luana Piovani e deixam definitivamente o país. E os motivos envolvem a violência urbana e falta de condições gerais. No primeiro semestre deste ano, 21.601 pessoas entregaram a Declaração de Saída Definitiva do País (DSDP) à Receita Federal. O número é quase igual ao registrado em todo ano de 2017, quando 21.849 resolveram morar definitivamente no exterior. Somados aos 19.887 que se retiraram em 2016, em dois anos e meio, mais de 63 mil brasileiros oficializaram a saída definitiva do Brasil. E no Rio, o preço dos imóveis despenca.

A estimativa é a de que o número de pessoas que saem do Brasil por conta da violência seja ainda maior. Nem todos os brasileiros preenchem a declaração antes de se mudar, apesar de ser obrigatória.

Luana Piovani declara em seu canal do Youtube que sai do Brasil por causa da violência. Ela se mudou para Portugal.

“Aqui no Brasil já vivi todo tipo de violência. Vamos alugar um sítio em Portugal. Como você mora em um lugar que te dá as coisas básicas que precisa para viver, é melhor passar justo lá do que passar justo aqui. Não tenho medo. Vou atrás do que eu quero. E o que eu quero é dignidade. O Brasil não oferece dignidade”. 

A atriz declara ainda que não se importa em viver de outra atividade, como fazendo bolos ou vendendo roupas. O mais importante é a segurança:

“O fato de você não ter medo de morrer de uma bala perdida, porque a gente vive em um país e em uma cidade onde o bandido atira e o policial revida. Aí, quem está no meio, que se dane. Ou que seu filho possa morrer por causa de uma bicicleta, de um tênis”.

Violência generalizada

Por toda parte, casos de violência assustam os cariocas. A empresária Heliane Flores deixou a capital fluminense após ser assaltada no Méier. A ação violenta a deixou traumatizada.

“Foi muito violento. Eu reagi e depois que me dei conta do perigo. Saímos de um centro cultural no Méier com oito pessoas. Não nos demos conta do grupo que estava parado em frente ao meu carro. Quando acionei o botão para abrir as portas o farol acendeu em cima deles, daí um deles veio com a arma na minha direção. Eu abri a porta, pulei dentro e tentei trancá-la, sem conseguir. O ladrão abriu a porta e puxava minha bolsa. E eu puxava pra mim. Ficamos nisso até que ele gritou para eu largar senão me dava um tiro. Só aí larguei”, disse Heliane, que achou que a arma do ladrão era de brinquedo. 

Após o assalto e os transtornos para cancelamento de cartões e reaver documentos, Heliane decidiu ir para a casa do filho, em Petrópolis. 

“Estou traumatizada até hoje. Hoje eu me assusto à toa. Deixei o meu apartamento fechado. Estou tentando vender, mas com a crise do país, ninguém está comprando nada”.

Preço dos imóveis cai

A violência reflete no preço médio dos imóveis. De acordo com a ADEMI, em Jacarepaguá, zona Oeste do Rio, o preço médio do m² de imóveis em 2016 era R$ 7.008,64. No ano seguinte, o valor caiu para  R$ 3.981,44, uma queda de 43,19%.

No bairro do Méier, o valor médio por m² dos imóveis em 2016 foi de R$ 8.022,81. No ano passado, o valor caiu para R$ 2.796,85.

Escalada da violência

Dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP), indicam o número crescente de homicídios no Estado. Em 2015, 4200 pessoas foram assassinadas no Rio de Janeiro. No ano seguinte, foram 5.042 casos. Em 2017, o número de homicídios subiu para 5.346.

Entre as vítimas de homicídio, em 2017, 87,67% são do sexo masculino. A maioria das vítimas tinham entre 15 e 30 anos.

O professor Sérgio Cano, do Laboratório de Análise da Violência, diz que quem sai do local onde reside dificilmente registra como motivo a violência urbana. Mesma opinião tem a psicóloga e pesquisadora do Observatório das Favelas, Raquel Willadino.

Razões para a violência

A criminalidade é alvo de estudos que procuram identificar as suas causas. Para o diretor e criador da ONG Observatório de Favelas, Jailson de Souza e Silva, a política de segurança adotada no Brasil não tem surtido efeito nos últimos trinta anos:

 “Não houve diminuição do movimento de drogas. Houve aumento do uso de armas, aumento da insegurança, aumento de mortos houve um aumento de violência em todos os âmbitos”.

Os dados estatísticos indicam que mais pessoas são mortas no Rio do que em guerras como a do Vietnã:

“Na Guerra do Vietnã, em 10 anos, morreram 58 soldados americanos. Nós fazemos isso todos os anos”, disse Jailson.

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