Dez deputados estaduais estão entre os vinte presos da Operação Furna de Onça, deflagrada na manhã de quinta-feira pelo Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal (PF) e a Receita Federal. Sete mandados contra os parlamentares são de prisão temporária e três de prisão preventiva (sem limite preestabelecido de duração), contra os deputados que já se encontravam detidos desde o ano passado(Jorge Picciani, ex-presidente da Alerj, Paulo Mello, ex-secretário da Alerj e Edson Albertassi, ex-líder do governo Pezão na Alerj, os três do MDB).
Um dos presos hoje, deputado André Corrêa (DEM), articulava a condução à presidência da Alerj no ano que vem e buscava o apoio da bancada do governador eleito Wilson Witzel. Era considerado favorito ao posto, pois o rival declarado, o atual presidente André Ceciliano, como é da bancada do PT, havia sido vetado pela bancada do PSL, partido do presidente eleito Jair Bolsonaro e maior da nova legislatura (12 dos 70 parlamentares).
A Operação Furna da Onça é um desdobramento da Operação Cadeia Velha - deflagrada em novembro de 2017 - e conta com 200 policias federais, 35 membros do MPF e 10 auditores da Receita para cumprir 19 mandados de prisão temporária, 3 de prisão preventiva e 47 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 2a Região (TRF2).
A organização criminosa, chefiada por ex-governador preso, pagava propina a vários deputados estaduais, a fim de que patrocinassem interesses do grupo criminoso na Alerj. De acordo com as investigações, o "mensalinho" era resultado de sobrepreço de contratos estaduais e federais. De forma ilícita, os parlamentares eram beneficiados ainda com o loteamento de cargos em diversos órgãos públicos do Estado, onde poderiam alocar mão de obra comissionada ou terceirizada.
Dez deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) tiveram a prisão decretada - André Correa (DEM), Edson Albertassi (MDB, nova ordem de prisão), Chiquinho da Mangueira (PSC), Coronel Jairo (MDB), Jorge Picciani (MDB, nova prisão, continuando em domiciliar), Luiz Martins (PDT), Marcelo Simão (PP), Marcos Abrahão (Avante), Marcus Vinícius "Neskau" (PTB) e Paulo Melo (MDB, nova prisão). Eles são suspeitos de usarem a Alerj a serviço de interesses da organização criminosa do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), que em troca pagava propina mensal ("mensalinho") durante seu segundo mandato (2011-14).Os investigados devem responder, na medida de suas participações, pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro.
O nome Furna da Onça faz referência a uma sala ao lado do plenário da Alerj, onde deputados se reúnem para ter conversas reservadas, destinada às combinações secretas que resultam em decisões individuais antes das votações, momento conhecido como a hora da "onça beber água". Nesse desdobramento da Operação Cadeia Velha, são cumpridos 22 mandados de prisão (19 temporárias e três preventivas, referentes aos réus da Cadeia Velha) e 47 de busca e apreensão expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) depois de decisão unânime de cinco desembargadores federais que compõem a 1ª Seção. A decisão foi tomada em sessão secreta no dia 25 de outubro, a três dias do segundo turno das eleições, e mantida em sigilo até esta quinta-feira, 8 de novembro.
De acordo com as investigações, a propina resultava do sobrepreço de contratos estaduais e federais. Além de Cabral, comandavam a organização investigada os ex-presidentes da Alerj Jorge Picciani e Paulo Melo, presos um ano atrás na Operação Cadeia Velha.Os demais alvos incluem o secretário de Governo, Affonso Monnerat, o presidente do Detran/RJ, Leonardo Silva Jacob, e o antecessor dele, Vinícius Farah, recém-eleito deputado federal pelo MDB. A Operação mobiliza 48 equipes da PF, 35 membros do MPF na 2ª Região (RJ/ES) e MPF/RJ, além de dez auditores fiscais da Receita Federal.
A assessoria do deputado André Corrêa publicou a seguinte nota em suas redes sociais:
"Deus no controle sempre. Nunca envergonhei vocês. Confio na justiça do meu Estado e do meu País. Quem não deve não teme. Lamento que no momento que 44 deputados assinam um compromisso com minha candidatura à Alerj isto aconteça. Repito que estou tranquilo. Quem me conhece sabe meu modo de agir. Continuarei de cabeça erguida. Não tenho sequer advogado. Confio em Deus".
O deputado Chiquinho da Mangueira, através de sua assessoria, declara que todas as acusações imputadas a ele através da operação “Furna da Onça”, realizada pela Polícia Federal, que o levou a prisão temporária no dia de hoje (08), são infundadas e totalmente inverídicas. Segundo o advogado Pablo Andrade, da equipe jurídica de Chiquinho da Mangueira, a medida foi completamente desarrazoada e ficará demonstrado que não houve qualquer ato ilícito praticado pelo deputado.