A Em Cima da Hora, escola de samba de Cavalcante, bairro da Zona Norte do Rio, não honrou seu nome: entrou atrasada na Marquês de Sapucaí por conta de problemas com seus carros alegóricos. Primeira a se apresentar em 2022 no carnaval do Rio, a escola reeditou um de seus enredos mais conhecidos, "33 - Destino Dom Pedro II" (1984), clássico na voz de Jovelina Pérola Negra. No entanto, 38 anos depois, o desfile não empolgou o público presente à Passarela do Samba.
A Comissão de Frente representou o caos suburbano, cujo povo constroi sua glória no vagão e recria sua identidade cultural.
Já o primeiro casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Jonhy Mattos e Jack Antunes, fez referência, nas fantasias, aos relógios do tempo suburbano, no qual o trabalhador não pode atrasar no serviço. Aliás, esta também foi a primeira ala da agremiação: os trabalhadores, com as baianas vindo logo atrás dando sua benção.
O carro abre-alas performou o embarque no famoso Trem 33 do enredo, entremeado por alas de bilheteiros e maquinistas.
Destaque para a primeira agremiação a apresentar rei e rainha de bateria juntos, Tânia Daley e Jorge Amarelloh, dando força aos ritmistas da escola.
O vagão feminino, o papo sobre futebol durante a viagem, os trombadinhas, os camelôs e os pregadores da fé dos trens também foram lembrados no desfile.
O acidente na dispersão com um carro alegórico da escola envolvendo um menino de 11 anos foi a nota de pesar, mas não estragou o feijão com arroz "honesto" na voz firme do intérprete Cigareney.