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Edson Cordeiro - Uma voz brasileira na Alemanha

Em entrevista exclusiva, cantor afirma que sente falta do calor humano dos brasileiros

Por Claudia Brito de Albuquerque e Sá em 16/11/2018 às 17:21:49

Edson Cordeiro disse que sente falta do afeto dos fãs brasileiros. Foto: Divulgação

Em turnê pelo Brasil, o cantor Edson Cordeiro concedeu uma entrevista exclusiva ao Portal Eu Rio. Seu décimo segundo álbum "FADO", lançado em 2017, foi totalmente gravado em Porto, Portugal.  O artista que nasceu em Santo André, começou a cantar aos seis anos, quando passou a fazer parte do coro de uma igreja evangélica chamado "Cordeirinhos do Senhor", onde ficou até os 16 anos. Filho de um mecânico e de uma bordadeira, o contratenor revela que sente falta do afeto brasileiro e que gostaria de ter aqui no Brasil o desenvolvimento que vê na Alemanha, onde mora há 11 anos.
 
Portal Eu Rio: Quando a sua carreira profissional começou?

Edson Cordeiro: Comecei a cantar profissionalmente por volta dos 18 anos numa ópera-rock em São Paulo, chamada "Amapola". Antes eu já fazia teatro infantil. Trabalhei com o Maurício de Souza, fiz o papel do Chico Bento quando tinha 16 anos. Viajei muito pelo Brasil, trabalhando com a Companhia de Teatro dele.
 
A quem você agradece pelo sucesso?

Sou grato a minha família que me aturou e nunca abafou o meu sonho de ser artista. O meu primeiro estímulo veio da minha família que sempre foi muito importante, especialmente, a minha mãe, dona Odete. Depois deles, eu sou grato a muita gente, seria injusto falar apenas de uma pessoa.
 
Como você lida com o sucesso?

Sucesso é uma delícia, ser conhecido e reconhecido é fácil, todo mundo se diverte e sabe lidar bem com isso. Mas quero falar também de como lidar quando não temos sucesso, quando não falam de você. Para mim, o importante é saber lidar com o anonimato. Eu nunca pensei em ser famoso, mas sim em ser artista. Ser conhecido é uma conseqüência do meu trabalho, é uma necessidade do que eu faço. Mas, mesmo se o sucesso não acontecesse, eu seria sempre artista porque foi para isso que eu lutei e não para ser famoso.
 
Fale sobre a sua carreira profissional e da saída do Brasil.

Sempre viajei para fora do país quando trabalhei com a Companhia de Teatro do Ornitorrinco, do Cacá Rosset. A primeira vez que eu fui para a Europa, nos Anos 80, eu já me apaixonei. Em 1994, fui à Alemanha fazer a minha turnê e afirmei que gostaria de morar lá um dia. Não considero que sai do Brasil, só moro em outro país. Venho aqui de três a quatro vezes ao ano. Só mudei minha base.
 
Conte um pouco da sua carreira internacional:

Desde a década de 90, eu consegui algo inédito que é ter o público alemão. Eu adoro cantar para o público brasileiro que está na Alemanha, mas considero importante me comunicar com as pessoas da terra, cantar para o público europeu. Só cantar para a comunidade brasileira não é uma aquisição porque é como se você estivesse no mesmo lugar. Ter 90% da platéia local no meu teatro é uma conquista. Os brasileiros que estão lá são muito bem-vindos e eu tenho o momento de falar com eles em nossa língua, porque eles foram me prestigiar e merecem uma homenagem.
 
Como foi mudar de cultura?

O único choque que eu tive foi o térmico. Nunca sofri um choque cultural. Nasci em São Paulo, numa cidade que tem uma vida cultural incrível de fazer inveja a muitas cidades no mundo. O brasileiro e o povo paulista têm muita cultura, temos muito que mostrar.
 
Você sente falta do Brasil?

Não sinto falta do país, de um lugar específico, mas sim das pessoas que são insubstituíveis. Eu não ligo de morar em outra casa, em outro país. Isso nunca fez diferença para mim porque sou cigano, vivo há muito tempo em estradas e aviões. Mudar a minha base para a Alemanha não alterou muito, mas sinto falta do que é insubstituível, do afeto, da família, dos amigos e do carinho dos fãs brasileiros.
 
O que você mais admira em seu país e o que gostaria que fosse diferente?

A maneira que os brasileiros se manifestam é completamente diferente dos alemães, somos muito afetivos. Todos os meus amigos alemães que vem ao Brasil falam como as pessoas são queridas, próximas e que mostram a emoção com muito mais facilidade. Eu sinto o melhor do Brasil quando estou no palco, pelo amor que recebo do público. Agora a vida prática, o dia a dia na Alemanha faz tudo ficar mais fácil. A segurança que temos aqui é o que eu gostaria que tivesse no Brasil. Queria juntar o afeto, o astral e a alegria do povo brasileiro com tudo que os brasileiros merecem: segurança, saúde, educação, uma vida mais tranqüila.



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