Muitos foram os negros africanos que cruzaram o Atlântico em direção ao Brasil na condição de escravos, mas raras foram as vozes que conseguiram traduzir os horrores da escravidão. Mahommah Gardo Baquaqua é uma rara exceção. E é amparado pelos registros publicados na autobiografia “An interesting narrative - Biography of Mahommah G. Baquaqua” que Rogério Athayde desenvolveu a dramaturgia do espetáculo "Baquaqua", que inicia uma importante e necessária circulação totalmente gratuita pelas Lonas e Arenas Culturais do subúrbio carioca. Dirigida por Aramis David Correia e com preparação corporal da premiada atriz Tatiana Tiburcio, a montagem apresenta o ator Wesley Cardozo no papel de Baquaqua e narra a história de vida do homem que foi escravizado e traficado da África para o Brasil durante o século XIX.
Fruto do edital FOCA, uma iniciativa da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura e Programa de Fomento à Cultura Carioca, a circulação agora segue para Madureira, na Arena Carioca Fernando Torres (13 de maio); Arena Carioca Jovelina Pérola Negra, na Pavuna (19 e 20 de maio); e encerra essa circulação na periferia carioca dia 03 de junho, na Lona Cultural Municipal Terra, em Guadalupe.
“Não é um tema fácil de se tratar. É espinhoso, é triste e é atual, pois seus reflexos ainda estão aqui hoje. Não nos livramos da escravidão; ela permanece no cotidiano de vários ‘Baquaquas’ invisibilizados da nossa sociedade. Três instâncias me motivam a ser um agente de transformação: ser ator, ser professor e ser um homem negro. E, como um agente social, tenho que levar essa história que é nossa e de nossa ancestralidade para o máximo de pessoas que conseguirmos”, resume Wesley, também diretor de produção do projeto.
A peça traz do universo literário para os palcos os relatos de um escravo em um país estrangeiro e nos faz refletir sobre outras milhares de histórias de pessoas que foram sequestradas do continente africano. Só para o Brasil, estima-se que mais de 5 milhões de negros foram traficados e escravizados. Mas por que essa história? Por que entre tantas histórias escolheu-se contar essa?
“Era uma necessidade latente de voltar aos palcos depois de alguns anos e sobretudo com um personagem histórico, que nos convida a olhar para esse tema da memória da escravidão e como foi isso no Brasil e no mundo, só que a partir de um olhar da pessoa que foi escravizada. Então, tem realmente um olhar muito sensível desse personagem. Essa volta ao passado para entender esse presente que a gente está e saber para onde a gente segue”, discorre Aramis.
A trajetória de Baquaqua ilumina parte da história do negro no Brasil, trazendo à tona temas importantes para serem entendidos, como a escravidão, a sociedade escravista, os estereótipos do escravo, dentre outros pontos. O espetáculo vai levar o público aos horrores do passado, a uma reflexão sobre o presente e pretende contribuir para um futuro melhor, ajudando a formar novas gerações mais conscientes e capazes de compreender mais a fundo a real diáspora africana nas Américas.
SERVIÇO:
13 de Maio: Arena Carioca Fernando Torres
Horário: 19h
Entrada Franca
R. Bernardino de Andrade, 200 – Madureira
Tel.: (21) 3495-3078
Duração: 60 minutos
Classificação Indicativa: 10 anos
19 e 20 de Maio: Arena Carioca Jovelina Pérola Negra
Horário: 19h
Entrada Franca
Praça Ênio, s/n - Pavuna
Tel.: (21) 3437-0760
Duração: 60 minutos
Classificação Indicativa: 10 anos
03 de Junho: Lona Cultural Municipal Terra
Horário: 19h
Entrada Franca
R. Marcos de Macedo, s/nº - Guadalupe, Rio de Janeiro
Tel.: (21) 3018-4203
Duração: 60 minutos
Classificação Indicativa: 10 anos
FICHA TÉCNICA:
DRAMATURGIA: Rogério Athaydeb
[a partir da biografia de Mahommah Gardo Baquaqua & Samuel Moore]
TRADUÇÃO: Robert Krueger
DIREÇÃO: Aramís David Correia
ATOR: Wesley Cardozo
PREPARAÇÃO CORPORAL: Tatiana Tiburcio
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO: Dagba Produções
FIGURINO: Carla Costa
ILUMINAÇÃO: Wilson Reiz
DIREÇÃO MUSICAL e MÚSICO: Fabio Simões Soares
CENÁRIO: Silvia Portugal
ASSISTENTE DE FIGURINO: Cassia Salles
CENOTÉCNICO: Rostand Albuquerque (Galpão6centos Cenografia)
PROGRAMAÇÃO VISUAL: Douglas Zacharias
VISAGISMO: Bruno Matsolo