A Escola de Samba Estácio de Sá recebeu até este domingo (18) o encontro regional da Rede Latino-americana e Caribenha pela defesa dos direitos de Meninas, Meninos e Adolescentes (REDLAMYC). O evento começou na quarta-feira da semana passada (14) e contou com crianças e adolescentes de cinco países do Cone Sul que fizeram um enredo para chamar a atenção dos problemas da juventude.
O projeto Tecendo Redes de Infância teve a participação de 180 crianças e representantes da Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai e Brasil. Orientados por integrantes da Estácio de Sá e pela Rainha do Carnaval, Jessica Maia, os jovens criaram uma fictícia escola de samba cujo enredo foi a defesa dos direitos das crianças e adolescentes.
A Estácio de Sá é a primeira escola de samba a receber o Fórum Nacional DCA, promovido pela Articulação Nacional dos Centros de Defesa das Crianças e Adolescentes - AMCED e pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos - MNDH. O encontro busca fortalecer as ações de incidência a nível sub-regional de meninos e meninas, bem como as Coalizões Nacionais do Cone Sul.
Educação sexual
O projeto Tecendo Redes de Infância é financiado pela União Europeia com o objetivo de incentivar a participação dos jovens nas principais questões que os envolvem. A coordenadora do evento, a argentina Florencia Ballino, falou ao "Portal Eu, Rio!" que todos os jovens debatem os vários problemas legais vividos por eles diariamente em seus territórios. Ela também cita como um grave problema a falta de educação sexual adequada nas escolas. Sem a orientação necessária, os jovens acabam aprendendo sobre questões sexuais na web, e de modo inadequado.
"O objetivo é pensarmos juntos soluções alternativas e estratégias de ação para lidar com essas situações de preocupação para os meninos e especialmente as meninas", disse.
A representante da sub-região da América Latina da REDLAMYC explica que a educação envolve questões comuns entre os países latino-americanos, como saúde e o melhor modo de promover a educação sexual entre jovens e crianças.
"Há uma preocupação clara sobre o acesso à saúde sexual e reprodutiva nestes cinco países quanto ao acesso à informação. A educação sexual deve fazer parte do programa obrigatório nas escolas públicas, bem como a preocupação quanto ao acesso a métodos contraceptivos. Do contrário, os jovens se informam de modo errado", defendeu.
Florencia explica que o projeto patrocinado pela União Europeia visa fortalecer a sociedade civil e envolve 19 países latino-americanos.
"O projeto também procura promover a participação ativa das crianças e adolescentes em todos os assuntos que os envolvem, especialmente aqueles ligados à defesa de seus direitos. Existe uma preocupação com o direito a educação em saúde e uma vida livre de violência e discriminação", explica.
Aula de samba
A articuladora do evento, Jéssica Maia, auxiliou as crianças na criação da escola de samba internacional. Ela afirmou que existe uma troca no aprendizado e falou sobre o samba-enredo que é elaborado a respeito da defesa da infância e dos cuidados da criança e com o adolescente.
"Estou fazendo intercâmbio cultural com essas crianças. São crianças de diversos países, do sul da Argentina, do Paraguai, do Uruguai, do Brasil, crianças de vários estados brasileiros. Estou aprendendo com eles e eles estão aprendendo com a gente sobre o nosso carnaval. Criaram uma escolinha de samba deles, com o tema voltado para defesa da criança e do adolescente. Nós estamos desenvolvendo o samba-enredo, um enredo que trata da defesa da Criança e do Adolescente. Vamos contar toda essa dinâmica por cartazes com as leis que precisam ser abordadas e tudo mais. As crianças de outros países estão aprendendo direitinho", explicou.
Em poucos dias, os jovens participantes aprenderam tudo que é necessário para por uma escola na avenida, A escola mirim conta com porta-bandeira, bateria, cantor, passista, rainha de bateria, ala das baianas e comissão de frente. E os adultos também participaram formando a velha guarda.