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Doutor Jairinho tem adiado depoimento sobre a morte do enteado Henry Borel

Defesa obtém novo prazo, e oitiva não coincidirá com a de perito que apontou agressões a menino

Por Portal Eu, Rio! em 14/05/2022 às 12:04:17

Protestos em frente ao Fórum marcaram audiências do caso Henry Borel. Foto: Ascom TJRJ

A 2ª Vara Criminal do Rio adiou para o próximo dia 13 de junho o interrogatório de Jairo Souza Santos Junior, o Jairinho. Ele será ouvido em nova data a pedido da defesa, que citou decisão de habeas corpus da 7ª Câmara Criminal que autorizou e determinou a oitiva do perito assistente, facultando à defesa que o interrogatório seja em ato distinto, com prazo dilatório de cinco dias entre os atos.

Já Monique Medeiros, também ré no processo, foi dispensada pelo juízo de comparecer aos atos a pedido da sua defesa, que argumentou que ela já prestou interrogatório com duração de 11 horas em fevereiro deste ano e que há uma preocupação com a sua integridade física após ameaças sofridas. A defesa destacou ainda que o não comparecimento dela não prejudica a continuidade da prestação jurisdicional.


Os interrogatórios de Monique Medeiros e Jairo Souza dos Santos Júnior, o Dr. Jairinho, acusados da morte do menino Henry Borel, transcorridos em fevereiro deste ano, ajudam a explicar a diferença das decisões. Dr Jairinho optou por permanecer em silêncio, direito previsto constitucionalmente. Ele afirmou não se sentir preparado ainda para falar e disse aguardar o acesso a documentos, como exames, imagens do hospital e do Instituto Médico Legal (IML) e folhas de prontuário, para que venha a se manifestar posteriormente. A defesa de Jairinho solicitou que não fossem feitas imagens do réu durante seu depoimento.

Em seguida, emocionada, Monique Medeiros, mãe de Henry, fez uma retrospectiva detalhada da sua vida, contando fatos, de modo cronológico, da sua criação em Bangu, suas atividades profissionais até seu relacionamento com Jairinho, passando pelo seu casamento com Leniel Borel, pai de seu filho, e pela crise vivida pelo ex-casal após o nascimento de Henry, acirrada na pandemia, quando vieram a se divorciar.

Em seu interrogatório, Monique afirmou que o seu filho era “dócil, amoroso, sorridente, feliz e especial, um anjo”. Ela também relatou agressões cometidas contra ela por Jairinho, citando episódios de violência física, verbal e psicológica.

Monique relembrou o episódio ocorrido em fevereiro de 2021, quando a babá relatou, por whatsapp, uma suposta agressão de Jairinho à criança. Ela disse que Thainá, a babá, inicialmente mandou mensagens avisando que Jairinho havia chegado mais cedo em casa e que estava no quarto com Henry. Às 17h42, Thainá conta para Monique que o menino estava se queixando de dores no joelho.

“Muitas pessoas me julgaram como se eu tivesse ficado quatro horas no salão após saber da possível agressão. Assim que eu soube da queixa do Henry, fui para casa, onde cheguei por volta de 18h”.

No dia seguinte, 13/2, Monique Medeiros disse que levou o filho ao hospital, onde após atendimento e Raio X, não foi constatada lesão. Ela disse ter acreditado que o menino havia escorregado e caído da cama.

No dia da morte de Henry, Monique disse que deixou o menino dormindo em seu quarto e seguiu para a sala, onde jantou e bebeu vinho com Jairinho. Após tomar remédios oferecidos pelo ex-vereador, deitou e dormiu no quarto de hóspedes. Por volta de 3h40 da manhã, ela afirmou ter sido acordada por Jairinho, que relatou que, após ouvir um barulho vindo do quarto, encontrou Henry caído no chão.

“Quando cheguei no quarto, o Henry estava deitado, descoberto, a boquinha aberta. Vi que tinha algo errado, as mãos e os pés dele estavam gelados. Carreguei meu filho nos braços para o hospital. Mas eu achava que ele estava vivo o tempo todo. Somente Deus, Henry e Jairinho sabem o que aconteceu naquela noite. Infelizmente meu filho não está mais aqui para contar”.

Monique também afirmou ter recebido diversas ameaças de morte de detentas e de uma advogada, ligada à família de Jairinho. No despacho, a juíza cita as ameaças como um dos fatores para dispensar a mãe de Henry Borel de novo comparecimento ao tribunal, na fase de instrução.

Processo nº 0066541-75.2021.8.19.0001

Fonte: Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro

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