Começa nesta segunda-feira, a vigésima edição da semana nacional de Museu, que segue até o dia 22 de maio em todo o país. O tema deste ano é O Poder dos Museus. Na programação, muitas atividades como teatros, seminários, exposições, lançamentos de livro, workshops. Este ano, participam 877 museus. Ao todo, estão inscritas 379 cidades de 26 estados.
Para o Instituto Brasileiro de Museus – Ibram, esse poder está presente em ações de pesquisa, preservação, conservação e educação como agentes sociais e espaços que transformam vidas. É um convite à reflexão sobre a importância e o papel dessas instituições para a sociedade, como explica Carla Cruz, diretora do departamento de difusão, fomento e economia do Ibram.
Ouça no podcast do Eu, Rio! a reportagem da Rádio Nacional sobre a XX Semana Nacional do Museu
Um dos participantes na região Norte é o museu Paraense, Emílio Goeldi, um dos mais antigos e populares do Brasil. Ele abriga um parque zoobotânico e preparou uma programação especial para os visitantes. O museu científico completou 155 anos de existência, é um espaço que promove pesquisa, dedicado a história natural e humana da Amazônia.
O diferencial deste museu é que procura manter diálogo com a população local, como explica a Coordenadora de Comunicação e Extensão, Joice Santos. E se o tema da Semana Nacional dos Museus é O Poder, o Emílio Goeldi é um espaço que tem muito a destacar, afirma segundo Joice Santos.
A programação completa dos museus da região Norte e de todo país pode ser acessada no site do Ibram: gov.br/museus ou no perfil do Ibram nas redes sociais. O Ibram divulgou em seu site um documento que explica o contexto em que o evento, desdobrado em cidades de todo o Brasil, completa vinte anos:
"O ano de 2022 tem no Brasil uma configuração especial. Comemora-se o bicentenário da independência, um processo que antecede o ano de 1822 e que se projeta no Brasil contemporâneo.A memória também nos traz em 2022 o centenário da Semana de Arte Moderna, cujos modernismos antecedem e sucedem o ano de 1922, que também é marcado pela viagem moderníssima de “Les Batutas” (Pixinguinha, Donga, China, Nelson Alves, José Alves de Lima, Sizenando Santos ou Feniano e José Monteiro) para Paris, onde permaneceram por seis meses fazendo apresentações. Eis um movimento que vai além do apenas moderno.
O ano de 2022 também nos traz a memória dos 50 anos da Declaração da Mesa Redonda de Santiago do Chile (Icom), documento decisivo para a fundação de uma nova imaginação museal no Brasil, na Ibero-América e um pouco por todo o mundo. Os valores da Declaração da Mesa Redonda de Santiago do Chile foram referendados em 2015 pela Unesco, por meio da Recomendação sobre a proteção e a promoção dos museus e coleções, de sua diversidade e de sua função na sociedade. Clara indicação de que estamos lidando com processos e não datas fixadas num calendário.
Vamos comemorar também em 2022, entre tantas outras datas redondas e poligonais, os 30 anos do I Encontro Internacional de Ecomuseus, a realização da Eco-92 e a celebração dos 20 anos das comemorações no Brasil da Semana Nacional de Museus.
A Semana Nacional de Museus é uma das ações da Política Nacional de Museus do Instituto Brasileiro de Museus - IBRAM, construída e proposta de forma articulada com o setor museal brasileiro, e que tem como propósito mobilizar os museus de todo o país a partir de um esforço de convergência de suas programações em torno de um mesmo tema.
Há 45 anos, a escolha do tema é proposta anualmente pelo Conselho Internacional de Museus – ICOM, para o Dia Internacional dos Museus, celebrado no dia 18 de maio. Nesta data, convidam os museus, profissionais e comunidades museais a criar, imaginar e compartilhar ações voltadas para o diálogo com os seus públicos e territórios, fortalecendo o reconhecimento e a visibilidade dos museus.
A vigésima Semana Nacional de Museus traz o tema: O Poder dos Museus. É de grande importância reconhecer o Poder dos Museus. Isso pode ser libertador. Os museus vêm se mostrando instituições capazes de se reinventar em momentos de crise, ao longo dos tempos históricos, ao qual podemos perceber seu poder de auxiliar as sociedades a se reconhecerem e transformarem as suas realidades. Se, por um lado, é possível falar no Poder dos Museus e seu caráter emancipador; por outro, é possível também reconhecer os Museus do Poder e seu caráter controlador, domesticador.
O Poder dos Museus está presente em suas ações de pesquisa, preservação, conservação, educação, comunicação, ação cultural, gestão, inovação tecnológica, cumprimento de suas funções sociais e criação de repertórios para o futuro. Os museus são construtores de futuro e por isso são poderosos.
O Poder dos Museus habita em sua potência polifônica, política, poética e pedagógica. Em tempos de pandemia o Poder dos Museus foi reafirmado e reafinado. Não foram poucos aqueles que atuaram de modo decisivo a favor da saúde, da cura (assumindo outras curadorias); não foram poucos aqueles que exercitaram o poder terapêutico, o poder de produzir arte, cultura, alegria, amor e mais vida.
Atravessar o período da pandemia em escala mundial exigiu um esforço de resistência e transformação por parte do setor museal, visando mitigar os impactos sem precedentes em sua dinâmica e interação com os seus públicos, bem como nos setores produtivos e profissionais envolvidos.
Tudo isso é demasiadamente humano e relevante. Registre-se, no entanto, que o modo de olhar e ver, o ponto de fuga e a perspectiva adotados para lidar com o passado, o presente e o futuro, fazem toda a diferença. O Poder dos Museus não é um dado, é uma construção. É uma potência em devir. É um devir museal.
Com essa provocação para refletir e criar ações que permitam discutir sobre o Poder dos Museus em uma sociedade contemporânea é que o Ibram comemora a vigésima Semana Nacional deMuseus, com a marca de 14.358 participações e aproximadamente 43.544 eventos realizados em todo o território nacional, desde a sua criação em 2003.
Todo esse cenário nos leva a compreender o papel estratégico dos museus na contemporaneidade, como agentes sociais e espaços que transformam vidas. E diante desses desafios, o Ibram e o ICOM Brasil convidam as instituições museais e culturais brasileiras a pensarem, no contexto de suas realidades, o poder que os museus exercem no campo das ideias e de sua atuação social.
Durante a vigésima Semana Nacional de Museus vamos celebrar juntos o Poder dos Museus conectados à vida, à memória, à saúde, à cultura, à arte, à ciência, ao passado, ao presente e ao futuro; em síntese: ao amor e sua potência transformadora."
Fonte: Instituto Brasileiro de Museus