Mais de 200 profissionais de educação da rede pública municipal de Mesquita fizeram uma paralisação de 24 horas e uma manifestação na porta da sede da prefeitura nesta quarta-feira (18). Eles tentaram ser recebidos pelo Secretário de Governança (que também abrange a Educação), Fábio Baiense, ou mesmo pelo prefeito Jorge Miranda. Porém, nenhum dos dois recebeu a categoria, mesmo estando no prédio.
A manifestação teve faixas e cartazes com palavras de ordem denunciando o descaso do poder público com o ensino, além de um caixão mostrando o “enterro da educação pública”. Segundo o Sindicato Estadual dos Profissionais de Ensino (Sepe) – Núcleo Mesquita, que promoveu a greve e o ato, Baiense, mesmo sendo procurado em seu gabinete por uma comissão dos manifestantes, não os respondeu diretamente. A procuradora geral do município, Cláudia Dantas, recebeu os professores e pediu a pauta de reivindicação. De acordo com o Sepe, está programada uma nova manifestação no próximo dia 25.
As reivindicações da categoria são a recomposição salarial dos servidores da Educação; o retorno do auxílio-transporte e fim dos descontos; a autorização para que os servidores se alimentem em seu local de trabalho ou concessão de auxílio-alimentação; o cumprimento das decisões judiciais em favor da categoria; o arquivamento dos PADs (processos administrativos) contra servidores que regularizaram sua situação, em obediência à lei; o retorno da licença sindical; a criação de canais de diálogo entre o Poder Executivo Municipal e os conselhos escolares; a manutenção dos canais de interlocução entre o Sepe e a gestão municipal; a retomada das jornadas municipais de educação e dos seminários; melhores condições materiais de trabalho; equiparação salarial dos inspetores de escola; chamada dos aprovados nos concursos públicos já realizados e organização de novos concursos; manutenção da qualidade da merenda escolar; e fornecimento de uniformes aos alunos da rede.
A Prefeitura de Mesquita divulgou uma nota sobre a manifestação:
“Representantes do Sepe-RJ (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Estado do Rio de Janeiro) foram recebidos nesta data, por volta das 11h, pela procuradora-geral do Município. Na oportunidade, lhes foi franqueada a apresentação de suas pautas, as quais focaram, especialmente, em temas que são objeto de atual discussão judicial. Em nome da boa fé, da transparência e em prestígio às decisões do poder judiciário, é o que se tem a informar, no momento”.
Em carta aberta à população, o Sepe questionou o fato do prefeito ter indicado a procuradora a receber os educadores.
“Carta aberta ao povo mesquitense!
A gestão Jorge Miranda comete mais um ato de desrespeito à categoria.
Centenas de profissionais da educação realizaram um ato potente na porta da prefeitura, durante toda a manhã e parte da tarde desta quarta-feira (18/05), para serem recebidos pelo novo secretário de governança, Fabio Baiense, ou mesmo pelo prefeito Jorge Miranda.
No entanto, nenhum dos dois dialogou com a categoria. O secretário Fabio Baiense se encontrava na prefeitura e poderia receber os representantes dos servidores. Mas, mesmo sendo procurado em seu gabinete pela comissão eleita em assembleia, não respondeu diretamente aos educadores, que ainda assim tentaram de todas as formas criar pontes para um debate democrático e republicano com a gestão municipal.
Cabe destacar: desde quando a procuradoria do município passou a ser responsável por atender às demandas salariais e pedagógicas dos profissionais da educação de Mesquita?
Cada profissional de educação que estava no ato é a prova viva de que essa nota não corresponde a toda a realidade dos fatos.
Estaremos mais unidos e fortes para a próxima paralisaçãoato, na quarta-feira (25/05), conforme decisão da assembleia convocada hoje, no próprio Paço Municipal.
Marcharemos juntos, da praça de Edson Passos até a prefeitura, para sermos recebidos por Fábio Baiense eou Jorge Miranda.”
Segundo um professor da rede, que preferiu não se identificar por temer represálias, a procuradora tentou enganar a categoria. “A procuradora tentou nos dar um golpe. Disse que o prefeito estava em reunião, que ela queria saber a pauta, pois não estava sabendo de nada. Falou que tinha de receber a pauta antes do prefeito e do secretário. Falamos que a conversa seria com o Fábio Baiense ou com o Jorge Miranda e que não iríamos tratar de questões salariais e pedagógicas com a procuradora. Ela disse que eles não iriam receber a gente. Então, saímos da sala. Ela colocou na nota como se tivesse nos recebido. Não fomos”, relatou o educador.