Um prejuízo que recai no bolso do consumidor. Além de deixar de recolher para o estado, por ano, R$ 400 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), a Light acaba por repassar o valor dos gatos para o cliente. Com isso, a conta de luz vem 17% mais cara do que deveria. E mesmo assim, o prejuízo com o furto de energia é de R$ 1,5 bilhão.
Você já deve ter visto essa cena: postes de luz com emaranhados de fios em becos e vielas de comunidades carentes no Rio de Janeiro. Mas, e se você descobrisse que os maiores ladrões de energia estão em áreas nobres da cidade? Dados fornecidos pela concessionária revelam que 52% de todo o furto de energia da área coberta (22% de toda a energia, o que equivale ao consumo residencial do Espírito Santo por 1 ano) está em áreas de pessoas com maior poder aquisitivo, classes A, B e C (Barra da Tijuca, Jacarepaguá, Recreio, Vargem Grande, etc).
Já os outros 48% estão em áreas consideradas de risco e é justamente onde se torna mais difícil o combate, pois as equipes não conseguem entrar para resolver o problema.
Quem não se lembra do caso do condomínio de luxo, em Vargem Grande, onde residia o ex-goleiro do Flamengo, Muralha, em que foram verificadas 10 ocorrências de furto de energia, inclusive na casa do jogador?
A publicitária Ana Karina Martins, moradora do Engenho Novo, adoraria pagar apenas pelo que consumiu. "Já sofremos tanto com impostos e taxas que acabamos nem sabendo exatamente o que está atrelado ao valor. É claro que a empresa tentará diminuir suas perdas, repassando o prejuízo ou parte dele pra nós. Essa cultura de furto não condiz com o nosso discurso contra a corrupção e é crime da mesma forma", reclama Ana.
Outro problema causado pelo famoso gato é a falta de luz em alguns locais. 70% das interrupções de energia ocorrem em áreas onde há elevados índices de furto de energia, pois os gatos sobrecarregam os transformadores que estão configurados para atender a um determinado número de clientes por região.
Como se não bastasse todos esses transtornos, roubar energia é crime e pode dar até 8 anos de prisão, de acordo com o artigo 155 do Código Penal brasileiro.
A Light alega que realiza vistorias periódicas para combater o furto de energia, mas diz contar com a ajuda da população. Na área da agência virtual, no site da concessionária, o consumidor pode denunciar caso haja suspeita de gato e pode se identificar ou não. E, em parceria com o disque denúncia, a empresa lançou o site "Rio sem gato de luz", onde também a pessoa pode descrever o que lhe parecer suspeita de furto.