Idealizado, produzido e dirigido por Bruno e Jane Saglia, o “1º Festival de Cinema de Vassouras – No Vale do Café”, na região Centro Sul do estado do Rio de Janeiro, reuniu expoentes e representantes do audiovisual nacional e foi um sucesso de crítica e público, levando cerca de 18 mil pessoas ao longo dos cinco dias de programação. Prova cabal do fato foram as palavras do “papa” do cinema brasileiro, Luiz Carlos Barreto, 94 anos, produtor e diretor de mais de 50 filmes desde 1962, que veio ao evento com sua esposa, Lucy Barreto; seu filho, o também cineasta Bruno Barreto – de “Dona Flor e Seus Dois Maridos” e “O Que é Isso, Companheiro?” -; netos e bisnetos. A Família Barreto, além de comandar um painel sobre Direção no Audiovisual, no Centro Cultural Cazuza, e de também ganhar estrelas na “Calçada da Fama” do Centro de Convenções (além do próprio festival, de Paulo José e Carlos Vereza), aproveitou a ocasião para comemorar mais um ano de vida de Luiz Carlos.
Luiz Carlos Barreto e família inaugurando sua dstrela na Calçada da Fama do Centro de Convenções de Vassouras.
“Este festival completou um círculo de apoio ao cinema brasileiro, juntamente com Gramado/RS, Brasília/DF, Rio de Janeiro/RJ e Fortaleza/CE, e tem aspectos particulares: é realizado numa cidade acolhedora e majestosa, sem os defeitos das metrópoles modernas. A convivência humana é maior, as pessoas se encontram e um evento de cinema precisa disso: o intercâmbio. Desde já, apesar de ser a primeira edição, já classifico o de Vassouras como sendo o melhor festival do cinema brasileiro, sem nenhum espírito de bajulação, pois foi surpreendente! Gramado e Brasília, por exemplo, estão muito aquém em termos de organização e representatividade, já que houve uma excelente seleção de filmes e curadoria, que escolheu películas de novos realizadores que precisamos conhecer”, disse “Barretão”, como é conhecido o cineasta.
Bruno Barreto, Luiz Carlos Barreto, Lucy Barreto e Paula Barreto.
Noite de Abertura
Na noite de abertura, o evento teve a apresentação do casal Thaila Ayala e Renato Góes. O Festival, marcado também pela diversidade, destacou nomes como Eduardo Moscovis, Marcos Pasquim, Vanessa Gerbelli, Murilo Rosa, Ana Rosa, Fernando Alves Pinto, Roberto Birindelli, Simone Spoladore, Narjara Turetta, Lu Gramaldi, Jackson Antunes, Nando Cunha, Adriana Birolli, Georgina Castro, Maytê Piragibe e Karine Telles, entre outros.
Atriz Adriana Birolli participou de painel no Centro Cultural Cazuza
Uma vasta programação com base no Centro de Convenções General Sombra, além de ações paralelas, como painéis no Centro Cultural Cazuza, em sua grande maioria mediados pela atriz Larissa Maciel, deram a tônica. “Foi muito bacana acompanhar o surgimento de um novo festival, já que estive em todo o evento. A cidade nos abraçou e foi importante essa movimentação da economia local. Pude ver de perto as escolas do município trazendo os alunos para participar da programação, mais de mil crianças passaram pelas mostras e paineis. Espero que tenham muitas edições no futuro, pois precisamos deste investimento na cultura”, afirmou Larissa.
Atriz Larisa Maciel esteve em todos os dias do evento.
Artistas exaltaram o evento
“Só tenho que parabenizar o festival, pois nunca a cultura foi tão desvalorizada em nosso país. Passamos dois anos de pandemia sem poder nos expressar artisticamente. Então, este evento foi de uma importância vital, já que toda manifestação em favor da cultura é fundamental neste momento”, ressaltou a atriz Ana Rosa, recordista de participações em novelas brasileiras.
Ana Rosa: "importância vital"
Já o ator Marcos Pasquim estava extasiado com o festival. “Eu amei, a cidade é linda, nunca tinha vindo em Vassouras! Soube que já foi locação de diversos filmes e novelas e, no futuro, pode virar um polo de audiovisual e cinema. Quanto mais municípios puderem ter eventos como este será melhor para a cultura nacional”, pontuou Pasquim.
Pasquim ficou extasiado com o Festival de Cinema de Vassouras.
A atriz Vanessa Gerbelli classificou o festival como “um alento”. “Estamos precisando muito disso. Nós, artistas, somos doação pura, ficamos gestando personagens e obras e realmente precisamos do público para aplaudir. Um evento como esse traz um cenário de reverência, de fomentar cultura, colocar uma luz brilhante sobre o cinema. Nos sentimos acarinhados. Precisamos dessas ‘ilhas de consciência’ sobre a importância da arte”, revelou.
Vanessa Gerbelli: "ilhas de consciência".
Sempre atencioso, o ator Murilo Rosa destacou que seus pais possuem uma fazenda próxima a Vassouras e exaltou a beleza da localidade. “Trata-se de um evento muito charmoso nesta retomada. Estou muito contente em rever pessoas, amigos e com a estrutura do festival. Nosso cinema sempre foi potente e precisamos de festivais para mostrar essa força para que novos e antigos talentos possam se encontrar, trocar ideias, discutir projetos”, disse Murilo.
Murilo Rosa: discussão de projetos artísticos
Homenagens a Carlos Vereza e Humberto Martins
Um dos grandes momentos do festival foi a entrega do troféu Paulo José, uma reverência ao artista que morreu no ano passado. O veterano Carlos Vereza, que participou de todo o Festival, recebeu a honraria. Ele também foi homenageado pela imprensa presente ao festival por sua simpatia e disponibilidade.
O ator Carlos Vereza foi homenageado pela imprensa presente ao festival por sua simpatia e disponibilidade.
Também foi inaugurada, na sede da prefeitura municipal de Vassouras, a Sala Carlos Vereza. O auditório da prefeitura local passou a ter o nome do renomado artista. O veterano das artes, de 83 anos de idade, com mais de 60 de carreira, era a imagem da emoção. Ele ainda ganhou uma estrela na Calçada da Fama, mais um legado do Festival, no Centro de Convenções. “É uma homenagem que vou levar para a vida, ainda mais se tratando de um amigo como foi Paulo José, que trago no coração”, disse Vereza, lembrando de outro homenageado na Calçada da Fama.
Por sua contribuição às artes ao longo de bem-sucedidos 35 anos de carreira, o ator Humberto Martins foi outro homenageado durante o 1º Festival de Cinema de Vassouras, no Vale do Café. O artista deu nome à aconchegante sala de cinema retrô, instalada no Hotel Santa Amália, um dos mais antigos e tradicionais da cidade.
Noite de Premiação
O “1º Festival de Cinema de Vassouras – No Vale do Café”, contou com um time de peso formando o júri técnico: André Ramiro, Juarez Pavelak, Hamilton Moss, Jesse Marmo, Bia Oliveira, João Atala, Paula Barreto, Priscila Rosário, Beth Filipeck e Thaila Ayala.
Com o Centro de Convenções em noite de gala e tapete vermelho, a festa de premiação foi apresentada com bom humor pelos atores Caco Ciocler e Maytê Piragibe, dupla que garantiu momentos de descontração e que, acima de tudo, ressaltou a importância de um evento que exalta a arte acima de tudo. “Neste momento pós-pandêmico, em que a cultura tem sofrido tanto, essa ação mostra que a cultura brasileira está viva. É um investimento no setor de cinema e um momento histórico para a cidade de Vassouras!”, disse Ciocler. Já Maytê mostrou seu encantamento com o Vale do Café, localidade que não conhecia. “Estou com brilho nos olhos. A área é histórica e tem um legado cultural de formação do Brasil, um ponto turístico incrível. Podendo aliar isso com o cinema e dar visibilidade à nossa arte é uma conquista sem tamanho”, afirmou.
Maytê Piragibe e Caco Ciocler apresentaram a premiação em noite de gala.
Fechando com “chave” e “grão de ouro” - nome do troféu -, Bruno Saglia – que foi empossado como presidente do Vassouras Film Commission, mais um legado do Festival, anunciou a continuidade do evento. Em 2023, Vassouras vai sediar o Festival Internacional de Cinema. “O mais bonito do festival foi o que ouvi de um aluno que disse nunca ter ido ao centro de Vassouras e assistido a um filme. É para isso que promovemos eventos de cinema!”, revelou Bruno.
Bruno e Jane Seglia foram os promotores do 1º Festival de Cinema de Vassouras – No Vale do Café.
“Ela e Eu” foi o grande vencedor do “Troféu Grão de Ouro”, uma referência ao café, com cinco prêmios: Melhor Filme, Melhor Ator (Eduardo Moscovis), Melhor Atriz Coadjuvante (Mariana Lima), Melhor Edição de Som e Melhor Roteiro. Outro destaque da noite de premiação foi o Melhor Curta-Metragem Nacional, “Talvez eu nunca tenha amado”, película que representou o estado de Sergipe, que também abocanhou o “Grão de Ouro” de Melhor Direção, com André Aragão, e Melhor Roteiro.
Vencedores receberam o Troféu Grão de Ouro.
“É importante falar que a classe artística e a produção cultural estão tendo pouco ou nenhum apoio governamental no país. É sempre fundamental, então, que apareçam festivais como este de Vassouras, com uma curadoria interessante e um senso seletivo de filmes. A cidade fica no meio do eixo Rio-São Paulo, de fácil acesso à população destes dois estados e movimenta o comércio do município. Sobre o filme, espero que ‘Ela e Eu’, com estes prêmios, alcance o maior número de salas de cinema possível. Desta forma queremos dialogar com o público: artisticamente, propondo arte e discussão, e que isso reverbere de uma forma boa”, ressaltou Moscovis.
Eduardo Moscovis quer propor arte e discussão.
Vencedores do “1º Festival de Cinema de Vassouras – O Vale do Café”: