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IPEA reduz de 3% para 1,7% previsão de alta do PIB

Incerteza eleitoral, greve dos caminhoneiros e piora internacional desaceleram o Brasil este ano. Para o ano que vem, expectativa é de maior crescimento: 3%

Por Anderson Madeira em 28/06/2018 às 15:11:58

José Ronaldo de Souza Júnior, diretor do IPEA, apresenta documento sobre conjuntura econômica. (Bruno Lima / Ipea)

A previsão de alta do PIB (Produto Interno Bruto) para este ano foi reduzida de 3% para 1.7% pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). O PIB é o conjunto de bens e serviços produzidos no País ao longo de um ano. Para o ano que vem, 2019, a previsão de alta do PIB 2019 é de 3%. A inflação prevista para o próximo ano é de 4,25%; 4% em 2020 e 3,75% em 2021.

A desaceleração para este ano deveu-se à greve dos caminhoneiros, em maio; a piora no cenário internacional e o aumento da incerteza no Brasil, devido às eleições de outubro. Essas foram as razões apontadas na Carta de Conjuntura do segundo trimestre de 2018, apresentada nesta quinta-feira pela manhã na sede do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), no Centro do Rio.

Segundo o documento, a economia brasileira apresentou forte volatilidade ao longo do segundo trimestre. Esse aumento da instabilidade refletiu uma mudança do cenário externo e uma piora das condições internas do país. Os impactos diretos dessas mudanças são o aumento da incerteza e a piora das previsões macroeconômicas, que foram revisadas.

Na Síntese de maio - Crescimento desacelera no início do ano, mas retomada continua - da Carta de Conjuntura, divulgada antes da greve dos caminhoneiros, já se registrava que os dados abaixo do esperado no primeiro trimestre deveriam ensejar uma revisão das previsões do Grupo do IPEA.

Dois fatores com origem nos Estados Unidos parecem ter influenciado mais fortemente a economia brasileira. O primeiro foi a perspectiva de uma elevação mais rápida dos juros pelo Federal Reserve (FED), o banco central americano. O segundo, mas não menos importante, foi o recrudescimento das medidas protecionistas contra importações naquele país.

O principal impacto desses quadros sobre o Brasil tem sido a pressão sobre a taxa de câmbio, que já desvalorizou 20% contra o dólar desde o final de janeiro. O que é o dobro da variação média de 10% das moedas de países emergentes, indicando que fatores específicos à economia brasileira estariam amplificando os efeitos do choque externo.

Indefinição sobre ajuste das contas é maior causa de instabilidade

No plano interno, a instabilidade tem estado relacionada principalmente, já há algum tempo, à indefinição de como será enfrentado o problema fiscal. A greve dos caminhoneiros representou um choque de oferta negativo sobre a economia, significativa perda de produto e aumento de preços, com impactos diretos e indiretos sobre as contas públicas. A greve pode ter piorado a percepção de risco dos agentes em relação ao ambiente econômico e político - já naturalmente elevada em face das incertezas do quadro eleitoral, tornando-os ainda mais cautelosos em suas decisões de consumo e investimento.

De acordo com o documento do IPEA, o déficit em conta corrente brasileiro tem se mantido relativamente baixo nos dois últimos anos: depois de alcançar cerca de 4,5% do PIB no início de 2015, baixou para 0,6% nos doze meses encerrados em maio. Os investimentos diretos no país são mais de cinco vezes superiores ao déficit em transações correntes, e o volume de reservas internacionais no Banco Central é superior à dívida externa do setor público.

A instabilidade da moeda, portanto, está claramente relacionada às perspectivas internas, especialmente à indefinição de como será enfrentado o grave e estrutural problema fiscal.

José Ronaldo de Souza Júnior, diretor de Macroeconomia do Ipea, prega que é necessário avançar nas reformas trabalhista e previdenciária e cortar gastos. Aprimorar a reforma trabalhista aprovada no ano passado é essencial. Com relação à Previdência, é preciso idade mínima para se aposentar e não por tempo de serviço como é hoje. Uma policial, por exemplo, se aposenta aos 45 anos de idade. Com o aumento da qualidade de vida, aumenta também a expectativa de vida. O que impacta na Previdência. Também não é mais possível aumentar o salário acima da inflação. A situação não é mais como antes. O ajuste fiscal é necessário para a economia se recuperar. Tem que analisar o mapa regulatório dos setores administrados, como petróleo e energia, por exemplo, explicou.

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