Um interno do Departamento de Ações Socioeducativas (Degase) que foi condenado pela morte de um PM foi agraciado com uma viagem para Brasília onde participou do projeto "Multiplicador de Saúde". A.S.A, de 18 anos cumpre medida socioeducativa no Centro de Atendimento Intensivo de Belford Roxo (CAI-Baixada), unidade localizada no bairro Bom Pastor.
Ele foi condenado pelo sequestro e assassinato do cabo da Polícia Militar Thiago Rodriguez da Silva, de 32 anos, quando saía de casa, no bairro Jardim Nova Era, em Nova Iguaçu. No dia 22 de Agosto de 2017, o policial foi assassinado por A. e por outro criminoso, Ítalo Peçanha Bernardino, de 20 anos.
O policial foi rendido e levado pelos criminosos dentro do próprio carro, quando teria tentado reagir e foi baleado na cabeça, vindo a óbito. Thiago deixou esposa e três filhos.
A. cumpre medida de internação - quando o menor é totalmente privado da liberdade - desde então, onde responde pelo homicídio e por associação para o tráfico de drogas na comunidade do Danon, também em Nova Iguaçu.
Segundo relatos de agentes, ao contrário dos demais deslocamentos, onde os internos são conduzidos algemados e uniformizados, A. foi levado sem algemas e sem uniforme. Diferentemente do protocolo de segurança do Degase, onde os deslocamentos externos como conduções hospitalares, audiências e transferências entre unidades do Departamento são realizadas por dois agentes de segurança, também uniformizados, A. foi conduzido por um servidor desviado de função - que deveria atuar como agente mas trabalha há anos como professor de teatro no local - e uma assistente social.
De acordo ainda com os agentes, quando perguntado sobre o teor do projeto, o interno disse não saber ao certo do que se tratava.
Em nota, o Degase esclareceu que o jovem viajou até Brasília, nos dias 19 e 20 de novembro, para participar da culminância do projeto “Multiplicadores da Saúde”, do Ministério da Saúde.
Neste projeto, o Ministério da Saúde, por meio da Coordenação Geral da Saúde de Adolescentes e de Jovens do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) selecionou a ação “Adolescentes promotores e multiplicadores de saúde do Novo Degase: uma experiência de protagonismo juvenil socioeducativo” entre as vinte experiências mais bem sucedidas da 3a edição do Laboratório de Inovação na Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens (2017/2018).
O objetivo do Laboratório de Inovação foi apontar experiências que se destacam em cinco eixos temáticos: Agenda Proteger e Cuidar de Adolescentes na Atenção Básica, Participação Juvenil, Integralidade das ações de saúde para adolescentes que estão em Sistema Socioeducativo, Educação permanente de profissionais em saúde e Interculturalidade e gênero.
A atividade vai ao encontro da missão do Departamento, que é a seguinte:
Promover sócio-educação no Estado do Rio de Janeiro, favorecendo a formação de pessoas autônomas, cidadãos solidários e profissionais competentes, possibilitando a construção de projetos de vida e a convivência familiar e comunitária.
Segundo o órgão, é importante afirmar que o atendimento realizado pelo Degase não diferencia os jovens em conflito com a lei por conta de seus atos infracionais.
O Degase ressalta que os custos com as viagens dos jovens foram arcados pelo Ministério da Saúde e as autorizações, através dos devidos processos legais, foram concedidas pelo Ministério Público e pelo Juiz local.