A assistente social Márcia Quannyn focou a sua carreira na ajuda às pessoas enlutadas, trabalho que vem realizando desde 2011, quando fundou o grupo Amigos Solidários na Dor do Luto, além de coordenar o Projeto A Vida Não Para, ambos desenvolvidos no Rio de Janeiro. Foram destes coletivos que surgiram os personagens da obra Oito Histórias de Saudade, de sua autoria e lançado no dia 26 de novembro, na União Escoteiros do Brasil, no Centro, onde são realizadas regularmente as palestras sobre luto.
Quannyn foi pioneira no estado na realização de reuniões presenciais para discutir a elaboração do luto. O seu projeto foi desenvolvido depois que ela percebeu a enorme carência neste tipo de serviço especializado, fato que, somado à falta de conhecimento da sociedade acerca do tema, costuma levar muitas pessoas aos consultórios médicos.
“Ao longo da minha vida, com as minhas experiências e das pessoas que pude acolher, li muitos livros sobre o luto, e a maioria ensinando a superar tudo. No luto aprendi que nunca há superação, entendo que há uma adaptação à nova vida e maneiras de transmutar toda aquela energia dolorosa em mais energia amorosa”, diz a autora.
A profissional define o seu primeiro livro como uma produção “livre de lições e abundante de compreensão”. O seu objetivo foi de, com os relatos reais dos participantes dos grupos, compartilhar com os leitores as emoções e sentimentos que, geralmente tomam conta de quem perde um ente querido.
Entre os depoimentos que compõem a obra, está o de Josy Anne, que perdeu o pai no acidente com o ônibus da Viação Itaguaí, que despencou do viaduto conhecido como Tobogã, em Itaguaí, na Região Metropolitana, em agosto de 2013. “Pai querido, hoje faz cinco anos que perdi você e a dor da saudade ainda me acompanha. Queria muito que estivesse aqui para conhecer seu neto, pegá-lo no colo”, destaca a homenagem feita por Anne para a obra.
A médica Maiéve Corralo, que assina o prefácio do livro, destaca o perfil profissional da assistente social. “Quando a Márcia me contou sobre o projeto do luto tive certeza que seria um sucesso e que muitas pessoas poderiam ser beneficiadas com tamanha positividade. Porque ela nos faz perceber que sempre existe uma saída, que outras pessoas podem estar precisando da gente e que não podemos nos dar ao luxo de desistir desta vida quando os outros dependem de nós”, frisa Corralo.
A atriz Cissa Guimarães está na lista de seguidores do trabalho de Quannyn e, no ano passado, aceitou o convite para ser madrinha da campanha A Vida Não Para, que tem como escopo a realização de ações em apoio na elaboração do luto. O projeto é desenvolvido quinzenalmente, sempre as quartas-feiras, no Crematório e Cemitério da Penitência, no bairro do Caju, na Zona Portuária.
Após perder uma filha, o casal Maria de Fátima e Carlos Alberto Sobral participam há mais de um ano dos encontros promovidos pela assistente social no Cemitério da Penitência. “Desde então, tenho buscado ajuda, porque é muito difícil conviver com a perda de um filho. Aqui, encontrei muito carinho, amor e apoio. Aqui, cada um fala da sua dor, da sua experiência, isso vai acalentando o coração”, diz Maria de Fátima.
Oito Histórias de Saudade chega às livrarias em breve. No momento, o livro está sendo comercializado no Instituto Maiéve Corralo (Av. N.S. Copacabana, 664 / sala 808, Portaria 5, em Copacabana); no Crematório e Cemitério da Penitência (R. Monsenhor Manuel Gomes, 307, no Caju) e na União Escoteiros do Brasil (R. Rodrigo Silva, 18 / 7° andar, no Centro).