O governador Luiz Fernando Pezão se tornou o primeiro da história do Estado do Rio a ser preso no exercício da função. O mandado de prisão preventiva contra ele é um dos nove expedidos pelo juiz Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça. Pezão tem direito a foro especial, por conta do cargo que ocupa. O supremo mandatário do Estado foi preso por volta das seis da manhã na residência oficial, no Palácio Laranjeiras, no Parque Guinle, enquanto tomava café. Houve um atraso de alguns minutos no cumprimento do mandado porque a equipe da Polícia Federal se dirigiu, por engano, para o Palácio Guanabara, no mesmo bairro. O Guanabara é a sede administrativa, onde o governador despacha. Pelo horário, ele ainda se encontrava na residência oficial. A Operação, batizada "Boca de Lobo", é um desdobramento da Lava Jato, que investiga desde 2014 esquemas de corrupção, cartelização, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro.
Pezão é acusado de receber R$ 150 mil de propina mensal e mais R$ 1 milhão em dois prêmios, no total de R$ 2 milhões
A operação que prendeu o governador envolve a PF e o Ministério Público Federal (MPF). Partiu da delação premiada de Carlos Miranda, operador financeiro do esquema do ex-governador Sergio Cabral, homologada pelo juiz da 7ª Vara da Justiça Federal do Rio, Marcelo Bretas. Miranda denunciou também que Pezão teria recebido R$ 300 mil para uma reforma na sua casa em Piraí, no Sul Fluminense. Três desses mandados de prisão terão que ser cumpridos em Piraí (dois) e Volta Redonda (um). Fischer expediu também 21 mandados de busca e apreensão.
Foi preso também por volta das seis da manhã o atual secretário de Obras, José Iran Peixoto. Contra o antigo Secretário de Obras , Hudson Braga, que já se encontra preso, foi expedido mandado de busca e apreensão. A operação se chama Boca de Lobo numa referência ao nome das aberturas em vias públicas para o escoamento das águas de chuva (bueiros), do quais uma fica bem em frente ao Palácio Laranjeiras.
A Primeira Vez
É a primeira vez que um governador é preso no exercício do cargo, exigindo com isso a anuência do Superior Tribunal de Justiça. Todos os antecessores de Pezão no cargo desde 1998 foram detidos, à exceção de Benedita da Silva, só que depois de deixarem o mandato. São eles: Anthony Garotinho (1999-2002), Rosinha Garotinho (2003-2006), Sergio Cabral (2007-2016), esse o único que continua na prisão, condenado em segunda instância a penas que somam 123 anos de detenção. As condenações são por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Com a ausência de Pezão pela prisão preventiva, assume o cargo o vice-governador Francisco Dornelles, do PP, que esteve licenciado em mais de um período ao longo do mandato para tratar da saúde. Os mandados concedidos pelo Superior Tribunal de Justiça, a pedido da Polícia Federal, são nove de prisão e 21 de busca e apreensão. Entre os alvos da Polícia Federal estão Afonso Henrique Monnerat, secretário de Governo, Marcelo Santos Amorim, sobrinho do governador, e dirigentes de empresas fornecedoras de bens e serviços.