Líderes mundiais estão se reunindo na Argentina para a cúpula anual do G20 em meio a nova tensão com a Rússia sobre a Ucrânia e uma disputa comercial dos EUA com a China. Uma operação maciça de segurança com mais de 25 mil agentes está em andamento para a cúpula da capital argentina, Buenos Aires.
As autoridades estimam a participação de cerca de 15 mil pessoas, incluindo 3 mil jornalistas, na cúpula. O encontro de líderes do G20 completa 10 anos. O primeiro aconteceu em 2008, em meio às preocupações causadas pela crise financeira iniciada no mercado imobiliário norte-americano.
Tensões bélicas
O presidente dos EUA, Donald Trump, cancelou uma reunião com seu colega russo, Vladimir Putin, em protesto contra a tomada de navios ucranianos pela Rússia. Vinte e quatro marinheiros foram presos no incidente do Mar de Azov.
O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, disse que Moscou lamentou a decisão. Mas em sua reação inicial aos relatos do cancelamento, ele disse: "Se for assim, o presidente terá algumas horas extras no programa para reuniões úteis à margem da cúpula".
A chanceler alemã Angela Merkel culpou "totalmente" a Rússia pela crise, e disse que levantaria a questão com Putin. No entanto, a chegada de Merkel à cúpula foi atrasada por uma falha técnica em seu avião. O avião foi forçado a pousar em Colônia, na Alemanha, na noite de quinta-feira. Ela retomou sua jornada, mas não chegará a Buenos Aires até que outros líderes tenham iniciado suas discussões.
A nova Guerra Fria
Já no âmbito econômico, o foco principal recai sobre os Estados Unidos e a China. As esperanças de progresso nas tarifas nas esperadas negociações de Trump com o líder chinês Xi Jinping foram abafadas.
O presidente Trump disse recentemente que os atuais níveis tarifários de 200 bilhões de dólares em importações chinesas subiriam conforme o planejado. Trump ainda ameaçou taxar em outros 267 bilhões a mais as importações chinesas. Falando à repórteres na Casa Branca, ele disse que a China estava interessada em fechar um acordo. “Eu não sei se quero fazê-lo. Eu gosto do acordo que temos agora".
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Zhuang, disse estar esperançoso.
"Esperamos que os EUA possam mostrar sinceridade e encontrar a China no meio do caminho, para promover uma proposta que ambos os países possam aceitar", disse ele à Reuters.
Brasil na jogada
O presidente Michel Temer chegou em Buenos Aires no início da noite desta quinta-feira (29). A agenda presidencial, prevê um encontro com os líderes do BRICS, além de uma reunião informal com os representantes de Singapura, Austrália e com Maurício Macri.
Temer chegou a convidar o presidente eleito Jair Bolsonaro para acompanha-lo, porém, o convite foi negado por questões de saúde. “Disse a ele que, quando ele queira, nós poderemos ir juntos para o exterior”.
A mudança climática promete ser outro grande ponto de discórdia nas negociações.
O presidente francês, Emmanuel Macron, disse à agência de notícias AFP que se recusaria a assinar um acordo comercial com o bloco Mercosul, se o presidente eleito Jair Bolsonaro se retirasse do Acordo Climático de Paris.
Bolsonaro já declarou anteriormente que não pretende remover o país do Acordo, mas sim revê-lo por “questões de segurança nacional, principalmente da Amazônia”.
Arábia Saudita e o assassinato de Khashoggi: O que o príncipe herdeiro Mohammed pode esperar?
A indignação internacional pelo assassinato de Khashoggi, que foi realizada dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul, Capital da Turquia, em 2 de outubro, continuou na quinta-feira, quando o Canadá impôs sanções a 17 cidadãos sauditas supostamente ligados ao seu assassinato.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, disse que vai se encontrar com o príncipe herdeiro e entregar uma mensagem "muito clara".
"Em relação ao Sr. Khashoggi, queremos ver uma investigação completa e transparente sobre o que aconteceu e os responsáveis ??sendo responsabilizados", disse ela.
Afinal, o que é o G-20?
O Grupo dos 20 reúne líderes de 19 das nações mais industrializadas do mundo, além da UE.
Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coréia do Sul, Turquia, Reino Unido e EUA estão representados.
A abertura será nesta sexta-feira (30). A cúpula durará dois dias, e terá como tema principal o “desenvolvimento justo e sustentável”.