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Depois da ação de despejo da Prefeitura, Rocinha busca solução para o lixo

Grupo comunitário vai protocolar abaixo-assinado pedindo melhoria na qualidade do serviço

Por Cláudia Freitas em 30/11/2018 às 22:25:19

Reprodução TV Eu, Rio!

Após a Prefeitura do Rio de Janeiro cumprir ação de despejo do Projeto De Olho no Lixo, no último dia 16, na Rocinha, na Zona Sul da cidade, líderes comunitários da região estão elaborando um abaixo-assinado que deve ser protocolado na Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente (SECONSERMA). A advogada Simone Alves Rodrigues, que reside na comunidade e integra o coletivo Rocinha Sem Fronteiras, conta que a ideia de criar o documento surgiu em uma reunião do grupo, tendo com base um estudo acadêmico realizado pela assistente social Maria Isabel de Carvalho, mestre na área Socioambiental pela PUC/Rio.

"É um problema [coleta regular de lixo] que a gente enfrenta há décadas aqui na Rocinha", afirma a advogada. Rodrigues adianta que o abaixo-assinado tem como objetivo exigir do poder público melhorias no serviço de coleta de lixo na comunidade. De acordo o estudo de Carvalho, a população do bairro não consegue identificar as falhas nas políticas públicas voltadas para o local, atribuindo aos próprios moradores os problemas gerados pelo descarte inadequado do lixo.

"O fato de morar em áreas altas, onde as pessoas descem o morro muitas vezes carregando criança no colo, bolsas de compra, fica mais complicado descer com as sacolas de lixo para jogar nos pontos que a Comlurb estipula. Penso que devemos refletir sobre as questões que estão envolvidas no descarte inadequado", salienta a pesquisadora.

O estudo de Carvalho, desenvolvido para a sua tese de mestrado pelo departamento de Serviço Social da PUC/RJ, na especialidade Sócioambiental, teve foco na visão dos moradores da comunidade sobre o descarte inapropriado do lixo e os elementos motivadores do fato, destacando ainda o perfil geográfico do lugar. "É uma área de vale que tem partes bem altas. E, mesmo assim, o poder público não pensa em serviços que realmente atenda às peculiaridades do local. Vem [se referindo à prefeitura] com serviço pronto, de outras áreas que não têm o perfil geográfico da Rocinha e implanta aqui dentro", diz a assistente social.

Carvalho, na sua pesquisa, aponta como solução para o descarte irregular dos dejetos, ações públicas continuadas de educação ambiental, direcionadas aos estudantes de escolas da região. A dona de casa Eliana Araújo, é a favor dos projetos de conscientização. "As pessoas pegam o lixo e coloca na porta do vizinho, joga no chão, não têm consciência que esta atitude gera um volume de lixo grande, que acaba prejudicando a todos", reclama a moradora.

A Rocinha, com cerca de 90 mil habitantes, de acordo com o censo de 2010 do IBGE, produz uma média de 100 toneladas de lixo, diariamente. Os dejetos são deixados pelos moradores em, aproximadamente, 10 pontos do bairro, estipulados pela prefeitura para esta finalidade. Um dos objetivos do programa De Olho No Lixo era sensibilizar a população da importância da coleta seletiva, visando o reaproveitamento do material reciclável. "Alguns moradores fazem a separação do lixo nas suas casas, mas quando ele chega em pontos estipulados pela Comlurb, o lixo seco acaba se misturando ao orgânico. Mesmo assim, as pessoas mantém esta ação seletiva para colaborar com os catadores que passam antes do caminhão de coleta", conta Carvalho.

O professor de História Roberto Castro de Lucena, afirma que as ruas estreitas e becos do lugar ficam abandonados, entregues a roedores, baratas e outros insetos, o que justifica o elevado índice de doenças de pele e verminose. "Como morador, gostaria de uma coleta de lixo regular, que não seja concentrada nas ruas principais, da mesma forma que é feita no Leblon, no Jardim Botânico, em São Conrado, na Gávea. Ou seja, nos bairros que estão ao redor da Rocinha", diz ele.

Segundo Lucena, a prefeitura não fiscaliza o serviço prestado a comunidade. "A Rocinha produz muita riqueza para os bairros vizinhos, a gente tem muita mão de obra, só que somos desprezados pelo poder público", destaca.

Veja a reportagem mais completa no vídeo abaixo:


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