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Desistência de Garotinho de disputar governo do RJ pode beneficiar Rodrigo Neves

Ex-governador decidirá até sexta-feira (22) decidirá se vai disputar eleição para deputado federal, estadual ou a nenhum cargo

Por Anderson Madeira em 20/07/2022 às 18:41:48

Garotinho. Foto: Agência Brasil

A anunciada desistência do ex-governador Anthony Garotinho (União Brasil) de disputar o Governo do Estado, na última terça-feira (19), e de que ele não apoiará o atual governador Cláudio Castro (PL), que tenta a reeleição, mexeu com o tabuleiro eleitoral no estado.

O ex-governador contou nesta quarta-feira (20) que ontem (19), na reunião da executiva do partido, foi compelido a sair da disputa ao Palácio Guanabara.

“Numa reunião da executiva nacional do União Brasil e da executiva estadual, eu fui comunicado que eu não teria a vaga para disputar o governo do estado. Embora uma grande parcela da população apoie o meu nome e eu tenha construído um programa de governo popular - mas que desagrada alguns setores poderosos do estado -, fui derrotado pela bancada estadual. Eu imaginava que, na escolha do candidato, estariam só os membros do diretório. Mas, pelo estatuto, votam os membros do diretório, os deputados estaduais e os federais. Eu não sabia. Então, tivemos essa comunicação comandada, de fora do partido, pelo governador Cláudio Castro. Desde o início, quando eu me lancei pré-candidato a governador, começaram as perseguições contra mim. Na mesma semana, eu fui retirado do ar da Rádio Tupi. Além disso, o governador vinha, através de seu chefe de gabinete, Rodrigo Abel, enviando cartas falsas para jornais e emissoras de televisão, dizendo que eu não era candidato, falsificando assinatura de gente do partido para que eu não fosse entrevistado. É que eu já havia identificado que este governo está seguindo os mesmos passos do Governo Sérgio Cabral”, afirmou Garotinho.

Segundo o cientista político Paulo Baía, mestre em Ciências Políticas pela UFF, isso poderá beneficiar o pré-candidato do PDT, Rodrigo Neves, que está em terceiro lugar nas pesquisas eleitorais.

“Garotinho, como pré-candidato ao governo do Estado, fazia um reboliço no tabuleiro eleitoral. Ele tem voto fidelizado e, portanto, iria prejudicar muito a campanha de Cláudio Castro e Rodrigo Neves. O eleitor que circula na faixa de Garotinho tende mais ao Cláudio Castro e ao Rodrigo Neves, que agora está junto com Felipe Santa Cruz. Dificilmente esse eleitor tende a Marcelo Freixo. O ex-governador ainda não decidiu o que vai fazer. Mas anunciou que não vai apoiar Cláudio Castro, o que é uma sinalização de que ele pode jogar o seu peso eleitoral na eleição de Rodrigo Neves. Nesse sentido, Neves ganha um reforço muito grande, além do que ele já teve com o apoio de Eduardo Paes”, analisou Paulo Baía.

Na última terça-feira, Garotinho, através de sua assessoria de imprensa, garantiu que até esta sexta-feira (22) decidirá se vai disputar eleição para deputado federal, estadual ou a nenhum cargo. Para isso, conversará com o seu grupo político.

“A assessoria de imprensa do ex-governador Anthony Garotinho informa que ele não vai mais concorrer ao governo do estado. Após reuniões hoje na sede do União Brasil no Rio, ficou acertado que Garotinho não terá a obrigação de apoiar o governador Claudio Castro.

Garotinho decidirá até a próxima sexta-feira se será candidato a deputado federal, estadual ou a nenhum cargo. Para tomar a decisão, terá conversas antes com seu grupo político.

Já Clarissa Garotinho foi anunciada como a pré-candidata ao Senado pelo União Brasil.”

Depois, a assessoria divulgou uma nota complementar, onde Garotinho garante que partiu dele a decisão de desistir da disputa ao Palácio Guanabara.

“A assessoria do ex-governador Anthony Garotinho esclarece que, ao contrário do que vem sendo publicado na mídia, não partiu dele a decisão de não concorrer ao governo do Estado do Rio este ano. A retirada da pré-candidatura de Garotinho foi uma decisão do União Brasil comunicada nesta terça-feira. Garotinho decidirá até a próxima sexta-feira a que cargo concorrerá nas eleições deste ano”.

Segundo Baía, caso Garotinho concorra a deputado estadual, ajudará muito a nominata do partido.

“Eu creio que Garotinho será candidato a deputado estadual pelo União Brasil. Isso dá uma importância enorme à nominata, cria possibilidade de eleição de vários deputados pelo partido. E, com certeza, Garotinho será o deputado estadual mais votado. Com isso, ele inicia um processo de reinvenção de sua figura como político e agente público. Como deputado estadual, ele terá influência real e concreta, seja o governador que for e a composição da Assembleia Legislativa. O que se vai ter é Garotinho como um dos principais deputados estaduais na nova legislatura. Ao mesmo tempo, ele ficará em tempo integral no estado. Ativará, com intensidade, a sua presença em redes sociais, com lives e podcasts regulares, além de seu programa de rádio. E terá uma relação face a face com o eleitorado. Garotinho hoje vive um drama. Ele é muito bem votado num nicho, que pode variar entre 12% a 18% do eleitorado, ao mesmo tempo que não consegue mais, até agora, ultrapassar essa barreira. Isso o coloca como um candidato que não consegue chegar ao segundo turno da eleição de governador. Eu percebi na sua desistência a intenção de disputar como deputado estadual. Ele foi eleito governador muito jovem e chegou a terceiro lugar na disputa presidencial em 2002. Depois, ele foi sofrendo um desgaste, seja por ele mesmo ou seus adversários. Em 2014, ele não conseguiu chegar ao segundo turno e, em 2018, foi impedido de concorrer”, concluiu o especialista eleitoral.

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