A Polícia Civil do Rio prendeu na última segunda-feira (3) um homem que foi acusado de participar de uma sessão de tortura contra uma equipe de reportagem do jornal O Dia em 2008, na Favela do Batan, em Realengo, na Zona Oeste da capital.
David Libertado de Araújo, que estava em liberdade condicional pelo crime, foi preso em Magé suspeito de se passar por agente da DCOD (Delegacia de Combate às Drogas) e de outras delegacias. De posse de camisa, carteira, distintivo e mandados de busca e apreensão falsos, extorquia comerciantes.
Com Davi, foi apreendido um Renault Sandeiro roubado na circunscrição da 54ª DP (Belford Roxo), utilizado como viatura descaracterizada para a prática dos crimes.
Na semana passada, imagens de Davi trajando camisa da polícia civil circularam nas redes sociais e os policiais da DCOD iniciaram uma investigação, que resultou na prisão dele.
Relembre o caso
A tortura contra a equipe de reportagem teve grande repercussão na época. Os jornalistas chegaram a morar por um tempo no Batan para investigar a atuação das milícias no local mas foram sequestrados, torturados e mantidos em cárcere privado em um dos barracos usados como quartel-general dos criminosos.
O interrogatório e as torturas duraram sete horas e meia. A equipe foi submetida a socos e pontapés, choques elétricos, sufocamento com saco plástico, roleta-russa, tortura psicológica e todo tipo de situação vexatória.
Em um dos intervalos entre as sessões de agressões, a equipe identificou o barulho de sirenes iguais às das patrulhas policiais rondando o cativeiro. Mas os homens que chegavam ao local, em vez de socorrer as vítimas, eram solidários aos torturadores.
O cativeiro chegou a ter cerca de 20 milicianos, entre torturadores, incentivadores e espectadores coniventes. As vítimas foram libertadas depois de os criminosos terem passado todo o tempo garantindo que elas seriam torturadas até a morte. A condição seria manter segredo sobre a sessão de agressões.