Pão com manteiga, café, leite, fruta. O café da manhã oferecido a R$ 0,50 a partir das 4h30 aos trabalhadores em estações de transportes coletivos como ferroviárias, metroviárias e rodoviárias têm aliviado um pouco a fome de quem começa o dia cedo e não tem como fazer a refeição classificada pelos nutricionistas como a principal do dia, após longas horas de jejum. São cerca de 500 cafés da manhã servidos em São Gonçalo, Alcântara, Magé e Macaé. Na próxima segunda-feira (1) passa a funcionar também em Itaboraí. A iniciativa do governo do Estado do Rio de Janeiro acontece de segunda a sexta-feira e, até o final do ano, a previsão é de totalizar 59 polos do Café do Trabalhador em todo o Estado, com fornecimento de 42.500 kits/dia.
Cerca de 500 kits são servidos nas quatro unidades, alimentando trabalhadores, estudantes, idosos, público passante das regiões e pessoas em situação de vulnerabilidade. Cada cidadão pode comprar até duas unidades do kit, que acompanha guardanapo, mexedor descartável, sachês de açúcar ou adoçante para cada beneficiário, em sacola plástica para o transporte seguro.
Renato Amaral de Almeida, 55 anos, é aposentado e morador do bairro Bom Retiro, em São Gonçalo, e ganha a vida fazendo pequenos "bicos" na cidade. Ele conta que passava pelo quiosque no Centro todos os dias para trabalhar, até que parou para provar o café:
- Passo aqui todo dia, vi que era para o trabalhador e passei a frequentar. Eu gastava em média R$ 10,00 por dia e agora eu gasto R$ 1,00 (dois kits). E o café é show de bola, tanto é que venho todo dia - comemora.
Atendente no Café do Trabalhador de São Gonçalo, Jupira Alves, de 42 anos, se emociona ao falar sobre os clientes:
- É gratificante trabalhar aqui porque me dá a sensação de que estamos ajudando as pessoas. Fico até emocionada porque muitos moradores de rua vêm aqui com 50 centavos e muitas das vezes é a única refeição deles. Graças a Deus existe essa oportunidade aqui.
Funcionários de empresas de ônibus aproveitam o café cedinho
Na Rodoviária de Alcântara, em São Gonçalo, são atendidos principalmente os funcionários das empresas de ônibus e de empresas ao redor. Por esse motivo, abre mais cedo que as demais unidades, às 4h30. A auxiliar de serviços gerais Tatiane Soares Rodrigues, de 34 anos, aproveita a oportunidade para fazer a primeira refeição do dia junto a uma colega do trabalho, já que, segundo ela, não há tempo de se alimentar em casa por conta do horário:
- A gente pega muito cedo no trabalho e com essa opção ainda dá para economizar. O quiosque abre 4h30, eu pego 6h no trabalho, faço o que tenho que fazer lá e venho aqui tomar o meu café fresquinho - comenta.
A fiscal rodoviária Elaine da Cunha Pinheiro, de 40 anos, lembra que conheceu o lugar por indicação de colegas e acabou se tornando amiga dos atendentes. Para ela, a população em situação de vulnerabilidade é a que mais precisa do serviço:
- Antes de tomar café aqui, eu gastava uma base de R$ 5,00 pela manhã e, agora, gasto só R$ 0,50 com uma alimentação boa: pão, uma fruta que você pode guardar para o almoço e o café. Isso aqui ajuda a matar a fome de quem está na rua também. Pra mim é só uma ajuda, mas para quem está na rua é muito bom. Além disso, os atendentes são maravilhosos, já viraram minha família - afirma.
O programa está em expansão para outras localidades, com pelo menos mais seis pontos até setembro: Santo Antônio de Pádua, São João da Barra, Itaocara, Bom Jesus de Itabapoana, Três Rios e Nova Iguaçu. O município de Santo Antônio de Pádua será o próximo beneficiado. Ao todo, serão 59 unidades espalhadas por todo o estado em estações de transporte coletivo, como ferroviárias, metroviárias e rodoviárias, para a distribuição de 42.500 kits/dia.
Segundo o secretário de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Julio Saraiva, o serviço garante a primeira alimentação de trabalhadores que moram longe do emprego.
- Esse programa surgiu para atender ao trabalhador que percorre um longo trajeto até chegar ao trabalho. Muitas pessoas vão de um município a outro e garantir essa primeira alimentação, balanceada, é fundamental - ressalta o secretário.