"É extremamente grave a situação da Saúde do Município do Rio de Janeiro". A denúncia veio da médica residente do Hospital Souza Aguiar, Natalia Piccolo. Ela faz parte do movimento de greve dos médicos residentes, que solicita da Prefeitura o pagamento da bolsa de ajuda de custo dos meses de outubro e novembro. A médica disse que as promessas de pagamento não estão sendo cumpridas e que os profissionais sofrem com grandes dificuldades financeiras para honrar seus compromissos.
“Na assembleia realizada na semana passada, o representante da Prefeitura esteve presente e afirmou que a bolsa de outubro seria paga nesta quarta-feira, 5, mas nada foi pago. Ninguém nos procurou para dar uma posição. Nossa greve tem um motivo extremamente urgente, existem pessoas com aluguel atrasado. Como ainda mantemos 30% da equipe trabalhando na urgência e emergência, esses profissionais estão gastando o pouco que ainda têm”. A greve dos residentes teve início no dia 3.
Para questionar a falta de pagamento, na tarde desta quarta-feira, representantes dos grevistas pediram uma audiência com o prefeito Marcelo Crivella ou com o secretário da Casa Civil, Paulo Messina, mas foram atendidos por um assessor do prefeito.
“Nessa reunião, foi dito que a Prefeitura está com um grave problema de falta de verba para honrar os compromissos neste último mês do ano. A previsão é que apenas uma bolsa em atraso seja quitada até sexta feira, 7, mas ainda será feita a solicitação à Secretaria de Fazenda para liberar o valor. Foi informado que eles não têm dinheiro para pagar a bolsa que vence em dezembro e que não há previsão”, disse Natália.
Greve só termina após quitação de toda a dívida
“Decidimos em assembleia que só retornaremos da paralisação com a regularização da bolsa de dezembro também. É muito triste essa situação. Não é só a falta de salários, também está faltando medicamentos e insumos, pessoas estão sofrendo por essa má gestão na saúde. Além disso, foi noticiado que a Prefeitura irá liberar milhões para o carnaval. Os recursos para o Carnaval e Réveillon tinham de vir da iniciativa privada para não gastar o dinheiro que está faltando na saúde. Também estão sendo gastos milhões com marketing da Prefeitura”, ressaltou.
A Prefeitura também tinha prometido o pagamento dos residentes nesta quarta-feira para a Federação Nacional dos Médicos (FENAM), mas não cumpriu o prazo. “Temos um entendimento de que não existe residência médica sem bolsa. Estamos aguardando que os compromissos feitos pela Prefeitura sejam cumpridos. Já é o segundo ano que isso ocorre. O Prefeito tinha se comprometido com a Federação e com a Associação de Médicos Residentes que isso não iria mais acontecer”, recordou o diretor da FENAM, Dr. José Romano.
Os médicos residentes devem cumprir a carga horária de 60 horas semanais e receber a bolsa de R$ 2.900,00.
“O atraso de pagamento no ano passado foi mais fácil de resolver, com um dia de greve foram regularizados. Nas gestões anteriores isso não acontecia, essa situação denota o total caos que se tornou a gestão do Crivella, principalmente a Secretaria de Saúde. Não é só falta de dinheiro, é falta de gestão. Eles não fazem os repasses nos dias corretos e o dinheiro da Saúde também tem sido deslocado para outras áreas. A situação da Saúde no Município é mais do que caótica e outros grupos também estão reivindicando pagamentos atrasados, como as Organizações Sociais de Saúde (OSS) e os socorristas. A fila de devedores da Prefeitura só cresce a cada dia”, alertou Natália.
Em resposta à redação, a Secretaria Municipal de Saúde informou que: “os salários dos residentes serão pagos até o fim desta semana”.