Deu a louca no crime no Rio. Facções que atuam no tráfico de drogas estão se unindo em determinadas regiões mas continuam inimigas em outras.
Essa semana surgiram novos rumores de uma possível união entre o Comando Vermelho (CV) e a ADA (Amigos dos Amigos).
Segundo relatos de moradores nas redes sociais, bandidos do CV, que seriam do Complexo da Penha, na Zona Norte da capital, teriam sido vistos armados com fuzis pintados com a sigla da facção no baile funk da Vila Vintém, em Padre Miguel, na Zona Oeste, reduto da ADA.
A suposta união teria como um dos objetivos tomar o controle do Complexo da Pedreira, em Costa Barros, na Zona Norte. A favela era dominada pela ADA mas os traficantes pularam para o Terceiro Comando Puro (TCP) e os antigos "crias" que não aceitaram a mudança foram para a Vila Vintém mas têm o interesse em retornar.
A aproximação com o CV seria para que a ADA utilizasse como base para a invasão o Complexo do Chapadão, que fica próximo da Pedreira, e é reduto do CV, que segue as ordens dos bandidos do Complexo da Penha.
Circulou a informação de que o líder da ADA, Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, atualmente preso, teria determinado que todas as favelas da facção virem CV.
CV e ADA também teriam se aproximado em Japeri, na Baixada Fluminense, para enfrentar o TCP.
Mas essa possível aliança não se repete em outros municípios. Em São Gonçalo e Niterói, por exemplo, seriam o TCP e a ADA que rivalizam na capital e no interior e teriam se unido para combater o CV. Essa união é chamada informalmente de Terceiro Comando dos Amigos (TCA) e está implantando guerras em algumas favelas como a Nova Grécia e Novo México, em SG e Buraco do Boi, em Niterói.
CV e ADA disputam ainda o controle de comunidades em Macaé, no Norte Fluminense.
A polícia está atenta também para um possível embate no Complexo do Salgueiro, no mesmo município, dominado pelo CV. Segundo informações, o antigo chefe do local, Antônio Ilário Ferreira, o Rabicó ou Coroa, teria terminado ao atual comandante do tráfico, Thomaz Jhayson Vieira Gomes, o 2N, entregasse a administração de algumas ‘bocas’ para Adenilton de Madureira Vasconcelos, o Tilu da Balança. Só que 2N teria matado Tilu e existe a suspeita de que pode querer trocar de facção.
Milícia e TCP
A maior milícia do Rio, a Liga da Justiça, com atuação na Zona Oeste e Baixada Fluminense, também está envolvida nesta confusão de siglas.
O grupo paramilitar comandado por Wellington da Silva Braga, o Ecko, firmou uma aliança com o TCP em Santa Cruz, na Zona Oeste, na qual permite que haja venda de drogas nas áreas da milícia e divide o lucro com os traficantes.
Entretanto, Ecko cobiça uma área de grande importância para o TCP na região, o Complexo de Favelas de Senador Camará, que reúne as localidades de Coréia, Rebu, Sapo, Viegas e Cavalo de Aço, mas que está isolado dentro da facção Segundo relatos, já houve algumas investidas e o miliciano se aproveitaria de uma possível guerra interna entre os bandidos da comunidade, que estão insatisfeitos com o atual chefe do tráfico José Rodrigo Gonçalves da Silva, o Sabão, para agir. A possível invasão a Camará contaria com o apoio de traficantes do Complexo da Maré, na Zona Norte, que estariam rachados com o bando de Sabão.
Já teria corrido o boato também de que Ecko teria pedido ajuda à quadrilha de Celsinho da Vila Vintém para tomar Camará.
Guerras continuam
Enquanto as facções se unem e brigam ao mesmo tempo, a rivalidade entre o CV com o TCP e a milícia continua. Nesta semana, o CV invadiu a comunidade do Quitungo, em Brás de Pina, na Zona Norte, dominado por um grupo paramilitar. Informações indicam que o CV perdeu quatro soldados mas a PM só confirmou um ferido.
Na Zona Oeste, bandidos da favela do 48, que era CV, pularam para o TCP de Senador Camará e invadiram a comunidade. Há boatos de que cinco pessoas morreram, sendo que dois corpos, um deles decapitado, foram encontrados dentro de um carro, em Bangu.