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Grupo de recenseadores do IBGE para por atraso no pagamento

Instituto afirmou que o número de baixas representa menos de 5% do total de recenseadores

Por Anderson Madeira em 01/09/2022 às 19:57:18

Foto: Divulgação

Um grupo de recenseadores do IBGE no Rio de Janeiro (Instituto Brasileiro de Geografia de Estatística) fez uma paralisação nesta quinta-feira (01) contra o atraso no pagamento da ajuda de custo do treinamento de uma semana que eles fizeram no final de julho. À tarde se reuniram com o superintendente regional da estatal onde apresentaram suas reivindicações. Eles trabalham no Censo 2022.

"Os recenseadores até agora não receberam a ajuda de custo do treinamento. Alguns receberam uma parte, outros receberam tudo e muitos não receberam nada”, contou um supervisor de recenseadores que preferiu não se identificar, por temer represálias. “Alguns setores pararam”, confirmou. Cada setor tem em média 60 recenseadores.

De acordo com José Eustáquio Diniz, especialista no Censo Demográfico do IBGE, a paralisação não é nacional. “O IBGE fez uma apresentação dos problemas do censo no dia 30 de agosto e disse que estava buscando solucionar os problemas. Vamos ver”, afirma.

Pelo contrato, além do salário, os recenseadores têm direito a auxílio transporte, auxílio alimentação, auxílio escolar, férias e décimo terceiro proporcionais. O pagamento do salário está ligado à produtividade e depende da quantidade de questionários aplicados. Porém, eles só estão recebendo uma ajuda de custo.

“Atualmente, eles têm uma meta de 95% de domicílios ocupados com questionário, com uma tolerância de 5% de recusa e ausência. Porém, muitos deles vêm se queixando de falta ou atraso de pagamento, e afirmam que não têm recebido os benefícios, que são fundamentais para a realização da sondagem. Em 8 de agosto, o IBGE assumiu ter atrasado o pagamento de 44 mil recenseadores, e se comprometeu a quitar o pagamento na semana seguinte”, conta Eustáquio.

A promessa, no entanto, não foi totalmente cumprida, o que desencadeou a realização de uma greve no último dia 26, organizada pela iniciativa União dos Recenseadores. O Censo 2022 sofreu uma série de baixas desde o início das visitas aos domicílios, em 1º de agosto passado. Segundo o IBGE, já são pelo menos 6.550 casos de recenseadores que, frente às más condições de trabalho e atrasos nos pagamentos, acabaram desistindo de participar da pesquisa e abandonaram suas funções.

Procurado, o Instituto afirmou que o número de baixas representa menos de 5% do total de recenseadores em atividade, e que trata-se, portanto, de uma rotatividade esperada, "num contingente de mais de 150 mil recenseadores". O IBGE definiu as dificuldades como rotineiras nos censos e nas pesquisas amostrais, assim como nas pesquisas domiciliares de outras instituições, afirmando que a tendência é que “sejam vencidas” até o fim do trabalho de campo do Censo.

Censo 2022

O Censo teve início após um atraso de dois anos e um corte de 96% no orçamento do instituto em 2021. Ele não é realizado apenas pelo Brasil, mas por diversos países. Muito além da contagem populacional, ele oferece um retrato da situação socioeconômica atual da população. As informações coletadas na sondagem servem de base para a criação de políticas públicas nas áreas de saúde, previdência social e educação para a população em geral. A sondagem também possibilita a criação de políticas de assistência a grupos específicos, como mulheres, crianças, adolescentes e idosos. Segundo um recente balanço, apresentado em uma coletiva do IBGE no último dia 30, quase 60 milhões de moradores já foram visitados.

Embora pareça algo novo, a desconfiança em relação à sondagem é bem mais antiga. Antes da fundação do IBGE, o imperador Dom Pedro II determinou a realização de uma sondagem, em 1852, mas a iniciativa foi mal recebida pela população, que acreditava ser uma interferência na vida particular e uma tentativa de enfraquecer o poder da Igreja Católica.

O último Censo do IBGE foi realizado em 2010, mas a contagem populacional que deveria ter sido feita em 2015 foi adiada para 2016, por conta da crise econômica. Em 2016, com o país ainda em crise política e econômica, ela foi cancelada.

A falta de dados da contagem populacional, somado ao adiamento do Censo em 2020, impede que o país tenha uma real noção de sua situação.

“A tarefa de todas as pessoas é ajudar na boa realização do censo. Creio que o IBGE está tentando solucionar todos os problemas dos recenseadores, mas a população também precisa ajudar a tratar bem os recenseadores e abrir as portas para responder aos questionários. Fazer um censo não é fácil. São 75 milhões de domicílios e 215 milhões de pessoas espalhadas em todas as regiões do país. É natural que surjam muitos problemas, mas o IBGE já fez 8 censos (de 1940 a 2010) e deu certo. Espero que este censo de 2022 também dê certo, a despeito dos problemas que sempre surgem”, conta Diniz.

Sobre a paralisação, o IBGE informou que a coleta do Censo 2022 transcorre normalmente em 1º de setembro de 2022. Na data de hoje, alguns recenseadores pediram para conversar com as superintendências do IBGE em alguns estados. Foram recebidos e ouvidos.

O IBGE lembra que mais de 99% dos problemas de atraso no pagamento dos recenseadores já foram sanados desde a semana passada, e que novos procedimentos na rotina de pagamentos foram adotados, a partir desta semana, para agilizar o processo. Os incidentes ocorridos com alguns recenseadores durante seu trabalho de coleta de dados foram pontuais. As unidades estaduais do IBGE deram assistência aos servidores envolvidos e, quando necessário, orientações quanto ao registro da ocorrência junto aos órgãos de segurança pública.

O IBGE ressalta que os recenseadores e demais trabalhadores que atuam no Censo 2022 são servidores públicos federais. Crimes contra eles são sujeitos a investigações federais com base no art. 144, § 1º, inc. I, da Constituição da República Federativa do Brasil.


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