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MPRJ prende Alan Turnowski, secretário da Civil licenciado para concorrer a deputado federal pelo PL

Delegado é investigado sob suspeita de cobrar propina do jogo do bicho e tramar assassinato de Rogério de Andrade, chefão da contravenção

Por Portal Eu, Rio! em 09/09/2022 às 07:05:03

Na primeira passagem pelo comando da Polícia Civil, entre 2010 e 2011, Turnowski foi inocentado de acusação de cobrar propina.Foto: Reprodução Instagram

Foi preso de manhã cedo o delegado Allan Turnowski, licenciado da secretaria da Polícia Civil do estado para se candidatar a deputado federal. Turnowski foi nomeado secretário em março de 2020. A prisão é desdobramento das investigações sobre um esquema de favorecimento à contravenção e extorsão a comerciantes e industriais. O ex-secretário foi preso em continuidade às investigações sobre o delegado Maurício Demétrio, que está preso desde o ano passado, acusado de corrupção dentro da Polícia Civil. Demétrio teria forjado operações para incriminar adversários.

Turnowski está sendo alvo da atual operação sob a acusação de atuar para a cúpula do jogo do bicho. O Ministério Público alega dispor de informações de que o delegado licenciado estaria tramando o assassinato de um chefão da contravenção, em conjunto com o também delegado licenciado Maurício Demétrio. Essa parte das investigações tem relação com a morte do contraventor Fernando Iggnácio, a mando do cunhado Rogério de Andrade, com quem disputava o comando dos pontos de videopôquer, caça-níqueis e jogo do bicho na Zona Oeste do Rio, no império criminoso legado por Castor de Andrade

Preso numa investigação sobre cobrança de propina e eliminação física de rivais, Allan Turnovski prega tolerância zero contra o crime.
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Coordenada pelo Grupo de Acompanhamento Especializado em Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, a operação envolve também a execução de mandados de busca e apreensão contra o delegado Antônio Ricardo, licenciado da chefia da Divisão de Homicídios da Capital para concorrer a deputado federal, ambos pelo PL, partido do governador Claudio Castro.

Alvo de Turnowski, chefão do bicho está preso como mandante de homicídio

A 1ª Vara Criminal Especializada da Capital decretou, na tarde desta quinta-feira (04/08), a prisão de Rogério de Andrade com base em documentação apreendida em operação deflagrada no início da manhã pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/RJ) e pela Polícia Federal na casa do criminoso em Itaipava. A prisão de Rogério de Andrade, requerida pelo GAECO/RJ e pela 1ª Promotoria de Justiça junto à Vara Especializada, foi cumprida no período da tarde.

Alguns dos documentos apreendidos na operação datados de ontem (03/08) revelam o retorno do pagamento de propina a delegacias especializadas da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, logo na sequência da suspensão da eficácia da decisão que decretou a prisão de Rogério de Andrade. Na documentação, há menção a um subordinado de Rogério de Andrade que estaria arquitetando o retorno do pagamento de propinas à DEAC Centro (Delegacia de Acervo Cartorário), DEAC Especializada e DEAM Centro (Delegacia de Atendimento à Mulher).

Também foram apreendidos documentos com datas de junho e julho de 2022 que expõem uma sistemática cadeia de corrupção mantida de forma persistente mesmo após a deflagração da operação Calígula, ocorrida em maio, quando Rogério de Andrade passou a ser considerado foragido.

No início da manhã, MPRJ e PF prenderam Gustavo de Andrade numa casa no Condomínio Vale do Sossego, em Itaipava, onde também se encontrava seu pai Rogério, que não foi preso nesse momento inicial da operação em razão de decisão do ministro Nunes Marques, do STF, que, na segunda-feira (01/08), havia revogado a ordem de prisão.

Todavia, tendo sido evidenciada, por meio de novas provas, o continuo pagamento de propina (merenda) para delegacias especializadas, o GAECO e a 1ª Promotoria de Justiça junto à 1ª Vara Criminal Especializada da Capital fizeram novo pedido de prisão preventiva, que foi deferido pela Justiça.

“A superveniência de novos elementos de prova, que dizem respeito a fatos absolutamente contemporâneos e, inclusive, alguns ocorridos após o julgamento da Reclamação pelo STF, proporciona um juízo positivo, em sede de cognição sumária, acerca da atualidade do risco a ordem pública, bem como para conveniência da instrução criminal, tudo decorrente da existência de fatos gravíssimos e surpreendentemente recentes”, descreve a decisão da 1ª Vara Criminal Especializada da Capital.


Demétrio, aliado de Turnowski, está preso sob a acusação de extorquir empresários

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ) e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), deflagrou, no dia 30 de junho do ano passado, a Operação Carta de Corso. A finalidade é desmantelar organização criminosa que surgiu na Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) da Polícia Civil do Rio entre março de 2018 e março de 2021.

Ainda no início da manhã, foram presas seis pessoas, entre elas o delegado Maurício Demétrio Afonso Alves, que comandava a organização, policiais civis e uma comerciante. Entre os materiais apreendidos estão nove aparelhos celulares, seis notebooks, dinheiro em espécie, armas, munições, jóias, um radiotransmissor e 16 pendrives

Os oito mandados de prisão preventiva e os 19 de busca e apreensão foram expedidos pela Vara Criminal Especializada da Capital. Três promotores estão na Cidade da Polícia, e os presos serão levados para a Corregedoria de Polícia Civil. O delegado Maurício é o atual titular da Delegacia do Consumidor, onde estão sendo feitas buscas.

De acordo com o GAECO/MPRJ, em vez de reprimir a prática de delitos, em especial a “pirataria”, os acusados praticavam o crime, exigindo dos lojistas da famosa Rua Teresa, em Petrópolis, o pagamento de vantagens ilegais para permitir que continuassem comercializando roupas falsificadas.

Sob o comando do delegado de polícia, a organização é dividida em dois núcleos principais. Um é composto pelos operadores do esquema em Petrópolis, responsáveis por ameaçar os lojistas e recolher os valores cobrados pela organização. São eles os denunciados Alex Sandro Gonçalves Simonete, Ana Cristine de Amaral Fonseca e Rodrigo Ramalho Diniz. O outro, formado pelos policiais civis Celso de Freitas Guimarães Junior, Vinicius Cabral de Oliveira e Luiz Augusto Nascimento Aloise e pelo perito criminal José Alexandre Duarte, era responsável por subverter a estrutura da Polícia Civil em instrumento da organização criminosa, executando diligências policiais como forma de represália aos lojistas que se recusavam a pagar os valores exigidos, chegando ao ponto de forjar provas e produzir laudo falso.

Confiantes na proteção que o distintivo e as armas lhes conferiam, ao se verem como alvo de investigação, não pouparam esforços para se auto protegerem. Dentre os diversos atos de obstrução da justiça praticados, destaca-se o episódio em que, mais uma vez liderados pelo chefe da organização, de forma audaciosa, elaboraram complexa trama, tendo sido arquitetado flagrante preparado contra um dos delegados que os investigava.

Contando com a indispensável atuação do denunciado Ricardo Alves Junqueira Penteado, advogado representante de diversas marcas, o delegado de polícia Mauricio Demetrio, utilizando um "laranja" e conta falsa no Whatsapp para garantir seu anonimato, alegando ser detentor de autorização dos titulares dos direitos autorais, encomendou a produção de mil camisas em estamparia de propriedade do delegado de polícia Marcelo Machado. Ato seguinte, apoiado em representação apresentada pelo advogado, antes mesmo de tais camisas existirem, conseguiu a expedição de mandados de busca e apreensão das referidas peças de roupa, acabando por prender em flagrante o delegado Marcelo Machado e seu sócio Alfredo Baylon Dias.

A operação falsa, realizada em março deste ano, foi minuciosamente planejada e teve ampla cobertura jornalística, permitindo que Mauricio Demetrio tivesse espaço nos veículos de comunicação para caluniar e desacreditar vários daqueles que se colocaram como empecilho para a atuação da organização, sejam colegas de Polícia Civil, sejam particulares que testemunharam contra a organização.

Os recursos arrecadados com o esquema, em sua maior parte em espécie, permitiram ao chefe da organização desfrutar de padrão de vida incompatível com seus recursos de origem lícita conhecida, tendo sido identificados diversos atos de lavagem de capitais envolvendo automóveis de luxo.

Os denunciados vão responder pela prática de diversos delitos como integrar organização criminosa, concussão, obstrução de Justiça, inserção de dados falsos em sistema, emissão de laudo falso e lavagem de dinheiro, cujas penas mínimas somadas superam 30 anos de reclusão e a condenação leva à perda do cargo público.

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