A milícia apontada como autora do plano para matar o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) neste fim de semana na Zona Oeste do Rio já fora alvo de denúncia por parte do Ministério Público Estadual anos atrás.
Na época, a Promotoria denunciou à Justiça 16 pessoas, entre elas o policial militar conhecido como Amaro de Guaratiba, que foi citado como um dos participantes do plano para executar o parlamentar junto com dois outros homens, identificados apenas como Moisés e Waguinho.
Segundo a denúncia, a quadrilha armada atuou entre 2011 e 2013 na comunidade do Piraquê, em Pedra de Guaratiba, na Zona Oeste, aterrorizando a população com ameaças e agressões. O objetivo era o controle das atividades de fornecimento irregular de TV a cabo, do comércio ilegal de gás e do transporte de vans, além da compra de alimentos em locais apontados pela quadrilha. A investigação começou pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-IE), após receber denúncias de inúmeros moradores.
A investigação apontou Amaro como sendo o líder do bando. Os milicianos obrigavam os moradores a adquirirem as cestas apenas com o grupo criminoso, por um preço aproximado de R$ 170. Eles teriam ligações com a Liga da Justiça, maior milícia do Rio.
Amaro chegou a receber em 2012 da Câmara de Vereadores do Rio moção de aplausos e louvor " por relevantes serviços prestados ao município". Na época em que foi condecorado, ele era lotado no 27º Batalhão (Santa Cruz) e ainda não tinha sido denunciado à Justiça, onde responde também a um processo aberto em 2016 por porte ilegal de arma de fogo.
A ONG Disque Denúncia esclareceu que a informação sobre o plano para matar o deputado chegou às 7h23 do último dia 12, às 7h43 do mesmo dia ela foi difundida para a polícia e às 9h45 o Disque-Denúncia recebeu retorno do setor de Inteligência da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), que disse na ocasião que todas as providências já estavam sendo tomadas.
Ontem, Freixo deu entrevista coletiva para falar sobre o assunto. Ele cobrou uma ação contra os grupos paramilitares e lembrou que o episódio acontece justamente na semana em que se completa dez anos da sua atuação na chamada CPI das Milícias.