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Verão aumenta a insegurança dos moradores da orla carioca

Em dois meses, já foram registradas 15 ocorrências de prisões e apreensões de adolescentes

Por Jonas Feliciano em 18/12/2018 às 22:19:54

Embora a “Operação Verão” tenha começado em outubro, diversas notícias e algumas publicações nas redes sociais revelam relatos de tumultos e episódios de violência nas ruas e também nas linhas que realizam o transporte da Zona Norte para a Zona Sul e Zona Oeste. Alguns ônibus como o 472, 474 e 476, por exemplo, já lideram o número de denúncias envolvendo vandalismo e brigas dentro dos veículos que transportam os moradores e turistas paras as famosas praias da cidade.

No último final de semana, os casos chamaram a atenção dos cariocas quando alguns vídeos das câmeras de segurança da Avenida Princesa Isabel, em Copacabana, registraram o momento em que homens depredavam os ônibus que circulavam no bairro. Além disso, muitas pessoas entravam pelas janelas ou pulavam as catracas para não pagarem as passagens.

As imagens são atuais, mas os problemas são antigos e assustam não somente os passageiros, mas quem mora por ali. Carmen Portugal é moradora de Copacabana e diz que, diante desses acontecimentos recorrentes, ela se sente uma prisioneira dentro da própria casa.

“Meu direito de e vir foi cerceado e toda essa violência me deixa muito triste. Desde sempre, moro no bairro, mas não sei se fico mais idosa aqui. Não terei como fazer absolutamente nada, quando antes, tínhamos um bairro em que podíamos fazer de tudo a pé”, contou assustada...

Para Beatriz Citrangulo, nascida no bairro, a situação é caótica. Ela disse que possui um imóvel na rua Figueiredo de Magalhães, onde dica de 10 a 15 dias por mês, e acredita que o local está abandonado, sujo e com muita desordem.

“O bairro preferido dos idosos e turistas precisa de mais cuidado e atenção! Se a prefeitura não toma nenhuma atitude para melhorar, precisamos agir coletivamente. Vamos programar uma manifestação para chamar a atenção do poder público e também dos órgãos e entidades do turismo. Acho que os estrangeiros devem ficar horrorizados e não voltam nunca mais porque não estão acostumados com esse estado de coisas!”, lamentou Beatriz.

Uma grande parte dos atos de vandalismo e dos furtos notificados envolve pessoas em situação de rua. Muitos desses indivíduos são menores de idade que acabam entrando em conflito com a lei e cometendo infrações que põe em risco o direito de outros cidadãos.

Segundo a assessoria da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, a questão do alto fluxo de jovens pelas ruas da cidade não é um cenário que envolva somente a instituição. Para a PMERJ, boa parte desses meninos encontra-se em situação de vulnerabilidade, falta de estrutura familiar e nulidade de educação básica. Dessa forma, cabe à Polícia Militar atuar quando as consequências dessa desestruturação chegam ao seu extremo, coibindo assim a prática de delitos, distúrbios e depredação do patrimônio público em eventuais ações descabidas.

Em comunicado oficial, a PEMERJ também informou que do Flamengo, na Zona Sul, até o Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, toda a orla carioca ganhará um reforço substancial no policiamento, a partir da última sexta-feira (12) marcando o início da Operação Verão 2018-2019.

Segundo a instituição, o  esquema contará com o apoio de um Carro de Comando Móvel que vai ficar baseado no Arpoador. A unidade receberá, em tempo real, imagens transmitidas pelo helicóptero do Grupamento Aeromóvel (GAM), que sobrevoará toda a orla. A tecnologia vai agilizar o deslocamento de viaturas e policiais quando necessário. Estão planejadas abordagem a veículos, com atenção especial a ônibus, ao longo do dia. Os policiais vão revistar passageiros e, em caso de suspeita de crianças e adolescentes em situação de risco, o caso será encaminhado para a Secretaria Municipal Assistência Social e Direitos Humanos.

Para facilitar a comunicação e a integração nas ações, a Polícia Militar irá atuar na mesma frequência de rádio com a Guarda Municipal. Na areia, vão atuar policiais do Batalhão de Policiamento em Grandes Eventos (BPGE) capacitados para trabalhar em aglomerações e com armamento não-letal e uso progressivo da força.

Operação Verão

Vale lembrar que a Operação Verão começou no dia 12 de outubro e conta com  531 guardas municipais empregados no patrulhamento da orla das Zonas Sul e Oeste da cidade, em ações de ordenamento urbano e de trânsito e na prevenção de pequenos delitos. A Guarda Municipal dá continuidade ao Plano de Prevenção Contra Pequenos Delitos e Arrastões nas Praias, elaborado pela Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) em janeiro de 2017, agindo de forma integrada com a Polícia Militar e órgãos da Prefeitura do Rio, como as secretarias municipais de Transporte, Ordem Pública e de Assistência Social e Direitos Humanos.

Essas ações preventivas visam proporcionar maior sensação de segurança aos banhistas nos finais de semana e feriados. Na orla da Zona Sul, que já conta diariamente com guardas do Grupamento Especial de Praia (GEP) e do programa Rio+Seguro, recebe reforço de equipes dos Grupamentos de Cães (GCG), Tático Móvel (GTM), Motociclistas (GGM) e de Operações Especiais (GOE). A operação mantém a integração com a Polícia Militar por meio de radiocomunicação operando na mesma frequência.

O efetivo nas ruas também conta  com o suporte do Núcleo de Videopatrulhamento da Guarda Municipal, que utiliza 80 câmeras do Centro de Operações Rio, redirecionadas para reproduzir imagens e monitorar o calçadão e a faixa de areia. Flagrantes de crimes são enviados pelo celular para as equipes que atuam na orla e também são cedidas à Polícia Civil, para auxiliar no registro de ocorrências nas delegacias.

Ainda de acordo com a Guarda Municipal, em dois meses de Operação Verão, já foram registradas 15 ocorrências de prisões e apreensões de adolescentes. Desse total, a maioria ocorreu após flagrantes de crimes, como furto e roubo, praticados na orla das Zonas Sul e Oeste e nos entornos dessas regiões. No domingo (9), os guardas do Grupamento Especial de Praia (GEP), prenderam um dos quatro suspeitos de assaltar as Lojas Americanas da Avenida Olegário Maciel, na Barra da Tijuca.

Policiais militares, que já estavam atuando na mesma ocorrência, também prenderam outros quatro envolvidos no roubo de celulares e de dinheiro da loja. Segundo a  GM-Rio, duas armas foram apreendidas. Os suspeitos, sendo um deles motorista de aplicativo, foram conduzidos para a 16ª DP (Barra da Tijuca), onde a ocorrência foi registrada.

No sábado (8), outra equipe do GEP deteve um adolescente acusado de furtar o celular de uma mulher na Avenida das Américas, próximo ao Barra Shopping. A ocorrência também foi registrada na 16ª DP (Barra da Tijuca).

Já nas ações de ordenamento e fiscalização nas areias das praias, foram notificadas, até o momento, 296 retiradas de camping. A maior parte das ocorrências foi na região da Zona Sul. Além disso, foram feitas 1.395 orientações para retirada de cães que estavam circulando nas areias da praias e 148 coibições de práticas esportivas, como altinho e frescobol, em horário ou loca proibido. As restrições estão previstas no Código de Posturas Municipais.

Os guardas municipais do GEP também já ajudaram 24 crianças perdidas a reencontrarem os pais ou responsáveis. Durante esse período, ainda foram apreendidos mais de 1.918 produtos que estavam sendo comercializados na orla por ambulantes sem autorização. Na Zona Sul, entre os produtos recolhidos haviam 30 facas, encontradas em depósitos de caipirinha e também com pessoas em situação de rua e 27 churrasqueiras, além de uma tocha na Zona Oeste

Nota de Repúdio

Em nota ao portal Eu,Rio!, o Consórcio Intersul, responsável por algumas linhas que já sofreram ataques, repudiou os atos de vandalismo. Confira:

O Consórcio Intersul repudia veementemente os atos de vandalismo contra os ônibus citados na reportagem e informa que as empresas estão trabalhando para recuperar os veículos o quanto antes.

É importante destacar que, apenas no último fim de semana, uma única empresa teve 15 ônibus gravemente vandalizados e que foram retirados de circulação para reparos.

A frota de ônibus da cidade é constantemente atacada, principalmente na volta da praia durante os fins de semana do verão. Lamentavelmente, o maior prejudicado com as ações de vândalos é o passageiro, já que os ataques afetam diretamente a operação das linhas e comprometem o serviço oferecido à população carioca. 

As empresas de ônibus colaboram com as autoridades, fornecendo informações que possam ajudar na prevenção e na repressão ao vandalismo. Mas, vale ressaltar que as ocorrências do último fim de semana poderiam ter sido minimizadas (ou até evitadas) com a atuação mais efetiva da Policia Militar em operações especiais de fim de semana de praias lotadas.  O Consórcio Intersul agradece a colaboração da população no compartilhamento de imagens e informações para que as autoridades tracem, com mais precisão, estratégias que inibam o vandalismo nos ônibus da cidade

O Consórcio Intersul também registrou mais dois casos de vandalismo e o Consórcio Internorte omais cinco.  Totalizando 22 ônibus danificados por vândalos, neste fim de semana.”

A reportagem do portal Eu,Rio! entrou em contato com a RioTur para saber se existe algum tipo de planejamento ou envolvimento da entidade na melhoria da segurança nos principais bairros da orla, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta.

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