Júri condena Major PM a 76 anos e oito meses de prisão pela 'Chacina da Via Show'
Preso em 2019 em ação contra milícia, Ronaldo Pereira coordenou execução de quatro jovens na Baixada em 2003
Por Cezar Faccioli em 12/10/2022 às 09:34:02
Apontado pelas investigações do Ministério Público do Rio como chefe da milícia da Muzema, na Zona Oeste, major PM (de boné e óculos escuros na foto) foi preso na Operação Intocáveis, em 2009. Foto: R
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) obteve, nesta segunda-feira (10/10), junto ao Tribunal do Júri de Duque de Caxias , a condenação do major da Polícia Militar Ronald Paulo Alves Pereira a 76 anos e oito meses de prisão pela morte de quatro jovens, em 2003, no crime que ficou conhecido como “Chacina da Via Show”. Os jovens saíam da casa de shows quando foram sequestrados e executados por policiais militares. Ronald foi preso em 2019 na operação Intocáveis, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ), deflagrada contra a principal milícia que controlava Rio das Pedras, Muzema e outras áreas da Zona Oeste do Rio.
De acordo com as investigações, no dia 5 de dezembro de 2003, Geraldo Sant’Anna de Azevedo Junior, então com 21 anos, saía da Via Show quando foi acusado de tentar furtar o veículo de um dos integrantes da segurança da casa de espetáculo. A partir daí, passou a ser espancado por diversos seguranças, todos policiais militares.
Os irmãos Rafael Paulino, de 18 anos, e Renan Medina Paulino, de 13 anos, e o primo deles, Bruno Muniz Paulino, de 20 anos, todos amigos de Geraldo, também foram espancados pelos seguranças ao tentarem intervir. Após as agressões, os seguranças entraram em contato com Ronald que, junto com os agressores, levou os jovens até uma fazenda abandonada no bairro de Imbariê, onde foram brutalmente executados, sendo os corpos ocultados dentro de um poço no local.
Na sentença, atendendo ao decidido pelo Conselho de Sentença, o Juízo da 4ª Vara Criminal de Duque de Caxias julgou procedente a acusação, condenando Ronald pelos quatro homicídios duplamente qualificados. Ele também foi condenado por ocultar o corpo de Geraldo.