A mielomeningocele é rara e pouco difundida. Ela acontece ainda no ventre materno, entre a terceira e a quarta semana de gestação. Caracteriza-se por um “defeito” genético no fechamento do tubo neural. Este tubo está localizado na coluna espinhal e é responsável por encaminhar as informações do cérebro para o corpo. Os especialistas afirmam que ainda não há definições exatas que justifiquem a causa da falha na formação. No entanto, fatores ambientais e genéticos são algumas das teorias apontadas.
Segundo o ortopedista pediátrico, David Nordon, por volta da 18ª semana de gravidez, já é possível identificar, por meio da ecografia morfológica (ultrassonografia), a má-formação na coluna dorsal. “A gravidade da mielomeningocele no desenvolvimento da criança dependerá do tamanho da lesão no tubo neural. Porém, ela traz algumas características tratadas pela ortopedia, como o pé torto congênito, rigidez dos quadris, contratura muscular, entre outras.”
Para a correção do pé torto é usada uma técnica de gesso progressiva. Durante 5 a 7 semanas, o bebê terá os pés engessados para o ajuste gradual até que os membros fiquem na posição correta. “Na maioria dos casos (90-95%), é necessária uma pequena incisão no tendão de Aquiles – localizado atrás do calcanhar, que faz a ligação entre os músculos da panturrilha e o osso do calcanhar - para que o pé possa ter a posição correta. Após o procedimento, a criança ainda usa o gesso por mais três semanas, antes de trocar por uma órtese”, explica o médico.
A mielomeningocele, além dos problemas articulares e motores, ainda tem como sequelas a hidrocefalia, dificuldade para o aprendizado e déficit de atenção; problemas cognitivos, complicações para respirar e engolir, além de afetar o aparelho digestivo e a pele. O médico alerta que a condição pode ser identificada durante a gestação, no acompanhamento pré-natal e que o diagnóstico precoce ainda possibilita a intervenção intrauterina.
“Dia 25 de outubro foi marcado como data Mundial de Conscientização para Mielomeningocele. Acredito que seja uma oportunidade para disseminar mais informações sobre a condição; buscar por incentivos para pesquisas e estudos; pleitear por políticas públicas que assistam as pessoas com deficiência no Brasil, além de incentivar a sociedade a ter um olhar mais respeitoso e acolhedor para as pessoas nessa condição”, finaliza Nordon.