Em época de crise muitos investem na criação do próprio negócio como solução para conquistarem dinheiro. Paralelamente, muitas mulheres negras buscam se afirmarem socialmente através do reconhecimento de seus cachos naturais. Se, aparentemente, os dois temas citados não têm relação entre si, a empreendedora Gabriela Azevedo tratou de juntar ambos os assuntos no projeto social TrançAção.
A iniciativa é voltada para mulheres desempregadas e que tenham mais de dois filhos menores de idade, adolescentes, de 14 a 18 anos. Mulheres acima de 60 anos também podem participar da formação que é inteiramente gratuita. As aulas acontecem às sextas-feiras no Espaço Trança Terapia, em Campo Grande, na Zona Oeste. A iniciativa, voltado para a geração de renda de mães solteiras, ensina às mulheres as principais técnicas profissionais de tranças, além de dicas de como trabalhar como trancista profissional e informações sobre empreendedorismo.
A ideia surgiu há três anos quando Gabriela se viu mãe de três meninos e passava por muita dificuldade para criá-los. O projeto cresceu nesse tempo e já possui um espaço cultural em Campo Grande, onde a trancista realiza várias ações e eventos culturais. Ela ressalta que além de todo o conteúdo das aulas, as participantes também recebem apoio psicológico para se desenvolverem e garantirem o sustento de suas famílias.
"O atendimento psicológico a essas mulheres é de extrema importância para o desenvolvimento, principalmente, da autoestima. É preciso que elas se sintam empoderadas para seguirem adiante com o aprendizado e quem sabe, desenvolver um negócio próprio. Esse é o ponto. O objetivo é reforçar a importância da representatividade afro-brasileira, algo que vai muito além do que somente estética, é um forma de expressão e de resgate de suas raízes"", explicou a trancista.
O TrançAção funciona como braço social do Projeto Trança Terapia (também idealizado por Gabriela), um negócio social que objetiva a valorização da Cultura Afro e Afro Brasileira por através de, entre outras atividades, formação e capacitação.
A trancista começou a carreira ainda na adolescência, com apenas 13 anos.Antes de criar o projeto, ela trabalhou em diversos salões de beleza (chegou a trabalhar em Brasília) e sempre acompanhou a cultura do hip hop. Além da profissão, Gabriela também é formada em História e pós-graduanda em História da África.