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Carlos Germano: 'Desde a época do Helton que a gente não revela ninguém. Isso já faz 20 anos. Não pode'

Novo treinador de goleiros da base do Vasco, ídolo vascaíno fala com exclusividade ao Eu, Rio!

Por Rosária Farage em 29/12/2018 às 12:08:00

Carlos Germano está de volta ao Vasco da Gama. Sua nova função é coordenar todos os treinadores de goleiros cruzmaltinos, principalmente da base, auxiliando o treinador do profissional. Este trabalho era exercido pelo também ex-goleiro e ídolo, Acácio, que agora vai auxiliar o time principal. 

Germano vai iniciar suas atividades só em janeiro, porém já tem uma meta estabelecida que pode fazer a diferença na retomada do crescimento no futebol vascaíno. Ele quer voltar a revelar goleiros da base para compor o elenco do time principal. 

"Vou tentar neste período curto, junto a rapaziada do Sub-20 e Sub-17, revelar uns meninos para o gol do Vasco. É um clube que sempre teve tradição nesta posição e desde a época do Helton que a gente não revela ninguém. Isso já faz 20 anos. Não pode", afirmou com exclusividade aos Portal Eu, Rio!

A parceria com o Acácio pode ajudar na descoberta desses novos talentos, pois foi ele quem, na época que atuava como treinador de goleiros no Botafogo, notou qualidades técnicas no garoto que chegava como destaque na base do Paraná para ser terceiro goleiro alvinegro, promovendo o jogador a primeiro na função. Julio Cesar oscilou tanto no time da estrela solitária, como na oportunidade que teve em substituir Diego Cavalieri no Fluminense, mas se firmou e hoje é titular absoluto do tricolor. 

Carlos Germano não aprovou saída de Martin Silva 

Germano acredita que Fernando Miguel deve se manter titular em São Januário, pois terminou o ano exercendo bem função. Achou precoce a saída do Martin Silva, até porque era um goleiro já identificado com o clube, que conseguiu ser referência e criar raíz em pouco tempo. 

"Tive o prazer de trabalhar com o Martin em 2014, quando ele começou no Vasco. Sempre conversamos bastante. Ele muito experiente, duas Copas do Mundo, e não falava em criar raízes. Ele estava muito bem, tanto que conseguiu uma idolatria rápida pelo que vinha fazendo. Teve uns deslizes no fim do ano, mas nada que pudesse afetar o bom goleiro que ele é", afirmou com conhecimento de causa. 

Na visão do Carlos Germano, neste início de transição do Vasco, de reformulação do clube e também do elenco para 2019, Martin Silva seria uma peça fundamental por causa da experiência. "Ia ajudar bastante a gente", lamenta o ex-goleiro. 

Vasco trocou de treinador de goleiros quatro vezes no ano 

Este ano o Vasco trocou de treinador de goleiros quatro vezes, o que Germano considera péssimo. Martin Silva inclusive reclamava disso, porque o desenvolvimento de um atleta nesta função depende também da continuidade do profissional que o treina. A mudança de filosofia e intensidade, embora o trabalho seja o mesmo, gera no mínimo insatisfação. Acácio deve ficar fixo e Carlos Germano auxiliando para isso não ocorra mais no time profissional. 

Exemplo positivo no futebol carioca da diferença que faz o treinador de goleiros ser sempre o mesmo num clube, seria Flavio Tênius no Botafogo, que conseguiu manter três goleiros em altíssimo nível: Jefferson, mesmo se aposentando, Gatito Fernandéz, que mesmo após períodos fora de campo volta com a mesma desenvoltura e até o jovem Saulo, que passou de terceira opção a titular dando conta do recado. Fluminense também tem o André, que está na função há mais de três anos. 

Alguns técnicos de futebol gostam de ter em suas comissões o treinador de goleiros. Alberto Valentim é um. Mas o Acácio como auxiliar fixo no Vasco, vai manter uma linha de trabalho permanente para beneficiar o clube e os atletas em termos de crescimento e manutenção do alto nível técnico de seus principais defensores. 

Brasil continua tendo grandes goleiros 

Sobre Seleção Brasileira, Germano também opinou. Ele acredita que no Brasil tem muitos goleiros se destacando, sendo o  Fábio do Cruzeiro o que mais desponta no momento, mas a idade do jogador, 38 anos, pode ser um problema em termos de convocação. 

"Temos ainda o Vanderlei do Santos, tem o Marcelo Lomba que foi eleito o melhor goleiro do Campeonato Brasileiro pelo Internacional e cria do Flamengo, tem o Marcelo Grohe que está saindo do Grêmio para o futebol árabe e o próprio Paulo Victor, também cria do Flamengo, que irá substituí-lo", disse Germano, apesar de saber que tirando o Fábio, os demais não são goleiros incontestáveis. Mas o futuro comandante vascaíno deste fundamental setor defensivo, acredita que a sequência como titular de um time também faz toda diferença no desempenho. Tanto que Paulo Victor quando era titular no rubro-negro carioca chegou a ser cogitado para a Seleção. 

Adversários precisam se unir para salvar o Vasco 
 
Carlos Germano viveu como jogador uma ótima fase no Vasco da Gama e tem acompanhado com tristeza este momento decadente no clube. Ele volta a São Januário com a esperança de dias melhores e acredita que se todos se unirem, deixando as divergências políticas e ideológicas de lado, o clube pode se recuperar.

"O grande problema das grandes agremiações é a política. Tem que tentar puxar para o lado em que não firam as instituições. Não adianta o torcedor, que é nosso maior patrimônio, ficar sofrendo, enquanto há divergências políticas no clube. Acredito que a união pode trazer a solução. Não é sonho, é realidade, senão a gente não vai a lugar nenhum", diz Carlos Germano.

Como um funcionário do Vasco, ele opina que o maior problema são as dívidas que ficaram para trás e precisa tentar cicatrizar estas feridas. Dá o Flamengo como exemplo de mudança e superação. 

"Lembro que o Bandeira sofreu lá atrás, pois a torcida queria que montasse um grande time. Mas não adianta fazer grandes contratações e deixar o time endividado. Um time que não tem estrutura não pode ser campeão brasileiro, vai estar só enganando o torcedor. Os campeões tem que ser aqueles que têm estrutura: Cruzeiro, Palmeiras, Corinthians, Santos, Athletico Paranaense, Flamengo com o novo CT, Atlético Mineiro com a Cidade do Galo, Grêmio que é um exemplo", conclui. 

Germano quer um marketing que funcione para uma marca que ele considera muito forte no esporte, que é o Vasco. Acha o sócio-torcedor fundamental num clube com a torcida tão imensa. Inter e Grêmio são exemplos na opinião dele, com milhões de associados. A reforma do estádio também é vista com bons olhos.

"Vai aumentar a capacidade para 40 mil pessoas, fechar o anel, estacionamento. Vai trazer recursos, que é tudo no futebol. Parece que tem empresas que querem viabilizar isso. O Palmeiras é um bom exemplo de como o estádio pode ser uma boa fonte de renda", finaliza o ídolo.
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