Nesta sexta-feira (28), a Executiva Nacional do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e a presidência do Partido dos Trabalhadores anunciaram que não participarão da posse do presidente Jair Bolsonaro. As notas oficiais foram publicadas nas redes e nos sites oficiais dos dois partidos mais representativos da esquerda brasileira.
De acordo com um comunicado oficial, a bancada do PSOL na Câmara dos Deputados foi convidada pelo Tribunal Superior Eleitoral para participar do evento, no próximo dia 1º de janeiro, em Brasília. No entanto, o PSOL afirma que não há nada para comemorar.
Para a coligação, o governo que se iniciará tem como princípios o ódio, o preconceito, a intolerância e a violência. Eles acreditam que Bolsonaro e seus ministros desprezam os direitos humanos, a soberania nacional, a democracia e os direitos sociais e defendem a criminalização dos movimentos sociais e o cerceamento à livre organização política.
“Eles idolatram a natureza autoritária e criminosa da Ditadura Civil-Militar, defendem a entrega das riquezas e patrimônio nacionais aos Estados Unidos, desprezam os direitos das minorias, atacam a liberdade de imprensa e a liberdade de ensino.” E, além disso, Bolsonaro representa “o atraso em todos os sentidos. Por isso não há razão para comemorar.”
O PSOL também lembrou que tramita contra Bolsonaro, na Justiça Eleitoral, uma ação que pede a cassação de sua chapa. De acordo com o partido, os crimes eleitorais dos quais ele é acusado estão relacionados ao uso de recursos empresariais para disseminação de mentiras em massa via redes sociais e precisam ser investigados.
“Sua vitória, além de se assentar no medo e na desilusão com o sistema político brasileiro, também se deve à fraude promovida pelas mentiras disseminadas contra seus adversários.Por essas razões, o PSOL não comparecerá à posse de Jair Bolsonaro. Estaremos nas ruas, desde o primeiro dia de governo, defendendo a democracia, os direitos do povo brasileiro e a soberania nacional contra aqueles que querem fazer o Brasil retroceder a 1964. Seremos resistência, desde o primeiro dia do governo Bolsonaro, nas ruas e no parlamento, em defesa do povo brasileiro.”, concluem.
Partido dos Trabalhadores
Em nota, o PT também se manifestou sobre a ausência na posse de Bolsonaro. O Partido dos Trabalhadores afirmou que “nasceu na luta da sociedade brasileira pelo restabelecimento da democracia, em 1980. Em quase quatro décadas de existência, o PT sempre reconheceu a legitimidade das instituições democráticas e atuou dentro dos marcos do Estado de Direito combinando esta atuação com nossa presença nas ruas e nos movimentos sociais, aprofundando a participação da sociedade na democracia.”
Segundo a bancada petista, eles participaram das eleições presidenciais no pressuposto de que o resultado das urnas deve ser respeitado.
“Mantemos o compromisso histórico com o voto popular, mas isso não nos impede de denunciar que a lisura do processo eleitoral de 2018 foi descaracterizada pelo golpe do impeachment, pela proibição ilegal da candidatura do ex-presidente Lula e pela manipulação criminosa das redes sociais para difundir mentiras contra o candidato Fernando Haddad. O devido respeito à Constituição também torna obrigatórios a denúncia e o protesto contra as ameaças do futuro governo de destruir por completo a ordem democrática e o Estado de Direito no Brasil.”
O comunicado denuncia “o aprofundamento das políticas entreguistas e ultraliberais do atual governo, o desmonte das políticas sociais e a revogação já anunciada de históricos direitos trabalhistas.O resultado das urnas é fato consumado, mas não representa aval a um governo autoritário, antipopular e antipatriótico, marcado por abertas posições racistas e misóginas, declaradamente vinculado a um programa de retrocessos civilizatórios.”
Assim como, “o ódio do presidente eleito contra o PT, os movimentos populares e o ex-presidente Lula é expressão de um projeto que, tomando de assalto as instituições, pretende impor um Estado policial e rasgar as conquistas históricas do povo brasileiro. Não compactuamos com discursos e ações que estimulam o ódio, a intolerância e a discriminação. E não aceitamos que tais práticas sejam naturalizadas como instrumento da disputa política. Por tudo isso, as bancadas do PT não estarão presentes à cerimônia de posse do novo presidente no Congresso Nacional.”
Por fim, o Partido dos Trabalhadores afirma que seguirá lutando, “no Parlamento e em todos os espaços, para aperfeiçoar o sistema democrático e resistir aos setores que usam o aparato do Estado para criminalizar adversários políticos. Fomos construídos na resistência à ditadura militar, por isso reafirmamos nosso compromisso de luta em defesa dos direitos sociais, da soberania nacional e das liberdades democráticas.”
A carta aos eleitores é assinada pelo deputado Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara, pelo senador Lindbergh Farias, líder do PT no Senado e pela senadora Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT.
Em rede social, Bolsonaro lamenta
Ao saber do boicote dos dois partidos, Jair Bolsonaro se pronunciou em sua conta no Twitter.
"Soube que PT e PSOL não comparecerão à cerimônia de posse presidencial em repúdio a mim. Lamento!"