Junior não chegou à Gávea craque naquele ano de 1973, mas foi sendo preparado para sê-lo. A começar pelos campeonatos cariocas disputados em que a entrega deste paraibano de João Pessoa era motivo de orgulho para o torcedor rubro-negro. No entanto, orgulho maior para a Nação foi vê-lo em campo, já com cabelos prateados, comandando garotos que tinham idade para serem seus filhos.
Junior comemora o título de 1974 com Zico no chão; abaixo, um lance da final.
“Disputei muitos Cariocas. O de 1974, por exemplo, acabou sendo importante porque eu havia acabado de subir para o profissional, me sagrei campeão e considero aquele campeonato o da afirmação. Mas já no final de carreira, 17 anos depois, em 1991, em uma final contra o Fluminense, pude realizar um sonho não só meu em retorno ao clube de coração, mas também para atender a um pedido do meu filho Rodrigo, que queria me ver com a camisa do Flamengo jogando no Maracanã. Mas a conquista deste título se tornou especial por inúmeros motivos e um deles foi poder comemorar com ele, à época com seis anos, no gramado essa conquista”, revela.
Acima, a equipe Campeã Carioca de 1991 e o Maestro com seus pupilos: Nélio, Marcelinho Carioca, Djalminha, Marquinhos, Paulo Nunes, Júnior Baiano, Rogério e Piá.
Recordistas em partidas pelo Flamengo - 865 jogos - e tendo disputado tantas competições, Junior acha que o Campeonato Carioca tinha uma representatividade muito grande e um apelo popular maior ainda no Rio. “Para quem começou a jogar profissionalmente nos anos de 1960, 70 e 80, o Carioca foi o pontapé inicial na carreira de muitos craques que disputaram a competição. Havia uma grande rivalidade entre os clubes e isso acabou se tornando naquela época um bom motivo para os torcedores rivalizarem uns com os outros”, conta.
Júnior: recordista de jogos pelo Fla (865).
Sobre a pouca importância que alguns clubes dão à competição, Junior acredita que o calendário apertado e o surgimento de novos torneios tenham sido os principais motivos para essa queda no Campeonato Carioca.
“Jogar a competição acabou perdendo a importância por uma série de motivos. É calendário apertado, times mistos utilizados, pouco tempo para preparação e isso acaba afetando o trabalho de muitos treinadores que não têm um tempo apropriado para treinar as equipes e implantar o sistema de jogo ideal. Além disso, as TVs e os patrocinadores acabaram ficando desestimulados em relação ao Carioca por não darem a visibilidade que dava no passado”, destaca.
O Maestro e capitão em ação contra o Botafogo.
Ao falar do Campeonato Carioca da época em que jogava e ao compará-lo com o atual, Junior acredita que as equipes de menor investimento e que são consideradas pequenas perderam muito com essa mudança. Segundo o eterno camisa 5, jogar contra equipes modestas apenas no Maracanã e Nilton Santos acaba beneficiando os grandes e não igualando-os com os pequenos. “Antigamente, você jogava nos campos dos adversários menos expressivos e era uma dificuldade vencê-los. Assim era jogar nos estádios do Bangu, do Campo Grande, do Bonsucesso, do Americano e hoje as partidas se restringem ao Maracanã e Nilton Santos. Ou seja, essas equipes menores perderam a força de jogar em casa e, com isso, a possibilidade de ir mais longe na competição”, diz, resignado.
Junior comemora gol pelo Flamengo: êxtase
Junior acredita que o campeonato vai ser disputado, mas dá sua opinião sobre o favoritismo. “Fica sempre entre os quatro considerados grandes. O Fluminense fez boas contratações e vai brigar pelo bicampeonato. Flamengo, Vasco e Botafogo vêm forte também. Vai ser um bom Carioca e quem ganha é o torcedor!”, crê.