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Para especialista em Direito Internacional, possibilidade de deportação de Bolsonaro nos EUA é real

Congressistas estadunidenses pediram informalmente a expulsão do ex-presidente brasileiro

Por Portal Eu, Rio! em 10/01/2023 às 21:10:58

Foto: Divulgação

Desde o último dia 30/12, o ainda presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou o Brasil rumo ao estado da Flórida, nos Estados Unidos. De lá viu, no último domingo (08), o pior atentado à democracia brasileira, desde a redemocratização do país, em 1985. A repercussão negativa dos ataques terroristas no Brasil, similar aos ataques ao Capitólio nos Estados Unidos, acabaram deixando o ex-presidente brasileiro em uma “saia justa” com o governo estadunidense. Embora não exista nenhuma acusação formal, a opinião pública internacional tem responsabilizado o ex-presidente pelos ataques.

Pelo menos cinco congressistas do Partido Democrata dos Estados Unidos já pediram publicamente a expulsão de Bolsonaro do país. Inclusive, a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, da Flórida, que em seu Twitter declarou: "Quase 2 anos depois do dia em que o Capitólio dos EUA foi atacado por fascistas, vemos movimentos fascistas no exterior tentando fazer o mesmo no Brasil", em referência à invasão do Congresso americano em 6 de janeiro de 2021, por apoiadores do ex-presidente americano Donald Trump. "Os EUA devem parar de conceder refúgio a Bolsonaro na Flórida", acrescentou ela.

Embora ainda não exista legalmente nenhum elemento jurídico para uma deportação ou pedido de extradição, de acordo com Leonardo Leão, advogado, especialista em Direito Internacional e consultor de imigração, depois dos ataques extremistas em Brasília, quase em uma cópia do que houve no Capitólio, a situação de Bolsonaro, um declarado apoiador do também ex-presidente Donald Trump, não é das mais confortáveis.

"Cinco deputados democratas já falaram em extradição ou mesmo de uma expulsão do país. Existem chances de Bolsonaro ter que deixar os EUA sim, uma vez que o ex-presidente tenha seu visto de permanência nos Estados Unidos revogado, obrigando-o a retornar ao Brasil para não ficar na ilegalidade. O que também pode acontecer é uma expulsão dos EUA, caso o governo estadunidense considere que a sua permanência seja inconveniente. Como Bolsonaro entrou no país com visto diplomático, o que não existe mais, ele pode ter o visto revogado e ser obrigado a deixar aquele país", comentou Leão.

O advogado também enfatizou que, em caso de extradição, o processo pode se tornar ainda mais complexo. Segundo Leão, para analisar a viabilidade de um processo de extradição é preciso olhar se ambos os países reconhecem o suposto crime (atentado terrorista em Brasília) de maneira semelhante. “Seria preciso que os EUA reconhecessem e que fosse comprovado um vínculo do ex-presidente com os terroristas que o apoiam e depredaram as sedes dos Poderes em Brasília. É importante lembrar que, no episódio estadunidense, a Justiça americana condenou esses invasores", lembrou.


Especialista em Direito Internacional, Leonardo Leão crê na possibilidade de deportação de Bolsonaro dos EUA. Foto: Divulgação

Para o especialista em Direito Internacional, o fato do ex-presidente ter entrado nos EUA com um visto diplomático, o qual, segundo o próprio o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, poderia não estar mais vigente, já que que deixa de valer quando a pessoa perde o cargo, o que aconteceu com Bolsonaro desde o primeiro dia deste ano, poderia facilitar a sua saída do país.

"Quando alguém entra nos Estados Unidos com um visto 'A', essencialmente um visto diplomático para diplomatas estrangeiros e chefes de Estado, e não está mais envolvido em assuntos oficiais, cabe a este cidadão deixar o país ou pedir uma mudança de tipo de visto, que é a autorização migratória, em um período de 30 dias", afirma Leão.

A Embaixada Americana em Brasília disse que não poderia esclarecer a situação de Bolsonaro porque o visto de qualquer pessoa é considerado uma informação privada e sigilosa. Segundo o especialista em Direito Internacional, a revogação do documento e a subsequente expulsão de seu portador são possibilidades reais.

"Biden nunca foi próximo de Bolsonaro, que é um aliado próximo de seu antecessor, Donald Trump. Os pedidos de correligionários, se ganharem força, podem fazer com que o atual governo dos Estados Unidos convide o ex-presidente a deixar o país", finalizou.



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