Ela é praticamente uma unanimidade entre a população carioca e profissionais de imprensa. Com um histórico de quem passou por quatro problemas sérios de saúde, além da perda precoce de seu marido, o narrador esportivo Maurício Torres, Susana Naspolini, 46 anos, é a pedra no sapato dos políticos do Rio e Grande Rio. Apresentando o quadro "RJ MÓVEL" no RJ1, a catarinense de alma carioca cobra de autoridades resolução de problemas que causam transtornos à população. E no início, o quadro era mais sisudo.
"O quadro já tinha quem fazia. Começou com Wandrey Pereira e Mariana Gross. Entrei pra cobrir férias da Ana. Era o formato mais tradicional. Aí resolvi com Diogenes, meu grande parceiro de empreitada (cinegrafista), a mudar o jeito de fazer o quadro. E acertamos ao fazer desse jeito mais leve. A população já tem um fardo grande e a gente tenta levar leveza. E comigo não tem essa de ser diferente de ninguém. Todos somos iguais. Se alguém mete o pé na lama, meto também. Se a população passa por uma ponte ruim, passo também. Teve muita resistência no começo, mas argumentamos muito e hoje conseguimos levar a mensagem", relata Susana, que afirma que o morador ajuda a pautar o quadro.
"A população sempre me ajuda nas ideias que tenho, de subir em árvore, de andar em ponte. Já teve situação em que alertaram para não fazer para não me colocar em risco e não faço. Atuam como produtores mesmo, quase um editor-chefe. Que me chefe não ouça", diverte-se.
Naspolini acredita que quem consegue fazer o político solucionar os problemas é a própria população.
"Político faz o que pedimos por causa da força da população. Eles insistem mesmo e seria irresponsabilidade do politico em não fazer. São coisas tão pequenas. Nós somos apenas instrumento de liga o pedido do povo ao governante. Nesse caso, ajudamos muito. Jornalista tem essa função social. Aliás, todos deveriam ter essa iniciativa: o jornalista, o médico, o gari. Todos deveriam fazer um pouco mais para ajudar o outro. Enquanto o político não colocar o amor no trabalho, teremos ainda muitas mazelas para resolver", diz.
Reconhecimento até na Zona Sul
Todas as reportagens do RJ Móvel são praticamente direcionadas para bairros das zonas Norte e Oeste, além de áreas pobres das cidades das regiões metropolitanas, como Niteói, São Gonçalo ou Baixada Fluminense. Mas o reconhecimento pelo trabalho é total.
"As pessoas me param nas ruas para comentar sobre matéria. Não se preocupam com roupa, maquiagem, etc. É um grande barato. Uma audiência impressionante e é muito válido. Moradores da Zona Sul se incomodam com os problemas dos demais. Dão apoio. A população da Zona Sul que precisa de ajuda, que é nas comunidades, a gente vai. Mas aqui embaixo raramente tem problemas. Deveria ser assim no Rio todo.
Deputada Susana Naspolini?
Atuando mais que muito vereador, deputado ou prefeito, Susana não pensa em entrar para a política e jamais foi procurada por partidos. Acredita que o RJ Móvel cumpre bem esse papel e que hoje não passa pela cabeça. Pelo menos, por enquanto.
"Muita gente fala para eu me candidatar. Mas não penso nisso. Consigo ajudar dentro da minha profissão, acho que todas as profissões podem ajudar e devem ajudar, olhar ao próximo. Tenho esse instrumento que é o jornalismo, mas política não me seduz. Mas não posso dizer que jamais seria candidata. Nunca sabemos o dia de amanhã".
Leveza sempre
Em se tratar de superação, Susana é uma heroína. Superou quatro problemas graves de saúde, além da perda do marido em 2014. Mas cada vitória é um motivo para levar a vida mais leve.
"Tive linfoma, câncer de mama, tireoide e câncer de mama de novo. Foram momentos muito difíceis na minha vida. Mas a gente percebe meio na marra que ficar deprimida não vai resolver o problema. Esse meu jeito espontâneo, de certa forma, ajuda a limpar a mente e a alma. Ajudar os outros é uma missão do jornalismo e de certa forma me faz ficar sempre mais renovada. É agradecer diariamente o dom da vida e sempre lutar pelo o que você acredita", finalizou a versão jornalística da "Namoradinha do Brasil". No caso, do Rio.